Amorzinho, nunca confie em homem nenhum, está bem?
Kate estava sozinha na cela, sentada na beirada da cama, esperando por Gael, ansiosa pelo resultado da conversa e saber se teriam alguma chance de sair dali. Ela sabia de seu histórico e que somente um excepcional advogado, provavelmente dotado de poderes miraculosos, poderia tirá-la da prisão, isso se, de fato, Gael quisesse ajudá-la, e não somente salvar sua pele e ir embora deixando-a para trás. Mas acreditava que após os poucos dias que passaram juntos, as conversas que tiveram, ele teria dificuldade de simplesmente deixá-la apodrecer na prisão. Precisava contar com isso, com seu cavalheirismo, ou então teria que buscar outros métodos menos lícitos de sair daquele lugar, como já havia feito diversas outras vezes. Depois da noite anterior, em que revelou seu passado a Gael, Kate notou que estava permitindo se abrir a alguém, o que era além de um fato inédito considerando os últimos dez anos, mas também estranho. Kate se sentia vulnerável, porém pendia ao sentimento de querer confiar nele, querer conhecer mais dele e quem sabe ter uma amizade de longo prazo. Chegava a ser irônico querer ser amiga de um abastado, mas a vida é de fato uma surpresa a cada dia, e até onde tinha se deixado pensar, não via nada de mal nisso.
Com a cabeça baixa, absorta em pensamentos, massageava a têmpora para amenizar a dor latejante da testa devido ao ferimento da batida, Kate não notou a presença de alguém em sua cela. Inicialmente pensou que era Gael, porém pelas botas que apareceram em seu campo de visão, e pelo odor pungente, Kate percebeu que era o guarda que anteriormente havia aberto a cela.
- Veja o que temos aqui, sozinha. – Disse o guarda, enquanto se sentava na cadeira em frente para onde Kate estava.
Kate levantou a cabeça devagar, para evitar uma pontada de dor, e encarou o guarda. Era um homem corpulento, que mal cabia em seu uniforme, tinha barba por fazer e dava um sorriso que mostrava dentes não cuidados.
- O que temos? Devo presumir que não sou uma pessoa?
- Hum. Vejo que não acordou de bom humor. – Disse dando um sorriso, que fez Kate revirar o precário café da manhã no estômago.
- O que quer, senhor?
- Apenas me divertir um pouco, mas vamos lá, precisa melhorar um pouco esse humor para que possamos aproveitar melhor esse tempo.
Kate se encolheu na cama, não era burra e sabia o que o guarda estava insinuando.
- Não quero nada com o senhor, não sou esse tipo de mulher.
O homem se inclinou para frente e levou a mão às pernas de Kate, subindo-as lentamente enquanto Kate se desvencilhava o quanto podia.
- Ah, toda mulher que vem até aqui é esse tipo de mulher, - disse pegando no rosto dela, e quando tentou desviar, ele forçou seu queixo para olhar para ele – e saiba que como autoridade aqui, deve me respeitar e fazer o que eu mando. Se eu disse que vamos nos divertir, então é diversão o que você vai me dar.
Kate gelou da cabeça aos pés, não era a primeira vez que passava por uma situação assim, ainda que sempre havia conseguido se livrar, mas nunca era agradável, nunca conseguiu controlar o nervosismo e a vontade desesperadora de sumir dali. O guarda se aproximou para roubar um beijo dela, mas Kate cuspiu na cara dele, que riu e se afastou um pouco enquanto limpava o rosto na manga de seu uniforme.
- Vai se fazer de difícil, então? Não deixa de ser uma forma de eu me divertir, é ainda mais desafiador.
Ele a puxou com força e Kate caiu da cama. Ele a colocou de pé e a prensou na parede, apalpando-a. Kate já estava tremendo com o nervosismo e buscava uma saída. Ele rasgou a manga de seu vestido, e para isso, ele cedeu um pouco de espaço, então ela viu a oportunidade e o ajoelhou com toda sua força nas partes do guarda que soltou um gemido e caiu curvado no chão. Kate pegou suas chaves e correu para abrir a porta da cela. Suas mãos tremiam mais do que desejava, porém com certa dificuldade, conseguiu abrir a cela e saiu em disparada para a saída, todavia alguns metros à frente, bateu em uma parede. Ou melhor, em uma parede humana.
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Uma Ladra Bastarda [Completo]
RomanceEla é uma ladra solitária que precisa de alguém em quem confiar Ele é um abastado solitário que precisa de alguém por quem dedicar a vida