quanto mais triste...

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cibelle continua sentada em sua cadeira. no intervalo entre uma aula e outra, ela se levanta para jogar algo no lixo e quando volta, percebe que a cadeira na frente dela está vazia. ela se senta na cadeira vaga e cutuca a garota da frente.

-oi.

-ah, oi! a garota nova. prazer, eu sou a proença. você é a cibelle, né? você é bem bonita.

a garota usa óculos amarelados e fala de um jeito engraçado. o cabelo dela é bem liso e escuro, ela tem uma pinta perto da boca.

-obrigado. sou a cibelle sim. prazer, proença. nome diferente.

-é que não gosto que as pessoas me chamem pelo meu primeiro nome, sabe? aí peço para elas me chamarem pelo sobrenome.

-tudo bem, pro. entendo.

-pro?

-desculpa. é minha mania de criar apelidos baseados nos nomes das pessoas. pro, entendeu? pro...ença.

-ah sim, achei fofo.

as duas riem um pouco.

-é, você sabe o que aconteceu com o florian? não vejo ele desde o intervalo.

perguntou cibelle.

-quem?

-florian. o garoto de cabelo lambido pra trás, que usa aqueles tênis que piscam quando encosta no chão. ele tava sentado atrás de você, mas tava lá na frente no início da aula.

-ah sim, o esquisitão. sei lá que fim deu nele, ele não é de faltar muito. mas ele dorme bastante na aula. pra falar a verdade, não costumo prestar muita atenção nele.

-por qual motivo?

-ele é um perdedor. não parece nem saber falar direito, é um retardado. fora que aqui na turma tem várias pessoas mais interessantes. uma garota bonita como você consegue qualquer cara daqui. não precisa se contentar com esse garoto estranho, ninguém dá a mínima pra ele.

-você já falou com ele alguma vez?

-não. nem quero.

-talvez ele tenha coisas legais a oferecer, só é tímido e está esperando alguém querer conhecer ele de verdade.

-foi ele que te pediu pra você vir falar comigo? fala pra ele que não tô interessada.

-ah, esquece. foi legal te conhecer, pro.

-proença. eu achei esquisito esse negócio de "pro".

-talvez eu seja meio esquisita. 

sussurrou cibelle, ninguém escutou.

-ei, sapatos! gritou um garoto se direcionando a jules, que estava sentado no canto da sala, longe de cibelle.

-dá um tempo, thomas!

thomas chegou perto de jules e ficou o encarando. thomas é alto, grande e forte. seus cabelos são claros e seus olhos também. uma overdose de privilégio.

-vai falar do meu sapato de novo?

indagou jules, chateado.

-nem, eu vim te parabenizar.

thomas disse, enquanto apertava a mão de jules, que estava contrariado.

-pelo o quê?

-pelo belo soco que levou da garota nova. olha, eu queria ter apanhado daquela mulher, viu?

todos riem.  jules tenta ignorar o desconforto e entrar no clima. ele diz:

-é, ela é uma vadia mesmo. mas eu pegava.

fluorescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora