Capítulo 3

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Aviso de utilidade pública: se for fugir, escolha sapatos confortáveis!

Gael percebeu que ainda estava em um bairro distante, no subúrbio, pelo que pode notar das ruelas onde corriam.

- Sei onde estamos, me acompanhe. - Disse a mulher, que corria na frente de Gael mostrando-lhe o caminho - Se seguirmos por aquela ruela, daremos em uma estrada secundária que nos leva ao interior.

Gael a forçou a parar, o que era fácil por compartilharem uma algema.

- Ao interior? Por que vamos ao interior?

- O senhor acha que consegue se esconder nesta cidade? Estamos a pé, seremos facilmente identificados, principalmente presos por essa maldita algema. Precisamos aproveitar a oportunidade de que as estradas ainda não estão bloqueadas, com vários guardas atrás de nós.

- Acha mesmo que os guardas fariam tanto esforço por dois ladrões de um relógio de bolso, que inclusive não ficaram com o item roubado?

- Quer mesmo ver para crer?

Gael bufou alto.

- Você me testa mulher. - Gael respirou fundo. - Não tenho intenção de ser preso, me diga aonde vamos.

- Ainda não sei, mas seguimos pela estrada, por enquanto, até pensarmos em um plano. O que não podemos é ficarmos parados aqui esperando para que nos encontrem.

Retomaram sua corrida até chegarem na estrada, que foi escurecendo à medida que se distanciaram da cidade. Gael parou e olhou para a ladra com um sorriso no rosto.

Katerina o observava curiosa, desde que o homem em sua frente a puxou pelo pulso dentro do clube, ficou impressionada com sua beleza, sua força e postura. Era alto, com cabelos ruivos e olhos azuis claros, rosto quadrado, ele era lindo. Aquele sorriso que ele lhe dava naquele momento a deixava curiosa, havia uma ironia nos olhos, como se quisesse testá-la. E ela não havia percebido, até aquele momento, que queria ser testada, queria que ele sorrisse mais para ela daquela forma, queria conhecê-lo melhor. O estranho era que suas vestes não condizem com sua postura e vocabulário. Ele parecia um abastado, e Kate odiava pessoas abastadas e nobres, e tinha motivos para isso. Esse sentimento duplo precisaria ser melhor analisado mais tarde, pois naquele momento precisava ser testada.

- Porque me olha assim, com esse sorriso no rosto?

- Precisamos nos livrar dessa algema e algo me diz que a senhorita tem experiência com isso.

Kate riu, o maldito tinha razão, tinha bastante experiência de fato. E sabia que aquela algema em questão era bastante resistente e que não seria fácil de abri-la, porém não custava tentar. Tirou um grampo de seu cabelo e olhou para Gael antes de abaixar o olhar para seu pulso e tentar abrir o fecho. Dois minutos se passaram e Kate não conseguiu ser bem-sucedida.

- Como pode ver, minha vasta experiência com algemas, como você supõe e eu não confirmo, se provou inútil.

- Droga, deixe-me tentar.

Após mais três minutos frustrantes, a algema permanecia travada em seus pulsos. Gael olhou em volta e pegou uma pedra, olhou para Kate como se tivesse tido uma ideia brilhante, porém Kate sabia que não iria funcionar, devido sua experiência, como ele havia dito.

Gael pediu para Kate se abaixar e posicionaram os elos em uma pedra para que ele pudesse bater com a outra para tentar abri-los. Mais uma tentativa infeliz, pois a algema permanecia intacta.

- Pelo visto vamos ter que continuar com ela, por enquanto. Procuramos um ferreiro quando for possível, agora precisamos seguir viagem. – Após uma pausa, continuou – Só uma última coisa, visto que sua vasta experiência se mostrou mal sucedida, dessa vez, a minha vasta gama de talentos se mostrará. – disse Gael com ar arrogante e irônico. Precisava encontrar algo para iluminar o caminho, não tinha condições de continuar no escuro. Procurou um galho caído apropriado para uma tocha. Procurando um pedaço de pano que poderia amarrar na ponta da madeira, olhou para Kate, sorrindo:

Uma Ladra Bastarda [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora