Um Mundo e Uma Festa

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Nunca houve dia mais deleitoso na vida daquelas pequenas crianças. Ao saírem da parte superior da Academia e se dirigem a um banho quente – duas banheiras em salas diferentes, dividindo-os por sexo.

Todos os garotos estavam lá. Seus músculos tensos relaxavam aos poucos e a sujeira ia aliviando a pele a fazendo eles ficarem à vontade e apenas quietos na água, sentados e aproveitando.

— Como foi a prova para vocês? — perguntou Mozart.

— Foi fácil demais, eu e o Gate mais velho ficamos no porão e sequer ouvimos a aproximação do Tessiá. Acha que ele tinha alvos? — respondeu Dilo.

— Não sei. Eu acho que ele seguia a luz da lua, já que não é fácil enxergar no escuro — constata Alfred.

A conversa cessa enquanto todos refletiam sobre isso. Os garotos estavam dispersos dentro da banheira, tentando manter uma distância respeitosa entre si.

— Tessiá me parece burro demais para pensar assim — diz Dilo.

— Obrigado — agradeceu Acsa, que agora lembrava das boas ações que recebera de Yunkay e Alfred. — Vocês foram incríveis!

O vapor da sala cobria o constrangimento do menino.

— Deixa disso. Eu e o Alfred estávamos precisando nos mover. Sabe, a prova mostrava que caçadores tem sorte também. Tessiá só poderia achar algumas duplas, as outras, bom, sortudas.

— O que vocês fizeram? — indaga Mozart.

— Pode falar, menino Alfred.

O pequeno Gate se sentia confiante. Ele estava feliz por ter sido reconhecido e encheu o peito para se glorificar.

— Eu e o Yunkay enfrentamos Tessiá para poder salvar Acsa e as meninas.

— Uau. Eu não faria isso, sério?! — diz Dilo.

— Como foi? Ele era forte ou absurdamente forte? — sussurra Kendrick, saindo de seus devaneios apaixonados e se interessando na conversa.

— Nem era. Achei fraco — debochou Alfred. Todos riram um pouco. — Eu lembro que só conseguimos fazer algo contra ele, porque foi pego de surpresa. O ataque da Tordahs, o chute do Yunkay, depois as machadinhas voa...

— Espera um pouco, machadinhas? — diz Dilo, interrompendo Alfred.

— Uhum. É a arma que eu uso, dois machados pequenos. Depois te mostro! Dilo se escora novamente na base da banheira, sorrindo com a ideia de ver uma arma única.

— Continuando... Tessiá foi pego de surpresa e o tempo da prova estava acabando. Bom, sinto que eu iria desmaiar se continuasse lutando com ele.

— Interessante, sinto o mesmo — disse Yunkay. — Alguém viu o Tessiá na prova, se sentiu tonto perto dele?

— Eu — declarou Acsa.

— Alias, que história é aquela de ele ter matado alguem? — perguntou Mozart. Falando pela primeira vez na roda.

— Ah, vocês provavelmente não vão acreditar, mas o jardim é uma armadilha... — antes de continuar foi interrompido por um pigarre-o de Yunkay.

— Espera, estivemos lá durante o dia e me pareceu sem graça.

— Lembra o que Kanandis diz, de noite as coisas mudam lá — Acsa continuou. — Nosso trio estava escondido dentro do jardim, estávamos de olhos fechados porque ficamos presos lá. Não conseguíamos sair e desviar a atenção das flores. Até que ouvimos o barulho dos passos e o corte, foi quando começamos a correr e eu olhei para trás... Ele — apontou para o garoto com a expressão fechada e um X na testa, sentado sobre a parede da banheira. — Estava sem cabeça.

Um Caçador: Humano ou Demônio?!Onde histórias criam vida. Descubra agora