Também, pareciam meio mortas. Quando cheguei em Stafford Terrace vi uma lixeira e envergonhado com as flores, as joguei la dentro.
Não tinha ideia de qual eram as flores preferidas do Freddie. Se eu as tivesse dado esse dia, eu estaria louco.
Assim quando Freddie abriu a porta de entrada, só lhe dei um grande sorriso. Nos se abraçamos e descemos até a sala de estar para reunirmos com os outros convidados.
Havia seis ou sete. Me senti apreensivo em conhecer os amigos de Freddie. Enquanto subiamos para a sala de jantar, um dos convidados colocou a mão no meu ombro e fingiu estar machucado.
-Tudo bem - disse ele -Me ignore.
- Por Deus - Eu disse.
Tive que olhar para ele duas vezes. Era Peter Freestone, um antigo colega de dias anteriores no Savoy em Selfridg's, a grande loja de Oxford Street.
Naquela época, eu trabalhava como ajudante de vendas de perucas, enquanto Peter se encarregava do restaurante Orchard room no térreo. Mais tarde trabalhou em Royal opera House como roupeiro. Agora ele ajudava Freddie a gerenciar sua vida e estava constantemente de plantão.
Peter tinha trinta e poucos anos. Com mais de 1,80 de altura, era o maior de todos, amplo e corpulento. Ele tinha um rosto gordinho e um sorriso caloroso. Eu poderia dizer que não havia um osso ruim em seu corpo.
Freddie e os outros sempre chamavam Peter de "Phoebe".
Freddie sempre se encantava com apelidos - normalmente mudando o gênero - para os que o rodeavam. O seu era Melina, Melina Mercury, a volátil atriz grega, e Joe era Liza, como "Liza Fannelli".
(Apesar do livro se chamar Mercury e eu, eu sempre o chamei de Freddie o tempo todo que estivemos juntos).
No jantar, sentei-me ao lado de Freddie. Em algum momento tinha voltado a cheirar cocaina e não podia parar de falar. Falava tanto que podia ter falado com a parede.
Depois do jantar nos fomos passar algumas horas no Heaven, depois esgotados, voltamos o Stafford Terrace. Todos os convidados de Freddie, em especial um cara chamado Paul Prenter, estavam tentando descobrir tudo o que podiam sobre mim.
Não me sentia a vontade perto de Prenter. Ele era do tipo magro com bigodes e óculos. Seus olhos constantemente olhavam para o outro lado da sala, vigiando a todos que estavam ao redor. Não perdia nada. Ele era muito falador, mas também havia um traço de vadia nele. Havia muita chatice entre os amigos de Freddie. Pareciam competir por sua atenção sem parar.
Nenhum deles jamais me viu em um ambiente gay. Diferente dos antigos namorados de Freddie, eu era um completo estranho. E eu permaneci um mistério de lábios fechados para eles.
Sabiam meu nome, de onde eu vinha e o que fazia para ganhar na vida, mas nada mais. Quando me faziam perguntas, eu era mais evasivo possível. Que se metessem nos seus próprios assuntos! Freddie não fez nenhuma pergunta. Nós começamos exatamente de onde paramos três meses antes.
Eu não fiquei sabendo nada dele desde então, e naquela noite explicou porque havia se passado tanto tempo. Depois do nosso breve flerte, ele havia voltado para o seu apartamento em Munique. Era seu verdadeiro lugar, pois naquela época ele estava vivendo fora da Inglaterra como exilado.
E também havia estado em uma turnê pela Austrália, Nova Zelândia e Japão com sua banda, Queen. Em Janeiro, Queen abriu o maior festival do mundo, Rock in Rio, no Rio de Janeiro, Brasil.
A viagem havia sido um teste duro para Freddie. Ele me contou que viajou para todos os lugares em um carro blindado, com muitos policiais, as vezes indo por caminhos equivocados de uma so mão. Um policial estava focado em fazê-lo rir, empurrando seu revólver carregado pelas calças. E quando Freddie saiu do hotel com Joe para irem as compras, foram perseguidos por fãs e foram trancados na loja pelo bem de sua integridade física, até que os encarregados pela sua segurança chegaram.
Até o jogador de futebol sulamericano Maradona, se mostrou um grande fã do Queen, e quando se encontrou com Freddie o presenteou com sua camisa de futebol. No show no Rio, Freddie quase cometeu um erro terrível ao entrar vestido de drag para cantar "I want break free" com enormes seios de plástico. Os brasileiros adotaram aquilo como seu hino de libertação e se ofenderam com sua roupa. As coisas ficaram tão pesadas que ele tratou imediatamente de tirar a roupa o mais rapido possível.
Uma música que eu conheci foi o single de estreia solo de Freddie, "Love Kills". Havia sido um tremendo sucesso em bares gays de Londres no final de 1984. Ele acabava de lançar seu primeiro álbum solo, "mr bad guy", dedicados aos seus gatos e seu segundo single "I was born to love you".
Enquanto Freddie me contava sobre sua vida nesse verão, descobrimos que havia uma química especial entre nós dois. Eu me apaixonei tanto por Freddie, independentemente do que ele fez para viver.
Ele tinha grandes olhos marrons e um olhar vulnerável, como de uma criança. Era completamente o oposto do tipo de homem que eu gostava antes. Me agradava homens grandes com pernas grossas, mas Freddie tinha uma silhueta de vespa e pernas mais finas que eu já havia visto. E apesar de tudo que ele aparentemente tinha conseguido, ele era uma pessoa insegura. Ele parecia totalmente sincero por completo e estava sendo.
Freddie disse que estava interessado em mim desde a primeira vez que me viu, pois eu o lembrava de uma pessoa favorita: Burt Reynolds! Ele gostava de homens grandes e fortes, contanto que fossem simples no coração.
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Mercury And Me
RomanceOs últimos anos da vida de Freddie Mercury, contados por Jim Hutton, seu parceiro. Relatado com simplicidade e sem meias palavras, o livro desvenda o universo íntimo do cantor, os bastidores do Queen e a paixão de um homem simples por um grande, rel...