[Brendon]
— Tiny Bden, tá na escuta? — Estremeço de raiva pela milésima vez ao ouvir o apelido ridículo que me deram durante o planejamento do esquema. Era óbvio que eu iria exercer aquela função por eu ter a vantagem de ser de porte menor que os outros caras, mas eles tinham que jogar a humilhação na minha cara. Tiny Bden, faça me o favor — Bden? — Pixel ressoa mais uma vez no meu fone de ouvido, enquanto observo os arredores com atenção.
— Sim, Pixel. O que houve? — Pixel é um garoto de 19 anos que tem dotes na informática que poderia estar numa Harvard da vida fazendo Ciências da Computação mas escolheu estar naquele furgão fedorento cometendo crimes inimagináveis. Não posso julgar, eu já estive na pele dele antes.
— Desliguei todas as câmeras do local. 5 ao todo.
— Você é o meu garoto, Pixel. — escuto uma risada — Já estou autorizado?
— Sim, Bden. Você já pode começar.
Me levanto depressa do banco onde estou sentado e sigo em direção dos fundos da joalheria Jolie's, alvo da minha ação de hoje. Há meses que estamos organizando esse roubo e prometi para mim mesmo que essa seria a minha despedida dos crimes. Estou saturado disso tudo. Afasto por ora os meus planos futuros da cabeça quando chego à escada lateral do prédio de dois andares, subindo pela estrutura enferrujada até chegar ao teto, onde avisto a grande entrada de ar do local, com tubulações que vão até exatamente onde quero chegar. Antes de entrar, tento contato com o furgão que está a alguns metros do prédio.
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— Gente.— Fala Bden.
— Quanto tempo eu tenho?
— No máximo uns 15 minutos até os dois seguranças estarem juntos de novo. — marco em meu relógio de pulso, enquanto me preparo para entrar, com cuidado para não gerar tanto barulho.
Pouso no metal frio e assim que a tubulação se torna horizontal eu começo a engatinhar, com Fangs ao meu ouvido me mostrando a direção que tenho que ir. Fangs já trabalhou como zelador na joalheria, o que nos deu certa vantagem estratégica. Em teoria, por que na prática eu demorei uns 8 minutos para achar a entrada certa por que Fangs se confundiu com o caminho.
Desço devagar, indo de encontro ao chão da grande sala da administração da joalheria. Ali, olho ao redor com uma lanterna, atrás do pequeno cofre da empresa, como me alertaram. Assim que encontro, começo a por meus palpites em prática, faltando 5 minutos para que eu saia daqui. Alguns dias atrás entrei em contato com o administrador local fingindo ser do banco dele, e eu simplesmente não contaria que ele fosse tão burro. após algumas práticas de Engenharia social, consegui arrancar diversas informações dele. Acesso o sistema do cofre com sua data de nascimento: Negado. Data de nascimento da mulher: Negado. Data do casamento: Negado outra vez. Quando começo a me estressar, consigo o acesso com a data de aniversário da empresa.
Abro com cuidado o cofre e por alguns segundos olho admirado para os diamantes que brilham sob a luz da lanterna. Conto rapidamente 30 deles enquanto os coloco dentro da bolsa preta. Fecho o cofre e percebendo que tenho apenas 2 minutos para sair daqui, vou até à porta e a abro devagar. Antes de sair, entro em contato de novo para que me guiem, torcendo para que Fangs não se enrole de novo. Eu preciso dar uns socos nesse retardado. Ando pelos corredores no escuro para que a luz não chame a atenção e assim que chego a uma saída bem nos fundos, escuto barulhos. Eles chegaram.
A porta está trancada e tento arrombar em silêncio de todas as formas possíveis, mantando a calma. Os meninos não me avisaram que essa merda estaria trancada por um cadeado e tento raciocinar enquanto começo a ficar puto da vida. Para minha sorte eu percebo que o cadeado está bem enferrujado, então pego uma haste de aço que encontro solta em uma estrutura de metal e forço o cadeado com toda a força possível. Quando escuto o cadeado voar para longe eu abro a porta depressa, que dá diretamente próximo à escada que usei para subir.
— Eu saí gente.
— Caralho Bden, você conseguiu mesmo.
— Mas era óbvio? O que vocês esperavam de mim? Vocês que quase colocam tudo à perder.
— Esquece isso, Brendon. Estamos indo te buscar ai.
— Não, não. Tem guardas aqui. Onde vocês estão?
— Na 5° Avenida, subindo a esquina aqui em frente ao parque.
Sigo andando como se nada tivesse acontecido, enquanto procuro pelo furgão verde-escuro. Alguns minutos depois, consigo chegar até ele e entro depressa, me ajeitando no banco de trás. Pixel e Fangs se assustam com a minha presença, enquanto murmuro o quanto são retardados. Fangs me passa uma cerveja gelada e eles arregalam os olhos quando mostro os diamantes.
— Caralho... A gente tá rico, Brendon. — Fangs fala, pegando os diamantes na mão.
— E quase dá errado seu babaca. — bato na cabeça dele.
— Aí, caralho! — ele grita comigo, quanto passa a mão onde bati — Eles mudaram a estrutura.
— Eles mudaram a estrutura, durr... — repito, o imitando. Me viro para Sweet Pea, o motorista de fuga — Vamos sair logo daqui, eu quero estar longe quando descobrirem que eu peguei os preciosos. — Ele pisa fundo no acelerador, enquanto meus pensamentos voltam à tona.
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Horas de sono depois estou eu aqui sentado, minha cabeça refletindo naquele monte de diamantes no centro da mesa, aquilo que seria a minha porta de saída dessa vida que ando levando a anos. Assim como venho pensando de um tempo para cá, estou saturado disso tudo. Ando cometendo crimes desde os 16 e entrando para a gangue mais conhecida de Los Angeles, que na minha cabeça de adolescente eu achei o troço mais incrível na época. Porém, tudo que eu desejo agora é viajar para o passado e matar esse poço de testosterona que eu fui, esse babaca do caralho que decepciona à todos ao seu redor.
Por enquanto, esqueço essa parte assim que começam a dividir os diamantes entre os quatro presentes ali. A divisão é feita, com o Cliff Whister, vulgo "nosso chefe" ficando com a maior parte para variar. Preguiçoso do caralho, eu que fiz todo o trabalho pesado. Acabo não me importando com isso, estou rico caralho. Pego a minha parte e caminho até a saída, já planejando a minha liberdade. Tem tanta coisa que eu quero fazer que...
— Onde você pensa que vai, Urie? — Cliff grita, interrompendo meus pensamentos, mas mesmo assim não paro de andar.
— Eu estou partindo dessa, Cliff. Faz tempo que estou avisando isso.
Ele me olha de longe e apenas ri sarcasticamente, me deixando confuso.
— Quem disse que você vai abandonar isso aqui? Você tá me achando com cara de palhaço? Ninguém sai disso aqui, Brendon. Eu pensei que você sabia.
— Eu que disse. — como que eu criei coragem para cutucar a fera? — E eu vou sair sim. — Ele me olha por alguns segundos, reflexivo.
— Você tem razão Urie, — finalmente diz — você vai sair sim daqui. Dentro de um caixão. Atrás dele.
Os caras que estavam comigo a algumas horas atrás se preparam para vir atrás de mim. Eu sabia que ele iria ficar puto com o que eu fosse falar. Mas agora, eu tô muito fodido.
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Partners in Crime [The Uries]
FanfictionA ex-policial de Los Angeles, Sarah Orzechowski leva uma vida completamente monótona e parada no escritório de advocacia em que trabalha, até que se vê obrigada a esconder em sua própria casa Brendon Urie, um membro de gangue que após um roubo milio...