Nos seus braços

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SHIVANI



   Eu me sinto estranha de um jeito que não consigo explicar. Claro que o Bailey tem o total direito sobre o nosso filho e eu seria a pior das egoistas se negasse isso. Eu não poderia. Mesmo diante de tudo o que ele me fez o nosso filho não tem culpa de nada e...ele é o pai. Decidi fechar os meus olhos pra isso e encarar a realidade. Dele o meu filho não pode ficar longe mas eu sim e vou.

- me desculpa, ta legal? - Sina me abraça. - eu senti que tinha que fazer isso...me desculpa.

- ta tudo bem, Si. Isso uma hora ou outra teria que acontecer. - me afasto, dando de ombros e enxugando as minhas últimas lágrimas - fica com o Ben rapidinho, por favor ? Preciso ir a um lugar!

- claro! Pra onde você vai?

- tentar respirar...

Assinto, pego a minha bolsa e saio as pressas. Corro até o elevador e já no térreo consigo alcançar um taxi. Passo o endereço e não demora pra chegarmos. Pago ao taxista e corro pra entrada do prédio ja caindo em prantos novamente. Não consigo explicar o que estou sentindo. Só sei que...eu preciso disso.
   Subo as escadas correndo e bato na porta com urgencia. Ao abri-la e me olhar, a única reação dele é a de abrir os braços e eu, como necessitada, pulo dentro deles e desabo. Choro tanto que me falta o ar.

- shh...eu to aqui. Fica calma, ta? - sua voz me acalenta e suas mãos acariciam os meus braços. Noah me aperta ainda mais dentro de seus braços e me puxa devagar pra dentro. De olhos fechados posso ouvir apenas a porta se fechando - vem...vem cá... - nos sentamos no sofá e ele me abraça ainda mais. Eu simplesmente não consigo parar de chorar e muito menos controlar os soluços que saem de minha garganta. - hey, Shiv...respira...o que aconteceu?

Me afasto e finalmente lhe encaro;

- eu não quero falar, tudo bem? P-por favor? - suplico, voltando a desabar - você me acha uma má pessoa?

Noah faz uma careta e nega.

- que? Óbvio que não...pelo contrario! Você...você é incrivel, Shiv. Surreal.

Franzo o cenho.

- surreal? - repito e ele apenas afirma com a cabeça. - e...o que é surreal pra você em...em mim?

Noah suspira.

- eu não sei explicar. Você...eu...eu simplesmente não sei lidar com você. Você me ganha e isso me assusta. Você me faz sentir coisas que eu nem sequer sentir nessa vida. Me falta ar quando estou perto de você. Eu fico agitado e...irritado! Se você me viu surtando com você durante esses dias foi por justamente isso! Eu-não-sei-lidar-com-o que-eu-sinto. E por isso muitas vezes me afasto, tento ficar longe, te ignorar! Isso tudo é porque você causa um furacao dentro de mim! Um furacao que eu não sei controlar!

Me surpreendo com cada palavra dita. Noah se levanta e começa a respirar pesadamente, passando a mão no rosto e depois abaixando a cabeca. Sinto o meu coração bater na boca e minhas mãos tremerem.

O que foi tudo isso?

Tento mover meus labios pra tentar dizer algo mas simplesmente não consigo. Meu coração volta a bater ainda mais rápido.

- Noah...- tento dizer, minha voz sai baixa - o que...o que você quer dizer com tudo isso...? E-eu...eu te faço mal? - sinto o meu peito apertar.

Noah passa a mão no cabelo os colocando pra trás e me olha nos olhos.  Seus lábios estão contraídos e...suas pupilas dilatas. Fico de pé e me aproximo dele em passos lentos;

- eu te faço mal? - repito. - por favor me diz porque...porque...

- não. - diz, dando um passo pra perto de mim.

Noah e eu ficamos um de frente pro outro. Tão proximos que...consigo sentir sua respiração quente batendo de encontro ao meu rosto. Seus olhos claros estão brilhantes devido a luz da lua que entra pela janela. No mesmo segundo sentimos um vento nos atingir, fazendo a cortina e os nossos cabelos baguncarem. Continuamos intactos um de frente ao outro. E eu, pela primeira vez, não tenho palavras ou frases prontas. Tampouco consigo controlar as batidas do meu coração nesse momento.

O que está acontecendo?

- Noah...- eu digo como um suspiro.

- você não entende. - ele sussura.

- eu quero entender.

- eu não sei se quero dizer.

- por que? Do que você tem medo? - pergunto, baixo.

- de nada mais ser igual e de me fazer mal mais do que ja faz.

Engulo em seco, voltando a sentir o meu peito apertar;

- então...eu realmente te faço mal...? - pergunto, sentindo o meu queixo tremer e as lagrimas dem controle algum cairem.

- não você. A situação e o fato de não saber aceitar o que eu sinto. O problema não é você! Sou eu. Sempre foi.

- não fala assim, por favor! - levanto a minha mão de forma impulsiva e toco em seu rosto. Noah fecha os olhos e suspira. - você não tem noção do quão surreal você é. Noah, olha pra mim?

E ele assim faz. Seus olhos voltam a encarar os meus e eu sorrio fraco, acariciando a sua bochecha;

- você é muito, muito importante pra mim, Urrea... - sussuro.

Dou o único passo que nos separava e ficamos apenas um milímetro de distancia. O vento forte volta a nos atingir e eu fico na ponta dos pés. Noah olha nos meus olhos e é como se atingisse a minha alma. Não sei explicar como estou me sentindo nesse momento só sei que...preciso fazer uma coisa.
   Aproximo meu rosto do seu lentamente e sem pensar duas vezes, o beijo.

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⏰ Última atualização: Jul 04, 2020 ⏰

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