Um Caçador: Humano ou Demônio?!

A Ultima Jornada

Passou-se um dia após a conversa de Maenna com os filhos e a reunião de Kaitigan. As pessoas que estavam dentro da academia já realizavam os últimos preparativos para a viagem a capital. 

Só aguardavam o transporte que seria administrado por Avinna Aro que poderia chegar a qualquer momento. Enquanto isso no pequeno quarto de um dos vários da Academia. Mozart, Luna e Yunkay verificavam em última vistoria se não esqueciam nada na bagagem.

Os três tinham três pequenas bolsas para suas roupas. As armas eram carregadas junto ao corpo e não havia muitos motivos para verificar se não estavam esquecendo algo, por que não havia nada para esquecer. Yunkay chamou os três para lá porque ele sentia que a amizade entre eles ficou fria devido aos últimos acontecimentos. Principalmente por Luna ser a alegria amorosa do grupo ter ficado distante depois de Dilo morrer e Rhoan ser considerado um traidor. Mozart ficou distante após receber o sangue do Rei e assim o trio ia ficando desfalcado aos poucos.

Yunkay não desejava isso e sentia que precisava fazer algo para salvar sua família. Ele chegou perto de Mozart, próximo de seu ouvido.

— Ei, fala algo com ela. Vocês sempre foram tão próximos — cochichou Yunkay.

— Dizer o que? Sabe que Luna não gosta de conversar muito quando está triste. Deixe ela pensar por si mesma e vai falar com a gente quando estiver pronta — respondeu friamente Mozart.

— Viu?! Esse é o problema. Se deixarmos alguém que amamos se auto torturar cometeremos um erro. As pessoas não sabem completamente o que querem. Elas ficam confusas. Assim como você está agora. E exatamente por isso que precisamos invadir o espaço pessoal delas. Ainda mais se conhecemos elas a tanto tempo — insistiu Yunkay.

— Não. Desde quando você tem essa lábia toda? — retrucou Mozart.

— Não é lábia. É o que eu acredito.

— Ótimo, mas Yunkay no momento não acredito no mesmo que você.

— Não deixe que essa maldição afaste você das pessoas que ama. Eu ficarei com você até quando tentar me matar, mas Luna? Não sei. Eu não deixaria ela se matar para ficar ao seu lado.

— Mesmo que precisasse obrigá-la?

— As pessoas não sabem completamente o que querem.

Mozart apenas fitou Yunkay e não respondeu nada. Ele apenas não sabia o que responder, mas, com certeza, não falaria com Luna. Era como se o que ele sentisse por ela fosse parte de um sonho mergulhado em águas turvas e barrentas. Esquecido para apodrecer. E o pior que ele não sabia como as coisas chegarem a esse ponto. Mas sabia que agora nem conseguia ficar triste com isso. Não importava mais e isso era tão ruim assim?

Esses pensamentos que ludibriavam Mozart nunca permitiria que ele conversasse com Luna.

— Okay. Beleza!

Yunkay foi até Luna com passos largos até a metade do caminho. Se sentiu invadindo o território pessoal da garota que titubeava e andou lentamente, quase que com cuidado, como se seus passos fossem palavras e o menor erro causaria o afastamento.

— Ei, como vai? — começou Yunkay.

Luna o fitou com olhos fundos de tanto chorar. Olhos pesados de tanto refletir. Olhos sombrios de tanto sentir tristeza. Luna parecia começar a odiar sua vida e aqueles olhos carregavam a dor 

de uma inocente. Yunkay sentiu calafrios e pensou em fugir da conversa. Mas era nesse momento que Luna precisava de um abraço amigo. Um calor que pudesse apoiar ela.

— Nada bem — respondeu ela com a voz rouca.

— Não controlamos as linhas do destino e a tristeza que a colisão dessas linhas criam são só tristeza — disse Yunkay. — Erros e tragédias acontecem e o que sempre vai contar é o que fazer agora que sei que tudo isso aconteceu e pode voltar acontecer. Ficar triste mostra que você sabe sofrer. Por isso, sabe sentir alegria e amar e por sofrer agora sabe que vai sentir alegria de novo. Não desista de procurar um motivo para sorrir Luna. Só queria dizer isso — Yunkay declarou essas palavras e começou a andar em direção a Mozart, mas foi puxado por Luna e caiu sobre os braços da amiga. Um abraço amigo foi ele quem recebeu.