Capítulo 11

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Eu, Gael Fitzgerald, recebo a ti, Katerina Abbott, como minha legítima esposa,

Prometo ser fiel,

Amar-te e respeitar-te

Na alegria e na tristeza,

Na saúde e na doença,

Na riqueza e na pobreza,

Por todos os dias da nossa vida

Até que a morte nos separe

Kate e Gael não falaram muito até o dia seguinte, havia muito o que pensar, afinal. Trocaram breves palavras, Gael perguntou se Kate estava nervosa, ela somente respondeu que não, considerando que tudo voltaria ao normal em breve. Ronan apareceu ao final da manhã, se apresentou para Kate e disse que todos os preparativos estavam prontos e que havia conseguido uma autorização para o casamento. Que a cerimônia seria no meio da tarde, e que os dois poderiam se preparar em locais separados até lá, pois o delegado permitiu que Kate usasse a sala de interrogatório, com um guarda à porta. Kate gostou de Ronan, e achou que poderia, assim como com Gael, manter uma amizade, depois que tudo aquilo passasse. Ronan garantiu que o processo de soltura estava em andamento e que teria notícias até o final do dia, mas estava muito positivo, visto que conhecia o delegado há anos, pois haviam estudado juntos e foram amigos no passado. Sabia que o delegado era um homem de bom senso, e que iria considerar toda a situação de forma favorável.

Kate se viu amortecida em seus sentimentos, não quis pensar muito no que viria a seguir, somente queria sair dali o quanto antes, esperar até o fim do dia não seria tanto tempo assim. Não viu mais o guarda que a atacou, o que a fez se sentir aliviada, pois ficou sozinha na sala de interrogatório até ser levada à capela local, acompanha de guardas. Ronan havia mesmo providenciado tudo, pois tinha um vestido branco novo, que lhe serviu bem, assim como alguns arranjos de flores para o cabelo e sapatos novos, tudo muito simples, mas limpo e bonito, melhor que seu vestido rasgado e com manchas de sangue da batida.

Kate chegou à capela e Gael estava parado ao lado do clérigo e Ronan logo abaixo do altar, para sua surpresa haviam algumas pessoas ali, ao que parecia, as notícias corriam rápido pela cidade e curiosos fariam questão de acompanhar o casamento inédito de dois presos. Começando a ficar nervosa, se concentrou no rosto de Gael e atravessou lentamente a nave até se posicionar ao seu lado. A cerimônia foi bastante simples e Kate se sentiu estranha ao dizer votos que não pretendia cumprir, pois logo o casamento seria anulado. Gael colocou um modesto anel em seu anelar e Kate sentiu o peso do metal, fazendo referencias mentais a algema que compartilharam dias antes. Outro metal que seria removido em breve. O clérigo os declarou marido e mulher e Gael se limitou a um beijo casto em Kate, que deu um breve sorriso e foram à saída, onde aguardavam os guardas. Pôde ouvir algumas palmas e vivas de comemoração dos curiosos, pensando no quão real e por amor era aquele casamento, que unia duas pessoas encarceradas.

Com o mesmo silêncio que envolveu os dois na noite anterior, agora os acompanhava à cela, esperando por notícias de Ronan. Era estranho que sempre conversavam, com humor, mas desde a proposta do casamento, o silêncio passou a ser mais confortável.

- Eu sou ou não sou o melhor advogado deste país? Gael, pode ter certeza que vamos conversar sobre um ajuste de honorários!

Ronan chegou à cela animado, enquanto o guarda abria a porta para deixá-lo entrar.

- Devo dar os parabéns aos pombinhos? – Disse Ronan, alheio ao fato que o casamento seria anulado.

Os dois olharam para o advogado sem dar uma palavra.

- Ora! Mas que desânimo! Eu tenho uma excelente notícia! Consegui a liberdade dos dois!

Gael se aproximou de Ronan e deu um abraço caloroso no amigo, Kate também o fez, ainda que um abraço mais discreto.

Uma Ladra Bastarda [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora