I was six years old ꧂

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Desculpem qualquer erro, acabei de escrever e são 2:08 da manhã. Então, não revisei.

Bjs e boa leitura 💋

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Jughead fechou a porta do quarto de sua irmã suspirando.

Que dia!

Bom, pelo menos ele havia se entendido com Jellybean. E Betty agora estava em seu quarto, esperando-o.

Pensar em Elizabeth deitada em sua cama fazia Milhares de pensamentos promíscuos passarem pela cabeça do garoto, mas que não aconteceriam, visto a situação que Toni havia causado.

E não havia problema, a única coisa que ele realmente se preocupava naquele momento era com que Betty estivesse bem.

Antes de retornar ao quarto o moreno passou na cozinha, pegando uma jarra de água e dois copos. O próprio não sabia exatamente o motivo de estar levando água, mas, caso a loira começasse a chorar assim como chorou quando Toni começou a falar sobre sua família ele ao menos teria algo na qual poderia fazer.

Jughead não era muito bom em consolar pessoas, apenas se esforçava em fazê-lo com Jellybean. Mas Betty também valia seu esforço.

O mesmo respira fundo antes de abrir a porta do quarto. Em pouca vezes na vida ele ficava nervoso com alguma situação, mas dessa, ele realmente não sabia o que esperar.

Ao entrar no quarto, lá estava Elizabeth, sentada na beirada da cama, com uma camisola lilás.

Jughead não pode deixar de reparar nas pernas da loira, mas desviou seu olhar ao perceber que a mesma continuava chorando.

O garoto fecha a porta do quarto, caminhando até o criado-mudo ao lado de sua cama e colocando os copos e a jarra d'água.

— Ei, — o mesmo chama atenção de Betty, enquanto sentava ao seu lado — Não precisa chorar, está tudo bem agora.

— Eu... Eu só não sei como te contar isso.— murmura Betty, com a voz falha.

O mais velho encosta as mãos no ombro de Cooper, sem sabendo se poderia ou não abraçá-la.

— Você não precisa me contar nada.

— Eu quero te contar. — Insiste a loira, enquanto suspira.

Jughead permanece calado, até que depois de um tempo Elizabeth começa a falar, pronunciando as palavras baixinho, saindo quase como um sussurro.

— Tudo que Toni disse realmente é verdade — A menina suspira — Meu pai era um serial Killer, que assim como você já sabe, matou milhares de pessoas,  queimou hospitais e cometeu diversas atrocidades. Eu não sei quando e nem como isso começou, se algo o tornou assim ou se ele simplesmente era louco. Eu não sei, porque desde que eu me entendo por gente  é assim. Sempre foi. — As lágrimas começam a correr pelo rosto de Cooper, apertando o coração de Jughead.

Ele odiava vê-la chorando.

— Então minha mãe começou a beber, acho que como uma forma de conforto. E assim, ela sempre levava algum homem lá para casa, com qual traia meu pai, que devia estar muito ocupado matando alguém. Mas eu preferia assim, todas as noites que meu pai passava em casa eram no mínimo conturbadas... — A loira encarou os pés — Ele me batia, me batia muito. Meu pai, Hal Cooper, um serial killer. O cara cujo eu conhecia mais as palmas da mão se chocando com minha pele do que os abraços. — a menina limpa algumas lágrimas que correm pela sua bochecha. —  Ele morreu quando cometeu um assassinato em massa num avião, onde causou a queda da aeronave e não houveram sobreviventes. Na época Eu era pequena, não tinha noção da dimensão que tudo isso tornava, apenas sabia que meu pai era um homem mau, alguém que eu morria de medo. E isso já basta para destruir a infância de alguém.

A esse ponto todo o rosto de Elizabeth estava inchado e coberto de lágrimas, a garota com a voz falha se esforçava para falar e seus soluços já haviam começado a aparecer. Jughead então se levantou, colocando um pouco de água no copo, enquanto a garota continuava a falar.

— Eu não tive nem tempo de pensar que as coisas poderiam em fim melhorar, porque só pioraram. Minha mãe passou a beber mais ainda e levar mais e mais caras para dentro de casa. Até que ela se envolveu com um em especial, chamado George. Ele engravidou minha mãe, e talvez, finalmente tivéssemos a chance de ser uma família de verdade. Minha irmã nasceu e se passaram dois anos, nos quais não me recordo muito, mas ainda acho que minha mãe traiu George. Lembro-me perfeitamente de um outro homem entrando e saindo de casa, quando o marido dela não estava.

O moreno parecia tão atento na história, mas ao mesmo tempo seu olhar de preocupação era indisfarçável. O mesmo caminha em direção à Betty na intenção de entregá-la um copo de água.

Eu tinha seis anos quando George me estuprou pela primeira vez.

O copo que Jughead segurava cai sobre seus pés, quando o mesmo perde a força ao ouvir essas palavras saindo da boca de Cooper, na mesma hora, em forma de reflexo a loira pula da cama.

— Você está bem? Se cortou?

— Estou bem. — O moreno diz entre os dentes, chutando alguns pedaços de vidro para se localizarem apenas em um canto do quarto. As mãos de Elizabeth tremiam, e ao perceber isso o garoto as segura, sentando na cama com a loira novamente. — Você disse que foi a primeira vez. Quantas vezes foram?

— Não sei. Foram tantas que são incontáveis. Eu nunca ousei abrir a boca. Isso durou por 8 anos. Minha mãe foi descobrir a dois anos atrás. Quando me levou em uma ginecologista e a médica a informou sobre algumas cicatrizes anais e vaginais. E então eu tive que contar. — Betty olha no fundo dos olhos do moreno — Foi por isso Jug, por isso aquele dia que nos agarramos aqui no quarto eu sai correndo. Porque eu ainda consigo sentir as mãos sujas dele me tocando e ouvir as palavras nojentas que ele sussurrava no meu ouvido.

O garoto tinha uma expressão indecifrável, seus pensamentos estavam a mil, ele jamais poderia imaginar uma coisa dessas. Seu corpo estava coberto de raiva e tristeza, talvez sentimentos que fossem além de qualquer explicação por meio de palavras. Ele conseguia sentir suas bochechas queimarem e os olhos marejarem.

— Minha mãe ainda se culpa por isso até hoje — Continuou Betty — Eu à culpo por muitas outras coisas, mas isso não. Isso não é culpa dela. Ele foi preso, porém alguém pagou uma enorme quantia e manipulou o juiz a tira-lo da cadeia, essa pessoa também de alguma forma conseguiu impedir que essa matéria repercutisse, tornando todos os arquivos completamente confidenciais. — Betty esconde o rosto nas mãos — Toni tem razão, eu não estou segura e não posso trazer esse risco para sua família, para você... para Jellybean. Eu nem imagino o que George é capaz de fazer. Sem contar que sua família tem uma grande visibilidade e reputação, se alguém descobre alguma coisa sobre isso seria uma vergonha para vocês. É melhor eu pedir demissão e procurar um novo emprego assim esta...

— Nem pense em terminar essa frase. — Começou Jughead, enquanto tirava as mãos de Cooper de seu próprio rosto e limpava as lágrimas que escorriam pela face da menina — eu não me importo com visibilidade, reputação e muito menos com a Toni. Você está segura, está segura com a gente e nada vai te afetar aqui. E se alguma fonte ousar publicar algo sobre o seu passado, pode ter certeza que eu mesmo ferro a vida do jornalista.

O moreno abraça a loira, que se aconchega em seu peito deixando as suas lágrimas continuarem a cair.

— Sinto muito que você tenha que ter passado por tudo isso, meu amor. Mas agora passaremos por qualquer coisa juntos, passarei tudo aqui, ao seu lado, Betty.

Betty.

Era a primeira vez que ele a chamava assim.

A babá - bugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora