Não seria o meu mundo sem você nele

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Londres,

9:02pm





   Estavam um de frente para o outro.

   Tanto tempo depois que...parecia até surreal. As respirações estavam aceleradas, e respiravam ao mesmo tempo. Não sabiam o que dizer, os olhares falaram por eles por longos segundos. Os dois se seguram pra não chorar. Shivani apertava com força parte do vestido de tule e o queixo estava começando a tremer, indicando que, mais alguns segundos, e ela iria chorar. Bailey, praticamente nao piscava. Olhou cada detalhe de sua menina em silêncio, e sorrio fraco, ao perceber que ela continua a mesma. Apesar do tempo passado, por fora, ela ainda era a mesma.
   Shivani fechou os olhos, e ficou com eles fechados por alguns segundos. Quando os abriu, e percebeu que de fato ele estava ali, a observando como costumava fazer desde sempre, não segurou mais o choro. O queixo começou a tremer, e o soluço foi ouvido por aqueles que passavam, e olhavam sem entender nada.

- não chora... - Bailey disse, e sentiu uma vontade enorme de abraça-la, beija-la... cuida-la. Nunca suportou ver Shivani chorando. Doia. Dói. A mão que foi levantada para toca-la e puxa-la para sí, voltou a ser abaixada. Tempos se passaram, e apesar de tudo, se ele não esqueceu o que fez, ela muito menos. Então, diferente das outras vezes, agora, ele não podia toca-la, não podia fazer nada do que sentia vontade. Não podia fazer o que o coração implorava ,o que o corpo pedia. - você sabe que... - ele pigarreou, a voz de choro e inaudivel - não suporto te vê chorar.

Shivani  abaixou a cabeça, lágrimas pingavam dos seus olhos, e atingiam o chão. A armadura de ferro que estava carregando todo esse tempo por causa dele, por ironia, o próprio derrubou. Porque por mais palavras que ela dissesse, por mais promessas que ela fizesse, nada iria ser concretizado. Bailey May ,tinha o poder sobre ela. O poder absoluto.

- Shiv, por favor... - ele disse, se segurando pra nao fazer o que mais ansiava - por favor!

- por que você fez isso? - ela perguntou, a voz doce e infantil, que ele tanto amava ouvir, mas, não nessa situação - p-por...por que foi embora? - voltou a encara-lo - mais de um ano, Bailey. Mais de um ano! - rangeu os dentes.

- eu não... - e então, em câmera lenta, como em todos os seus pesadelos diários, a cena de mais de um ano atrás, voltou a sua mente. - depois do que eu fiz pra você...pro seu filho, não tinha como continuar perto de você, Shiv. Eu sou uma bomba!

- você levou um tiro? - Shivani perguntou, e ele apenas confirmou em silêncio. - por que não nos contou? - gritou - você...você poderia ter morrido! E... nós nem sequer iríamos saber!

- fica calma!

- calma?calma, Bailey??! Você tá me pedindo calma? E se você morresse? Meu Deus! Eu...

- eu não morri, Shivani. Poderia, mas não morri. Quando acordei, e percebi que estava vivo, quis fazer tudo diferente. Mudei de nome, m...

- mudar seu nome não muda quem você é!

- é um bom começo. Uma chance de fazer diferente. Talvez...apesar de tudo, me tornar uma pessoa que alguém possa amar. Alguém que eu não machuque. Não destrua a vida.

O silêncio surgiu.

Dentro de cada um começou uma guerra.

Shivani negava com a cabeça tudo o que ouvia.

Uma pessoa que alguém possa amar?

Ele está dizendo isso pra ela?

Justo pra ela? Que...que sempre o amou?

- alguém te amou. - ela disse, olhando fundo em seus olhos castanhos. Bailey  sentiu uma pontada no peito. Amou.

- eu machuquei a pessoa que mais amo nesse mundo!

Shivani tentou se manter forte. Apertando o tule do vestido vermelho, respirou fundo, e disse o que precisava dizer, pra ele então, saber que, não tinha mais controle sobre a mulher que se tornou;

- eu não te amo mais. - respirou fundo, sentindo a garganta dá um nó devagar. - E precisa muito mais do que você pra machucar a Shivani Paliwal que sou hoje. - ponderou -você deve explicações pra aqueles que não tem culpa do que aconteceu. Deveria voltar pelo menos pra isso. Pra dá uma resposta pros seus pais e...pra todos que deixou pra trás. E nao fugir, que é o que está fazendo.

A armadura foi erguida novamente.

Bailey balançou a cabeça, e engoliu em seco. Ela não o amava mais. Ouvir isso dá boca dela, doeu um milhão de vezes mais do que o tiro que levou.

- por que está me cobrando sobre a minha ausência? Por quê quer que eu volte? - perguntou, tentando enxugar as lágrimas que caiam sem parar de seus olhos.

Shivani não respondeu.

Ele continuou;

- seu mundo seria mais fácil se eu não voltasse. - sussurou.

Shivani suspirou.

- é verdade. - concordou, os olhos voltando a lacrimejar - Mas não seria o meu mundo sem você nele.

Shivani enxugou a única lágrima que caia do olho direito, e deu as costas, saindo de perto, daquele que por mais que ela queira se enganar, continua tendo sua vida na palma dá mão. O homem que além de tudo, também é o pai de seu filho.

Bailey viu ela se afastar, sem se mover. Estava sem reação. Não sabia o que fazer. Não sabia o que falar...

Ela estava perto dele.

A vida dele voltou por alguns minutos.

A paz dele voltou por alguns minutos.

E o que ele sentia só por ter a Shivani perto dele de novo, mesmo que tenha sido por poucos minutos, mesmo por tudo que ela disse, era indescritível.

- desculpa a demora amor. - Lilith chegou, e ele nem sequer se importou. - para o que está olhando?

Bailey suspirou, e um sorriso fraco surgiu em seus lábios...

- mudança de planos. - ele disse - vamos pra Los Angeles.

"Mas não seria o meu mundo sem você nele. "

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