As palavras que eu não queria escutar

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Los Angeles,


10:23 pm


- eu não sou mais uma criança! - grito, sem paciência - por Deus! Chega! Eu não vou admitir que a senhora e nem ninguém maltrate a minha namorada, mãe! Chega! Eu sou um homem! Sei o que é melhor pra mim!

Sinto o meu coração batendo na boca depois de tudo o que ouvir. A minha própria mãe me disse que a minha namorada não é pra mim. Que somos de mundos diferentes. Mundos diferentes?! Que mundo doentio é esse que as pessoas precisam ser iguais?! Por mais que eu ame a mulher que está a minha frente, não vou admitir que ela machuque a pessoa que eu escolhir ficar.

- você não pode falar assim comigo, Bailey May! - ela grita, apontando o dedo na minha cara - ouviu?! Você se esqueceu de tudo o que fizemos por você?! Han? Então foi simplesmente virar um homem que tudo isso mudou?! Han? Eu tenho sim o direito de saber sobre quem vai entrar pra nossa família! Uma família de elite! De classe! Não posso simplesmente deixar você enfiar uma coleguinha de grupo de outro país, e de classe totalmente inferior a nossa! Não posso! Se o seu pai, que praticamente virou um adolescente que só quer saber de viver isso como se fizesse parte, aceita tudo perfeitamente, eu não!  - grita ainda mais - eu não quero uma garota como aquela saindo em capas de revista ao nosso lado! Ela-não-faz-parte-do-nosso-mundo !

Engulo em seco, incrédulo.

A minha própria mãe, acabou mesmo de dizer isso?!

- a senhora tem noção do que está falando?! Mãe! Isso é preconceito! Xenofobia! O que é isso?! - passo a mão no rosto - eu não acredito... Não acredito que a mulher que deveria totalmente me ensinar valores e ir contra tudo isso, esta fazendo o contrário!

- eu não sou obrigada a aceitar tudo, Bailey! Eu tenho que saber o que é melhor pra minha família!

- a Shivani é o meu melhor! - grito - isso não importa?! A minha felicidade não importa desde que o sobrenome May esteja nas alturas?! Não importa desde que a nossa foto apareça na maior revista do país?! A minha felicidade não importa...mãe?

Minha mãe me olha em silêncio.

- meu amor... - sua mão toca em meu rosto - você... Não entende! Tudo o que eu faço é pelo futuro de vocês! Seu e da sua irmã, Maya! Por favor, me dê ouvidos pelo menos uma vez...olhe a Emma! - sorri, eu ergo as sobrancelhas - perceba como ela é totalmente o oposto! Fina, elegante, a família é ótima! Perceba o óbvio, filho...

Dou um passo pra trás e sorrio, ainda mais incrédulo;

- foi ela, não foi? Foi ela que te ligou e com certeza fez um drama sobre o meu namoro! Claro! - mordo o lábio, balançando a cabeça em negação

- ela só me avisou! Coisa que o meu próprio filho não fez! Bailey, você não iria pedir ela em namoro?! Então... Por que você não faz isso?!

- chega! - grito - o dia que eu pensei nisso estava totalmente fora de mim! Porque em sã consciência eu jamais faria isso!

- não fale assim!

- como o meu pai te aguenta?! A senhora é má, preconceituosa, não enxerga nada além do dinheiro e poder!

Sinto o meu rosto queimar, ela me bateu. Volto o meu rosto pra sua direção e toco em minha bochecha;

- pra mim já deu!

Apresso os meus passos até a porta e saio. Corro em direção ao elevador aberto e aperto o térreo. Sinto a minha mão tremer. É como se eu estivesse sem chão. Ouvir tanta coisa da pessoa que mais amo nesse mundo é...horrível. Eu queria que ela me apoiasse. Que me incentivasse. Queria contar o quanto estou feliz ao lado da Shivani. Mas, não foi isso que aconteceu. Me sinto péssimo. Com um na garganta.
  As portas do elevador se abrem e eu imediatamente destravo o meu carro. Entro nele as pressas e começo a dirigir até em casa.

(...)

  Fico parado, imóvel, enquanto ouço passos. A porta se abre e ao me notar, ela sorri.

- gatinho! - Pula em meus braços.

Lhe afasto no mesmo segundo.

Emma me encara sem entender nada. Já eu, sei muito bem o que estou pensando.

- senti a sua falta... - ela volta a se aproximar e acariciar o meu rosto - você não--

- não toca em mim! - seguro a sua mão, a afastando do meu rosto - e muito menos espalhe sobre a minha vida!  - grito

- o que? Gatinho, do que esta falando?!

Sorrio, entrando de vez no seu quarto.

- eu recebi a visita da minha mãe.

- sério?! Ai meu Deus! Eu adoro tanto ela!

Começo a bater palmas. Emma da um passo pra trás;

- uau, que atriz! Chega, Emma! Chega de se meter na minha vida! Só eu sei o que é melhor pra mim! Você me escutou?! - dou um passo até ela - me esquece, Emma! Vive a sua vida e deixa a minha em paz! Por favor...nós não temos mais nada! Você é uma garota linda, incrível...mas, não vamos ter mais nada. Eu gosto muito da Shivani e nada e nem ninguém vai mudar isso!

Olho em seus olhos.

Emma me olha intacta. Seus olhos estão vermelhos e cheio de lágrimas.

- desculpa.

Dou as costas a ela, e no mesmo segundo ouço a porta se fechar com força e o seu grito. Eu não queria agir assim, mas, ela ter feito o que fez passou dos limites.
Paro novamente em frente a outra porta. Dessa vez, com o mesmo sentimento de minutos atrás em relação a minha mãe. Ainda esta me machucando de uma forma surreal. Bato duas vezes, e encosto a minha cabeça na parede, fechando os olhos. Ouço a porta se abrir, e ao olha-la, desmorono;

- ei...- a ouço dizer.

Caio de joelhos no chão, não me proibindo mais de chorar.

- amor...shh... - sou puxado pra dentro dos seus braços - tudo vai ficar bem...

Fecho os meus olhos com força, sentindo as lágrimas escorrerem pelo o rosto;

- eu tô aqui, meu amor. Eu tô aqui.

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