Uncover

London, good to see you again!

•Bailey

Eu não tenho nada a perder.

  O que eu tinha, eu mesmo perdi...e de quebra, acabei com a vida dela como acabei com a minha. Não tem mais no que insistir. Não posso nem tentar. Shivani não vai nem querer mais chegar perto de mim. Perto do cara que a fez perder o filho que esperava. Não sou mais nada pra ela agora. E com certeza tudo o que vivemos não iria pesar na balança.
E eu a entendo. Entendo porque o que eu fiz, não tem perdão. Aliás, o que eu venho fazendo desde que ela entrou na minha vida. Tenho destruído a vida dá Shivani todo esse tempo. Sem intervalos. Não tinha porque ser diferente, certo? Só estou evoluindo pro pior.
   Hoje fazem meses desde que tudo aconteceu e que inclusive, comecei a me perder. Nunca na minha vida eu pensei que estaria desse jeito. Sempre saia pra curtir, pegava várias. Dava festas sem noções. Hoje, estou destruído. Em todos os sentidos. Não tenho vontade de ser o Bailey de antes e mulher, eu só quero uma.

- última chamada vôo 547 para Londres. Última chamada vôo 547 para Londres.

  Me levanto, e coloco a mochila nas costas. Vamos lá de novo pra um novo país. Fiquei dois dias aqui na Argentina e agora estou indo de volta pro meu segundo lar, Londres. Essa é a minha nova vida. Tiro o meu passaporte e o celular do bolso da jaqueta. Coloco o passaporte debaixo do braço e com as mãos livres, abro o celular e retiro o chip, jogando na lixeira a minha frente.

Não quero que ninguém me encontre.

Volto a pegar o passaporte nas mãos, e começo a caminhar até o portão de embarque quando, sinto um aperto no peito. Paro, sem entender nada, e levo minha mão aonde senti. Meu coração começa a bater forte, e eu sinto...vontade de chorar. Meus olhos começam a lacrimejar sem eu perceber e logo, lagrimas caem pelo o meu rosto...

O que tá acontecendo?

Me encosto na parede, e ao fechar meus olhos ouço um choro. Choro de bebê. Volto a abri-los, e percebo minhas mãos tremendo. E em meus labios, um sorriso espontâneo surge;

- o que...ta acontecendo?! - pergunto a mim mesmo. Nunca senti nada assim em minha vida. - bebê?! Por quê ouvi choro de bebê?! - passo a mão no rosto, ainda com um sorriso nos labios - meu Deus! O que foi isso?

Será que...claro! claro que é isso! O que eu fiz com ela, esta me atormentando cada vez mais! Talvez seja castigo. Mas...por que estou sorrindo? Por quê sinto vontade de chorar? Por quê...meu coração esta batendo tão rapido?

- senhor? Vai embarcar? - a moça me esperando no portão me chama a atenção

- vou! - respiro fundo, me desencostando da parede,e indo ate ela - me distrair, desculpa. - limpo as lágrimas, e lhe mostro o cartao de embarque junto ao passaporte - tudo certo?

- sim! Boa viagem! - ela sorri.

- obrigado! - digo rapidamente, e caminho até o portão

Ao entrar no avião, procuro meu lugar, e coloco minha mochila com apenas três peças de roupa em cima. Me sento, e encosto minha cabeca na poltrona. Fecho os meus olhos, no intuito de conseguir dormim, mas...não é isso que eu consigo. Novamente, como uma pertubação, a noite do acidente vem em mente...

xxx

   Acordo com um senhor me  alertando que chegamos. Agradeço, e ainda muito sonolento, me levanto, puxo a mochila de cima, coloco nas costas, e caminho ate a saída.
O ar gelado de Londres me causa um certo impacto. Estava totalmente o oposto na Argentina. Paro alguns segundos antes de descer, e encaro o que me espera mais uma vez...