Capítulo 12: Vamos conversar

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[Brendon]

Acordo com barulhos de porta lá em baixo, percebendo que Sarah já não está na cama. É quase 7 e meia e penso que é ela chegando com o pão, provavelmente. Tento me sentar na cama mas meu corpo inteiro dói, sentindo como se um caminhão tivesse passado por cima de mim e voltado, estou literalmente todo quebrado. Anoto um lembrete mental: Não querer juntar dois brutamontes na porrada sendo que quem vai se lascar sou eu. Mesmo isso me trazendo Sarah e possivelmente a melhor foda da minha vida. Eu nunca havia dormido tão bem quanto com ela em anos. Não consigo completar minha linha de raciocínio, sendo interrompido por Sarah gritando meu nome.

— BRENDON URIE VOCÊ É UM HOMEM MORTO! — Sarah chega no quarto aos gritos, só de lingerie. Eu estaria babando pela beleza dessa mulher, se eu não estivesse totalmente assustado. — OLHA O QUE VOCÊ FEZ COMIGO SEU BABACA! COMO QUE EU VOU PARA O ESCRITÓRIO ASSIM?

Preciso por os óculos pra poder entender melhor do que ela está falando e finalmente enxergo uma Sarah com hematomas em absolutamente todos os locais que a minha boca pousou. O pescoço dela, meu Deus, acabo dando risada.

— Ri mais, seu imbecil. Vamos, banheiro, agora.

— O que? — depois dessa frase provavelmente não foi só eu que acordei. Sarah percebe e revira os olhos, zangada.

— Meu Deus, que pervertido. Você vai me ajudar a passar base no que você aprontou.

Ela realmente me fez ir ao banheiro passar base nela. Ela vestiu uma blusa longa azul e então ajudei a cobrir as marcas atrás do pescoço enquanto ela passa o batom. Tenho vontade de tirar ele na hora que a vejo passar, não por ser feio e também não disse com o que.

— Acorda distraído, — ela estrala os dedos na minha frente e logo após se olha no espelho, vendo os locais onde passei a base — até que ficou bom a maquiagem. Agora eu preciso ir e saiba desde já que a gente vai conversar sério quando eu chegar.

— Sobre?

— Você sabe. — Ah, não.

— Sarah... Eu não quero que você entre nessa confusão...

— Eu quero sim. E não se fala mais nisso, a não ser mais tarde quando eu chegar.

E como sempre ela sai pela porta do quarto antes mesmo de falar algo.

[Sarah]

[10:15] loirinha: sarah
[10:15] loirinha: sarah
[10:15] loirinha: SARAH

[10:20] Eu: OI NICOLE

[10:21] loirinha: VOCÊ SUMIU PORRA

[10:21] Eu: então...
[10:21] Eu: a gente se pegou

[10:23] loirinha: MENTIRA
[10:23] loirinha: PUTA QUE PARIU
[10:24] loirinha: AMIGA
[10:24] loirinha: ele mete gostoso????

[10:27] Eu: meu deus que pergunta é essa?
[10:27] Eu: pior que sim... k

[10:28] loirinha: SARAH ORZECHOWSKI

[10:30] Eu: eu tô sem entender ainda o que aconteceu

[10:35] loirinha: você ama ele?

[10:37] Eu: amar? pff

[10:40] loirinha: para de deboche
[10:40] loirinha: você ama ele sim que eu sei
[10:40] loirinha: fala pra ele

[10:45] Eu: nicole... COMO?

[10:47] loirinha: sei lá porra
[10:47] loirinha: manda indireta

Decido ignorar Nicole e tento voltar ao trabalho, mas me estresso por não conseguir me concentrar sabendo que eu estou me sentindo como uma adolescente boba e apaixonada. Tentar negar isso depois do que aconteceu só durou duas horas do meu dia e já doeu para caralho. Não era como se eu estivesse tentando negar isso durante toda a nossa convivência naquela casa. Eu tinha que admitir para mim mesma que estou apaixonada por Urie, aquele babaca ex-membro de gangue extremamente gostoso. Nossa... Que ódio.

Decido que vou esconder isso dele por um tempo, até porque eu nem sei o que ele sente, se ele sente o mesmo que eu. Vou quebrar a cara? Certamente. Definitivamente estou nos tratando como se fossemos um casal adolescente e ignorando o fato de que não somos um casal normal, eu só posso estar com uns parafusos a menos em considerar essa opção. Okay, chega de loucuras e vamos ao trabalho. Abro os meus documentos no PC e ponho o aleatório do Spotify pra tocar.

✦ ✧ ✦

Finalmente chego em casa ao fim da tarde em meio a uma forte chuva, esperando que Brendon ainda estivesse dormindo, mas estranhamente lá está ele, sentado no sofá, intocável e pensativo, como se estivesse me esperando. Ele vira pra mim e vejo uma expressão de raiva se formar no seu rosto.

— Ah... Sarah, você chegou. Venha, vamos conversar.

— Sobre o que? — pergunto, confusa.

— Não era você que queria conversar comigo hoje de manhã? — sinto um certo deboche diferente do usual, me parecendo mais ódio do que ironia — Vamos, me fala por que você quer saber das merdas que eu faço?

— Era pra eu estar perguntando isso. — definitivamente eu não entendo onde ele quer chegar.

— Então pode perguntar Sarah. Mas antes eu só queria saber por que você não me falou sobre isso aqui.

Eu olho em suas mãos e fico totalmente gelada na hora. Ele me mostra o meu antigo crachá da polícia e por um momento me pergunto se na vida passada eu joguei pedra na cruz pra merecer tanto problema.

Partners in Crime [The Uries]Where stories live. Discover now