Capítulo 7

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O caminho até a casa do senhor Caio é silencioso, mas não desconfortável. O som baixo de uma música desconhecida toca suavemente no carro. A cada instante, sinto seu olhar desviar para mim, repetidamente. Tento disfarçar, mas o calor que sobe para o meu rosto me denuncia. Cada vez que ele me olha, sinto um formigamento na pele, como se seus olhos tocassem minha pele.

Quando finalmente chegamos à sua casa, um suspiro de alívio escapa de meus lábios. O portão se abre automaticamente e ele guia o carro por uma longa entrada arborizada, iluminada pelas luzes suaves do entardecer.

— Espere um pouco aqui — ele pede enquanto sai do carro, sua voz firme e baixa.

Obedeço, observando-o dar a volta no carro. Ele abre a porta para mim, e antes que eu possa protestar, ele me pega no colo novamente. Meu coração acelera com o contato inesperado.

— Senhor, me coloque no chão, eu posso caminhar — digo, tentando soar firme, mas minha voz falha levemente, traindo minha determinação.

— Não discuta, Heaven — ele responde com uma suavidade que não admite contrariedade. Seu tom é firme, mas há uma gentileza ali que me faz ceder. Sinto-me leve em seus braços, como se eu não pesasse nada. Mesmo através de sua roupa social, posso sentir os músculos tensos que sustentam meu corpo. Seu cheiro, uma mistura do seu perfume amadeirado e algo que é puramente dele, que me envolve. A cada passo, a proximidade do seu corpo faz meu coração bater mais rápido. Tento não me agarrar a ele, mas é tão difícil não ceder à necessidade de me segurar firmemente e recostar minha cabeça em seu ombro.

Ele me carrega com tanta facilidade, como se eu fosse uma pluma. Subimos os degraus da entrada, e ele abre a porta da frente com um movimento hábil, empurrando-a com o pé enquanto me segura firmemente.

Ao entrarmos, a luz suave das pequenas arandelas ilumina o corredor. Cada passo que ele dá, ecoa suavemente. Ele me leva em direção aos quartos de hóspedes, mais precisamente, àquele que fica ao lado do seu. O quarto é aconchegante, decorado com tons claros e suaves, uma diferença notável em relação ao seu próprio quarto.

Ele me deposita na cama com cuidado, e por um breve momento, seu rosto fica tão próximo do meu que posso ver cada detalhe de suas feições. A barba bem aparada e desenhada, seu maxilar marcado, a boca carnuda que parece ser macia e seus olhos azuis que agora estão fixos em mim.

— Como está se sentindo? — ele pergunta, a preocupação evidente em sua voz.

— Melhor, os remédios devem estar fazendo efeito. Obrigada, senhor — respondo, tentando controlar a emoção em minha voz.

— Heaven, você precisa descansar. Se quiser, pode tomar um banho. Vou buscar algo para você vestir.

Assinto e o observo sair do quarto. Assim que a porta se fecha, solto um longo suspiro. A presença dele é inebriante, mesmo quando não está por perto. Sinto-me pequena e protegida em sua presença, e ao mesmo tempo, uma tempestade de emoções se agita dentro de mim.

Levanto-me e vou até o banheiro, decidida a seguir o conselho e tomar um banho relaxante. Quando vejo a banheira gigante, é impossível segurar um sorriso bobo. Nunca tomei banho em uma banheira, e já começo a imaginar o glamour da cena. Ajusto a temperatura da água, que começa a encher, criando uma nuvem de vapor.

— Vamos caprichar nas bolhas — digo enquanto encontro um frasco de sabonete líquido. Só que, ao apertar o frasco, nada acontece.

— Ah, só pode ser brincadeira — dou uma sacudida no frasco e aperto de novo... nada.

— Agora já está virando uma questão de honra — então sacudo com mais força e aperto de novo com toda a minha determinação.

"BAM!" A tampa voa como se tivesse vida própria, atravessando o banheiro e desaparecendo Deus sabe onde, enquanto quase todo o sabonete desaba na água e eu só consigo rir da minha própria desgraça.

HeavenOnde histórias criam vida. Descubra agora