eu queria muito possuir um antídoto que pudesse me proteger da decepção mundana. desde o momento em que eu acordo, vou pra escola, sou ignorada pelos meus próprios amigos e quando eu volto para casa, o trânsito é letárgico e o clima poderia derreter um chinelo na beira da estrada: eu ainda assim consigo esperar o melhor de qualquer coisa que seja.
o meu otimismo às vezes é forçado mas consequentemente um pouco necessário, graças ao seu efeito anestésico que me prende na realidade que sempre diz que nada é tão ruim quanto parece e que todas as pessoas à minha volta são bonzinhos como personagens fictícios de livros infantis. a decepção pode ser de fato negada mas lidar com o fato de que ela nunca vai deixar de existir me deprime tanto que eu poderia me desmanchar no meio de todas as coisas que eu já quis que acontecessem da maneira mais suave possível.
o isolamento as vezes não funciona porque intrusos ainda assim conhecem as fechaduras das portas da minha casa como quem já esteve aqui; como quem já morou aqui por catorze anos à fio sem nem sair de dentro de casa. a partir desse momento, um clipe de papel só se torna mais um objeto idiota, porque todas as portas já foram arrombadas mesmo e o meu corpo é tido como um prêmio. e na maioria das vezes, ceder não é somente uma opção.
é uma obrigação.
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𝗇𝗈𝗏𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋
Poesia‧⁺◞ ̑̑: 𝖆𝖑𝖑 𝖙𝖍𝖆𝖙 𝖜𝖊 𝖈𝖆𝖓 𝖉𝖔 𝖙𝖔 𝖍𝖊𝖑𝖕 𝖔𝖚𝖗𝖘𝖊𝖑𝖛𝖊𝖘 𝖎𝖘 𝖘𝖙𝖆𝖞 𝖆𝖑𝖎𝖛𝖊 #1 drabble - 27/11