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Com a respiração fraca, era dificultoso continuar de pé, resultando em andar pouco curvado a abraçar sua barriga, uma das regiões mais atingidas. Poderia ligar para uma ambulância pelo telefone residencial, se o mesmo não tivesse em pedaços, mas também apenas causaria uma enorme confusão por ser um maldito famoso. Decidiu que iria cuidar de seus ferimentos sozinho, se conduzindo para as escadas, quase tropeçando ao tentar subi-la.
Não sabia por onde começar, pois sempre quem cuidava de si era Hoseok. Ele era o seu médico depois de tudo, ele era quem lhe dava o carinho como uma forma de se desculpar pelo que fez, sempre retornando para aquela pessoa amorosa e sensível, nem parecendo que o fato de seu marido ter ficado naquele estado, era por sua causa.
Todavia estava sendo diferente, onde, dessa vez, se encontrava sozinho, com apenas a sua sombra para lhe abraçar e reconfortar.
Entrou no quarto lentamente, a procurar no mesmo os momentos bons ao lado de Hoseok, vendo em sua cama ambos trocando agrados e palavras cheias de amor, com promessas de uma relação que mostrava ser coberta apenas por sorrisos, não com lágrimas e medo. Fechou os olhos, engolindo toda aquela casca bela, que se quebrasse, revelaria o agora.
Adentrou o banheiro, ascendendo à luz. Caminhou até o espelho, parando diante do mesmo, avistando seu rosto vestido por hematomas, com o sangue seco grudado em sua testa, bochecha e a escorrer de seu nariz, dos dois olhos roxos, lábios cortados e inchados, cabelos destruídos... Uma verdadeira tragédia gravada em seu rosto, e não duvidaria que seu corpo estivesse bem pior.
Entretanto, o que mais chamou a sua atenção, foram os dígitos marcados em seu pescoço. Um registro de que já passou pela morte, a escapando dela por pouco.
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— Ho... Seok… P-Pare... Eu… Eu... Imploro! — Seu pedido saiu mudo, diferente de suas lágrimas que escorriam pela face avermelhada, que faziam questão de gritarem o quão doía.
— TE DEI TUDO DE MIM! — Outro chute. — SEMPRE FIZ TODOS OS SEUS GOSTOS, ENTÃO POR QUE FAZ ISSO COMIGO?! POR QUÊ?! — Um grito esganiçado arranhou a garganta do Kim, como um único som a finalmente ser ouvido.
Hoseok estava fadigado de tanto bater no outro, de o fazer sentir sua dor, que rasgava o peito ao imaginar que sempre fora traído de uma maneira fria por quem tanto ama. Sua bochecha ardia, mas aquilo não passava nem perto da dor que Taehyung estava tendo em ambos os sentidos.
Tudo parecia tão perdido para si, sua mente não conseguia mais raciocinar, como se estivesse perdendo a consciência lentamente.
Não sentiu ao ser virado de frente, seu corpo já se encontrava dormente, totalmente mole. Com os olhos doendo, das lágrimas a sair como gotas que foram exploradas e encontradas dentro de si, fitou o homem a quem possuía um forte sentimento, incapaz de se acabar mesmo após todo aquele sofrimento.
Os olhos sem brilho de Hoseok, lhe causavam medo, pois sabia que aquele não era seu marido, e sim, um demônio a se apossar do corpo do outro, o levando a essa loucura que não parecia ter fim.
Sentiu o peso em sua barriga, logo as mãos trêmulas a caminhar por seus ombros, a qual segurou as mesmas com as suas, sentindo o leve toque a percorrer por seu pescoço, a subir por seu rosto e voltar a descer novamente. Assistia os olhos negros fazer o mesmo caminho, como se analisasse detalhadamente de modo impassível, assustando-se quando estes de repente o fitaram cruelmente ao apertar a região de seu pescoço sem nenhuma hesitação.
Apesar da expressão indiferente, os olhos de Hoseok se enchiam de lágrimas, as deixando cair sobre a face machucada, que entrava em desespero pelo ar começar a lhe fazer falta. Somente desejava acabar com tudo, com toda aquela brincadeira que acreditava que Taehyung estivesse fazendo consigo.
O Kim era seu, e ninguém poderia tirá-lo a não ser o próprio Jung.
Hoseok estava decidido, ignorando friamente o quanto Taehyung arranhava suas mãos na tentativa de se livrar do aperto, das pernas a moverem-se vagarosamente usando a única força que possuía, dos pés a baterem no piso coberto pelo tapete, do quão estava se debatendo para conseguir escapar daquilo.
Lamentavelmente era tudo em vão...
Mesmo pedindo um pouco de piedade através de seus olhos levemente arregalados, escorrendo as últimas lágrimas de dor, já previa o pior e o que sempre teve aflição; de deixar este mundo, principalmente pelas mãos de um amor.
Com a consciência já se esvaindo e o rosto completamente roxo, deixou que as mãos caíssem sobre as coxas de Hoseok, parando todos os movimentos de seu corpo, revirando os olhos por não aguentar mais em manter os mesmos abertos. E quando achou que não tivesse mais volta, sentiu as mãos se desprenderem de seu pescoço, o fazendo trazer todo o ar com tudo, que passou rasgando por dentro.
Hoseok não entendia, mas se viu aterrorizado ao ver o semblante quase sem vida de Taehyung, parando imediatamente com a sua forma de dar um fim naquilo, sentindo seu peito pesar como uma rocha e a cabeça entrar em uma leve turbulência. A respiração agitada, fazia todo o seu corpo tremer e as palpitações a metralhar dentro de si de modo doloroso.
Por um momento se viu completamente confuso, a se perguntar se de fato era aquilo que queria.
Levantou-se desolado, subindo as escadas, deixando para trás um Taehyung inerte, inteiramente abatido pelo o que havia acabado de acontecer. Porém, aliviado por ainda permanecer vivo.
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Os olhos fechados eram para tentar suportar o aperto que seu coração sentia ao lembrar-se da cena horrenda, do quão perto ficou a um passo para cair do penhasco. Grunhiu com uma fisgada de dor na coxa, se apoiando na pia para que não desabasse. Acidentalmente mirou a lixeira, avistando os frascos de remédios jogados na mesma, confirmando consigo mesmo que Hoseok mais uma vez se esqueceu de fazer o pedido antes dos comprimidos acabarem.
Praguejou o marido mentalmente pelo mesmo não se dar ao trabalho de cuidar daquilo devidamente, para que evitasse tal acidente. Mas para si, parecia que o Jung não se importava, consentindo-se a ser dominado pela ira, que era acionada pelo ciúmes doentio que vinha como um extra naquele homem que aparentava ser perfeito.
Com isso, crescia uma aflição dentro de Taehyung, que agora tremia em apenas imaginar ver Hoseok novamente.
Sem se importar com a roupa praticamente rasgada, ligou o chuveiro, permitindo que a água fria caísse sobre si, recebendo uma onda de choque por todo o corpo. Foi escorregando pela parede, até finalmente estar sentado no piso gélido, sentindo relaxar os músculos, tirando a tensão de todo o seu corpo.
Seus pensamentos não afastavam a imagem de Hoseok, que agora se perguntava onde o moreno estaria, o que fez quando saiu e o motivo de o ter abandonado sozinho com a escuridão daquela noite assombrosa.
E apesar de se questionar, Taehyung tinha medo da resposta.
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Otelo | VHOPE
FanfictionA maquiagem bem feita mascaravam os hematomas em minha face, as roupas em excesso ocultavam as marcas e os machucados distribuídos em meu corpo. E o sorriso... Ah, este é bem diplomado para passar a imagem de um homem impecável. Receio por minha par...