Capítulo 3

115 25 171
                                    

Abro os olhos bem devagar, sem querer acreditar na cena à minha volta. Antes que eu caísse no chão, o senhor Caio me segurou. Agora estou nos braços do meu chefe, enquanto ele está totalmente pelado porque estou segurando firmemente a toalha que estava em sua cintura. Seu corpo é quente contra o meu, e sinto a pele dele sob meus dedos. O toque é inesperadamente suave, e um arrepio percorre minha espinha. O cheiro, um aroma amadeirado e intenso, está por toda parte. Sem saber o que fazer, tentando achar um jeito de fugir da situação, levo a toalha até meu rosto e o escondo, o calor do embaraço queimando minhas bochechas. Então, Caio Lafaiete solta uma alta gargalhada, uma risada cheia e contagiante que parece vibrar pelo quarto.

— Será que a senhorita poderia devolver a minha toalha? Não sei se percebeu, mas eu estou meio... sem roupa aqui — ele diz, e com muita sutileza ele destampa meu rosto, me saudando com um lindo sorriso.

Seu sorriso é tão desarmante que por um segundo, me perco nele. Tento me recompor, mas minhas palavras saem antes que eu consiga pensar.

— Não teria como não perceber, o senhor não tem coisas muito discretas aí — aponto para o seu corpo, sem me atrever a descer o olhar. Ele ri novamente, e o som é como música, suave e agradável, algo que me faz sentir um misto de constrangimento e uma estranha satisfação.

Percebo tarde demais que falei novamente o que não devia e tento me esconder com a toalha mais uma vez, mas ele não deixa. Seus olhos, brilhando de divertimento, encontram os meus, e por um momento, fico paralisada pela intensidade do seu olhar.

— Acho que eu realmente fiz uma ótima escolha em lhe contratar, Heaven. Você é a pessoa mais desastrada que já conheci — ele diz com uma voz que é uma combinação de diversão e algo mais profundo, algo que faz meu coração bater mais rápido. — Mas, pelo menos, você mantém as coisas interessantes.

Ele diz isso quase como um sussurro, como se estivesse me contando um segredo. Olho em seus olhos e me vejo refletida neles. Rapidamente, seus olhos caem para os meus lábios, mas foi tão rápido que penso ter sido impressão minha. Quando ele abre a boca como se fosse falar mais alguma coisa, a porta do seu quarto se abre com um grande estrondo.

— Garota, o que você ainda está fazendo aqu... — as palavras morrem nos lábios de Natascha quando ela nos olha nessa posição comprometedora: o senhor Caio completamente sem roupa enquanto eu estou em seus braços, uma mão segurando firmemente minha cintura enquanto a outra segura delicadamente minha nuca.

A realidade da situação cai sobre mim com uma força esmagadora, como uma onda poderosa que me arrasta para longe da costa segura. Minhas mãos tremem incontrolavelmente ao soltarem a toalha, que desliza lentamente até o chão, quase em câmera lenta. Caio, que antes exibia um sorriso divertido, imediatamente fecha a cara. Seu semblante muda drasticamente, a diversão desaparece, e dá lugar a uma expressão de autoridade implacável. Ele me solta após perceber que estou firme e não vou mais cair, e com um passo, se afasta, expondo seu corpo bronzeado e musculoso, com a água ainda escorrendo pelas curvas de seus músculos. Faço uma força sobrenatural para manter meus olhos fixos em seu rosto, lutando contra a tentação de deixar meu olhar deslizar abaixo de sua cintura. Ele apanha rapidamente a toalha que estava no chão e a ajusta ao redor da cintura, seus movimentos rápidos e precisos.

— Eu... eu... — tento explicar, mas não consigo formular nenhuma frase coerente.

— Natascha, pode me dizer o que está acontecendo aqui? Você sabe que após as 18h não quero que ninguém mais entre em meu quarto — sua voz agora é fria e cortante.

— Senhor Lafaiete, eu também estou tentando entender. Eu já havia avisado a Heaven sobre os horários — olho para ela sem conseguir acreditar. Quando foi que essa criatura falou sobre isso? Poucas vezes na minha vida eu consegui segurar a minha língua como nesse momento. Sinto meu rosto queimando e o calor subindo pelo meu pescoço.

HeavenOnde histórias criam vida. Descubra agora