Freddie quem? 4

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Depois de três meses de silêncio, estávamos dispostos a começar com a nossa relação. Creio que para ele eu era uma espécie de desafio: ele era uma das maiores estrelas mundiais e eu não parecia nem um pouco impressionado com isso.

Passamos aquela noite juntos. Fui embora a tarde, mas antes levaram Freddie ao aeroporto de Heathrow para pegar seu voo de volta para Munique. Minha vida seguia em Londres, inalterada.

Me dirigi até Kensington High Street para esperar um ônibus que me levaria até Victoria. Caminhava com a cabeça baixa, olhando para o chão como de costume. Mas não foi porque me sentia triste ou fracassado. Pelo contrário.

O carro de Freddie passou como uma bala, mas não o avisei. Ele me disse mais tarde me que havia me visto e que eu parecia deprimido e isso o deixou inquieto. Havia dito para Joe e ao seu motorista:

- Lá vai meu homem, não parece deprimido?

Eu não estava deprimido, eu estava sendo eu mesmo, nada demais. Ainda sim Freddie disse que havia sentido uma necessidade de dar meia volta e me animar.

No dia seguinte eu estava voltando para o trabalho de Savoy e minha vida seguiu como antes, sem nenhuma mudança. Então, na sexta-feira eu recebi uma ligação na barbearia de alguem do "Escritório do Queen", dizendo que Freddie esperava que eu fosse a Alemanha naquela noite para ficar com ele.

Mandaram seu motorista para me pegar em Savoy depois do trabalho para me levar a Heathrow. Me deu um ataque de pânico. Eu estava sem nenhum centavo.

-Perdão - disse com um tom de desculpas ao estranho - Não tenho como pagar. Não posso arcar com gastos como esse.

- Não precisa se preocupar - ele respondeu - sua passagem ja esta paga.

Naquela noite, depois de fechar a barbearia de Savoy, o motorista de Freddie me deu uma passagem aérea de Lufthansa e logo eu estava voando até Munique.

O voo foi bastante especial. Era a primeira vez que eu viajava de primeira classe e tive um compartimento só para mim, com quatro atendentes para cumprir cada capricho que me ocorresse. Meus sentimentos sobre o fim de semana foram bastante mistos.

Embora eu tenha ficado muito feliz porque ele havia me comprado uma passagem, me sentia um pouco chateado com Freddie, porque sempre gostei de pagar minhas coisas e nunca me senti na obrigação de nada com ninguém.

Pela primeira vez não pude me dar ao luxo de ser independente. Era um cabeleireiro que ganhava 70 libras por semana. Quando o avião chegou ao aeroporto de Munique, Freddie estava me esperando, com Joe e Barbara Valentin, uma atriz alemã que na época havia sido a resposta da Alemanha a Brigitte Bardot e agora era uma heroína devido ao seu trabalho com o diretor alemão de moda chamado Rainer Werner Fassbinder.

Freddie me agarrou e me abraçou. Um afeto que me envergonhou terrivelmente. Naquele dia os jornais escandalosos britanicos perderam uma foto fabulosa para colocar na primeira capa, mas para Freddie não importava que vissem ele me rodeando com seus braços. Ele sentiu que as pessoas da Alemanha era mais tolerantes e certamente ninguém no aeroporto piscou.

Fizemos uma viagem de meia hora do aeroporto até o apartamento de Freddie. Assim que chegamos, ele pulou em cima de mim. Ele dificilmente me deu tempo para soltar minha bolsa que eu havia levado para passar a noite antes de fazermos amor por umas meia hora. Eu tive que aprender que ele era muito impulsivo em relação ao sexo que, felizmente, nós dois gostávamos muito.

Quando o invadia a vontade de fazer sexo, nada o detia: ele queria de imediato. Ele era um homem muito sexy e creio que em parte cai apaixonado, para minha surpresa, de seu corpo surpreendemente magro. Ele tinha uma cintura de apenas vinte e oito polegadas. O sexo que tivemos foi luxuoso mas muito suave: nada muito acrobático. Freddie poderia ser ativo ou passivo, mas tendia a ser o último ao longo da nossa relação, dependia da época do mês.

Creio que Freddie pensou nisso como fazer amor naqueles primeiros dias, mas não creio que ele continuou pensando assim depois de um tempo. No momento era apenas sexo intenso. Quando saímos do quarto, Freddie me mostrou o resto do apartamento. Tinha dois quartos e ficava no terceiro andar de um prédio de quatro andares. Era iluminado, amplo e escasso, mas elegantemente mobiliado.

A mesa de jantar brilhava. Pronta para se sentar e comer. Não se passou muito tempo até que chegassem os convidados de Freddie, sobretudo amigos alemães que falavam inglês. Depois de comer nos fomos aos bares gays do bairro bohemio de Munique "O triângulo das bermudas". E por último terminamos em um clube maravilhoso, o "New York New York".

Freddie era a estrela regular do clube e um canto era reservado exclusividade para ele e seu círculo íntimo, a quem se referia carinhosamente como "A família".
Freddie havia outra vez voltado para a cocaína e em New York New York havia recuperado o encorajamento.

Assim que eu bebi algumas bebidas e me senti um pouco mais alegre, eu o puxei e fomos implacavelmente até a pista de dança. Naquela noite Freddie fez uma grande barulho e me apresentou com ostentação para seus amigos. Fiquei surpreso ao descobrir que engoli tudo. Haviam aberto às portas de um mundo completamente novo para mim.

Apesar de dormir tarde, acordei cedo na manhã de sábado e deixei Freddie dormindo. Fui até a cozinha, preparei uma xícara de café e olhei la fora pela janela do quarto. Finalmente o apartamento começou a se agitar. Freddie se levantou no meio da manhã e Joe de levantou para comprar algumas coisas. Pela primeira vez naquela viagem, eu e Freddie estávamos juntos a sós. Nos nos aconchegamos no sofá falando sobre o que nos vinha a mente. Antes que nos dessemos conta, o dia havia passado. Depois de comermos saímos para ir aos pubs e aos clubes.

Descobri que estava sendo conhecido como o homem misterioso que estava nos braços de Freddie Mercury. A maior parte da sociedade gay em Munique se perguntava quem diabos era eu. Freddie só me apresentava como "Meu novo homem". Nos rimos e dançamos durante toda noite até que voltamos a cair na cama.

No dia seguinte, domingo, tive que voltar para Londres na parte da tarde. Me angustiou muito dizer adeus para Freddie. Enquanto um amigo me levava ao aeroporto, comecei a me preparar para voltar a minha vida tranquila e modesta em Sutton e para entrar ma rotina diária na barbearia de Savoy. Fiquei emocionado pelo fim de semana com o Freddie, mas não me atrevia a dizer nada a ninguém sobre onde eu havia estado. Me limitei a seguir com os cortes de cabelo que me esperavam, feliz por dentro por ter encontrado Freddie.

Escrevi para agradece-lo pelo maravilhoso final de semana e inclui uma foto de um grande gato chamado Spock da cor gengibre que eu costumava ter. Fiquei surpreso quando Freddie me ligou no meio da semana.

No fim de semana seguinte, estava outra vez em Londres. No sábado a noite voltei a ir até Market Tavern para tomar umas cervejas. No domingo me dei o luxo de ficar de preguiça, logo me dediquei ao jardim da senhora Taverner, coisa que eu sempre gostei.

Ficar por conta do Jardim sempre foi uma alegria para mim e eu poderia cavar e podar o dia todo. Uma das linhas das músicas de Freddie "I was born to love you" era "É tão difícil de acreditar que isso esteja acontecendo comigo, um sentimento maravilhoso me dominando". Isso mostrava verdadeiramente como eu me sentia sobre o meu caso com Freddie.

A próxima vez que vi Freddie, foi quando ele me convidou a ver como eles faziam o vídeo dessa mesma canção que eles estavam gravando em um estúdio no East End de Londres. No vídeo dois dançarinos holandeses estavam em um bar de um francês e sua companheira sexy. A noite chegou o desastre. O francês jogou sua garota atraves do palco, mas ela patinou e fraturou a cabeça. Freddie parou tudo e a levou para o hospital, onde esperou no corredor enquanto a examinavam. Quando chegou a noite, a presença de Freddie provocou uma grande agitação e logo estava dando autógrafos para enfermeiras agitadas e pacientes.

Mercury And MeOnde histórias criam vida. Descubra agora