Quando o caos vira um sussurro longínquo e a paz vai, aos poucos, ficando intrínseca no coração de um povo, os Barões, nobres com um histórico familiar grandioso, são os primeiros a conhecerem a ingenuidade de uma vida soberba.
Seguindo a estrada branca, depois de sair de Encruzilhada Sul, na direção contrária ao sol e a favor do vento, desviando um pouco do oeste consegue-se cheguer a um casarão maltratado pelo tempo e pelas constantes tempestades que assolam aquela região. Entretanto, o povo de Encruzilhada Sul elogia constantemente a beleza da casa. Uma atitude vazia provinda de uma boa intenção;
Na grande casa mora uma família especial para a região circunvizinha, pois o homem de maior autoridade está lá: Uriel Gate, o Grande Caçador da região de Encruzilhada Sul e sua esposa, Maenna Gate e seus dois filhos, Kendrick Gate e Alfred Gate.
Em meados de uma Moonly (festival lunar anual), Alfred estava sentado em sua cama, emburrado e irritado com as incessantes brincadeiras grosseiras de seu irmão e ficava resmungando para si "tomara que ele morra", e ele repetia isso diversas vezes, toda vez que lembrava de um beliscão dolorido ou um peteleco na orelha e, deste modo, Alfred perdia seus preciosos momentos restantes.
Já no quarto ao lado, Kendrick Gate estava deitado, sobre um cobertor espesso e agradável. As pesadas cortinas impediam os raios de luz de invadirem e com a segurança ameaçadora do silêncio, Kendrick se sentia confiante ao ir descendo as mãos por debaixo do cobertor. A palma curiosa passava rapidamente pela barriga flácida de um garoto sem preocupações com um arado e, pouco ademais, sua mão encontrava o alvo tão desejado. Em um movimento obsceno, calmo e gradativo, Kendrick sorria enquanto um calor se iniciava e pontadas agressivas de prazer o cutucavam e isso continuava. A velocidade agora já era visível sobre a coberta e um sentimento liquido parecia irromper do meio de suas pernas colorindo seu manto noturno.
O primogênito dos Gate estava fatigado já antes do almoço, mas por razões totalmente misteriosas. Isso foi a impressão de Alfred que presenciava a cena pela porta entreaberta. Seu plano inicial era surpreender o irmão com um grito e tentar cobrar pela cotovelada de mais cedo e se deparando com esse momento singular acabou desistindo da bricandeira, talvez fosse a melhor escolha para a situação, pensou ele.
Mesmo que o primeiro evento depois de uma briga fora algo ainda indecifrável para Alfred, ele saiu de lado com um sorriso bobo ao ver sua mãe passar e chamar seu irmão.
— Alfred tire logo essa roupa de dormir, querido — mandou Maenna. Um sorriso carinhoso ela mostrava e isso engradecia seu semblante, colorindo as entranhas de Alfred e o dando um impulso voraz de obediência. Ao ouvir sua mãe ele correu ao seu quarto.
O quarto de Alfred era simples, pequeno e aconchegante, uma cama grande no meio feita de madeira branca e um colchão fofo transbordava da borda. Sua lã era extremamente macia, o travesseiro era grande, ainda mais com a pequena estatura de Alfred.
Um baú de madeira branca ficava a frente da cama, aonde Alfred colocava suas roupas e quando pequeno, se escondia brincando com seu irmão. Ao olhar o baú e lembrar das brincadeiras, um sentimento o invadiu e um sorriso ele pode estampar.
Enquanto Alfred lembrava das brincadeiras com seu irmão, seu pai entrava pelo quarto dele sorrateiramente, entretanto, o chão já antigo alertou todos da casa sobre o ato do homem e com rangidos ecoantes assustou o pequeno Alfred. O garoto abruptamente se virou para trás e ao ver Uriel com uma expressão desajeitada e os braços abertos, deu risadas e pulou em seu pai. Uriel aproveitou para fazer cócegas e carinhos no filho. Gargalhadas saudáveis foram admiradas por Maenna e Kendrick que no corredor ao lado podiam ouvir a diversão enquanto desciam as escadas.
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Um Caçador: Humano ou Demônio?!
FantasyEm um continente assolado pelo medo, um povo resistente e fiel luta constantemente para sobreviver. A natureza imbatível mostra garras perversas e conflitantes contra os homens e seus heróis: Os Caçadores. Em paralelo, um mundo único e rico se equil...