Uncover

Ei, você.

·Bailey

17 dias depois.

Londres

   Sabe quando você se sente sem vontade nenhuma? Sem vontade de levantar dá cama, sem vontade de comer, sem vontade de viver... Esse sou eu depois que tudo aconteceu. Eu não achava que as coisas podiam ficar piores, mas, ficaram. Parece que eu estou caindo em um poço sem fundo.

  Todos os dias parece que eu sofro mais e mais. Não tenho vontade de fazer mais nada. E se eu morrer hoje, vai ser lucro. De fato, eu não tenho nada a perder. Nada.
Não sei explicar como me sinto. Mas é como se fosse uma dor aguda no peito, mesmo não sendo no sentido literal, é essa a dor que eu sinto. Nunca fui um cara de chorar. Mas desde que as coisas aconteceram com a Shivani - as boas e as más- eu tenho chorado muito. Mas eu gostava mais de quando eu chorava antes. Quando eu chorava ao olha-la, quando eu chorava pelo o que viviamos. Pela perfeição que estava a minha vida. Mas agora, eu só sei chorar de dor. Dor pelo o que eu fiz, dor pelo o quE eu perdi. Aliás, a dor de ter perdido a Shivani é uma dor imensurável.
   Eu a amo tanto que dói. Ela é tão perfeita! Não sei como demorei tanto pra enxergar a mulher que ela é. Como demorei tanto, pra faze-la minha. Hoje eu não sei mais como eu conseguia viver sem o seu beijo. Como conseguia viver sem o seu cheiro, seu toque...eu procurava a mulher que eu sempre tive debaixo do meu próprio nariz. Por que fui fazer tudo errado? Por que eu a magooei tanto? Por que eu destruir, quem sempre esteve ao meu lado? Quem sempre me deu amor? Quem sempre lutou por mim?

Nem eu mesmo me perdoaria.

Fecho o chuveiro, enrolo a toalha na cintura e caminho em direção ao espelho, encarando o reflexo do que sou hoje;

Mais magro e de barba.

-você merece tudo isso, Bailey May... - digo, sentindo um nó na garganta.

Dou as costas, voltando pro quarto do hotel que continuo hospedado aqui em Londres. Não sai daqui nesses meses. Apenas quando foi necessário. Como nas vezes que precisei comer ou comprar algo na rua.
Me seco, vestindo a mesma roupa que eu estava, e me sento na cama, calçando meu tênis. Estico meu braço pra pegar minha mochila, e a coloco em cima da cama. Abro o menor bolso que fica na parte da frente e retiro o único dinheiro que sobrou dá quantidade que eu trouxe...

- quinhentos dólares... - bufo, irritado.

Eu preciso de mais dinheiro. Preciso porque pretendo ir pra outro país no máximo até semana que vem. Mas tem um porém, só posso conseguir esse dinheiro, voltando pro Estados Unidos. Não posso mesmo recorrer aos meus pais. Preocupação é tudo que eu não preciso. Sou um homem agora. Respondo por mim em todos os sentidos.

- porra! Por que não pensei nisso?? - digo irritado

Não queria voltar pra lá! Não queria voltar pra onde eu destruir a garota que eu amo!

- porra... - fecho meus olhos, jogando a cabeça pra trás

Sem mais pensar em nada, coloco meus quinhentos dólares no bolso da calça, e pego meu passaporte, também colocando no bolso. Me levanto, e volto pro banheiro. Paro novamente em frente ao espelho, e pego o aparelho de barbear. Começo a fazer a minha barba,depois de algumas semanas sem fazer. Voltando pro quarto, pego a minha mochila e saio. Desço as escadas correndo, dando de cara com Lilith;

- você está vivo! - ela diz - poxa... Quase pensei em chamar a polícia! Dessa vez você ficou tempo recorde no quarto!

- não tive vontade de sair...