Merry Christmas, Shivani! - part 1

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Los Angeles,
6:00 PM.

  É estranho voltar pra um lugar que você não imaginou estar tão cedo. A verdade é que eu não queria voltar. Fiz planos para estar com a minha família no natal e comemorando a virada do novo ano. Mas não foi isso que aconteceu. Hoje é vespera de natal e eu passei ela praticamente toda dentro de um avião. Dói, mas sei que não aconteceu por minha culpa.
  Abro a porta da casa sede do NU, encontrando-a vazia. Está um silêncio absurdo e eu estanho muito porque diariamente a realidade é outra. Fecho a porta atrás de mim e caminho até a escada. Puxo a minha mala pra cima com toda força que tenho e já no corredor, caminho rápido até o meu quarto.

Obviamente tudo está igual.

Jogo a mala no chão e caio pra trás na cama. Posso ouvir os vizinhos comemorando e rio por isso.

- somos eu e você, bebê. - sussurro, acariciando a barriga.

Decido agir. É, eu não posso me acomodar com a tristeza!

Tiro o tênis, prendo o cabelo em um rabo de cavalo e saio do quarto em direção a cozinha. Ao chegar, saio abrindo todos os armários e geladeira. Sorrio vitoriosa ao encontrar muita coisa gostosa e semi pronta. Procuro uma toalha de mesa vermelha e forro;

- lasanha! - comemoro - bebê, hoje a festa é toda nossa! - rodopio, fazendo o vestido que uso rodar.

(...)

  Eu sempre amei os fogos de artifício, apesar da minha mãe sempre dizer que eu caia no choro ao ouvi-los. Eu acho tão mágico. Tão lindo. E a imagem a minha frente só comprova isso.
  Estou sentada na janela, observando os fogos estourarem lá fora. Por ironia, estou entre o silêncio da casa e o barulho da rua. Um fogo azul explode no céu e sem motivo algum, me arrepio. Sei que os meus olhos estão brilhando por tamanha beleza e verdade.

Talvez o que aconteceu não tenha sido tão ruim assim.

E eu também não estou mais sozinha.

Não estarei nunca mais.

Volto a acariciar a minha barriga notando o quanto ela cresceu desde o dia que eu descobri. Não está grande mas, já da pra perceber que tem algo dentro de mim.
  Os fogos param e no mesmo segundo eu ouço o alarme da casa soar. Me assusto e desco da janela rapidamente. Corro pro corredor e de cima, percebo Emma entrando e atrás dela...Bailey.

Meu coração começa a bater na boca.

Então... Esse tempo todo ele estava com ela? Foi pros braços dela que ele correu?

Uau, Bailey May, você não deixa mesmo de ser o cachorrinho da Emma.

Eu não acredito mesmo no que estou vendo. Sinto raiva. Dor.

Mas ao mesmo tempo...não consigo controlar as batidas do meu coração.

Ele continua me tirando o ar.

E eu o odeio por isso! Por ter tanto controle sobre mim depois de tudo o que aconteceu!

Dou um passo pra trás ao perceber eles subindo as escadas;

- droga!

Corro pra dentro do quarto e fecho a porta.

- eu não vou demorar, prometo! - ouço Emma, e logo o barulho do seu salto no piso. Com certeza ela foi em direção ao quarto dela. - você não vem...?

Sinto o meu estômago embrulhar.

- vou ficar aqui. - ouço ele pela primeira vez.

Fecho os meus olhos.

Ele esta na minha frente e a porta é a única coisa que nos separa...

A maçaneta gira e eu me surpreendo.

Meu Deus.

Bailey começa a abrir a minha porta devagar. Tento me esconder mas não tenho pra onde ir. Percebo que o meu celular assim como um pacote de salgadinhos está em cima da minha cama.

Droga!

Mil vezes droga!

A porta é aberta ainda mais e ele entra. Nossos olhos se encontram no mesmo momento.

Não digo nada.

Nenhuma palavra sai de minha garganta.

- Shiv...? - ele diz, extremamente baixo

- gatinho, encontrei, vem... - ouço Emma e logo ela também entra no quarto. Ao me perceber, ela se surpreende. Seus olhos me analisam de cima a baixo mas logo sua atenção se volta pra Bailey - vamos! - ela diz, com o tom de voz bem alterado.

Bailey continua me olhando e eu odeio como estou me sentindo.

Ar.

Eu preciso respirar.

- você ta bem...? - ele pergunta, e eu me limito a apenas balançar a cabeça - por que...por que você ta aqui sozinha? Amanhã é natal...

Rio.

- não é da sua conta. - pondero - o que? O espírito natalino te tocou e ta te fazendo esquecer tudo o que você me fez?

Ouço Emma ri alto.

Eu e Bailey continuamos nos encarando.

- vem, Bailey! - ela volta a gritar

- vai, Bailey! - grito também

Bailey respira fundo.

Seus olhos minuciosamente passeiam por mim

Fecho a jaqueta que visto no intuito de esconder a minha barriga e levanto o queixo...

- vai! - volto a dizer.

Ele assente.

- feliz natal, Shiv...-  diz.

Emma sai arrastando ele e eu imediatamente fecho a porta com força.

Tento controlar a minha respiração mas não consigo.

Droga.

-droga! Droga! Droga! - começo a bater na porta com força. - feliz natal, Shivani!

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