I.I.II

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- Onde está o jovem mestre? - foi a primeira pergunta que recebeu de Luke, o cozinheiro comandava uma pequena equipe de duas pessoas e fazia todos os preparativos necessários para um banquete de primeira classe para dois - Não está mais dormindo, certo?

- Bocchan está esperando nosso visitante no escritório, ele ordenou que eu viesse supervisioná-los. - Devon deixou escapar um suspiro leve. - Não parece haver necessidade, porém ele é rigoroso e seria péssimo falhar, correto?

- "Bocchan", "bocchan", por quê usa essa palavra? É estranho. - A irritação no rosto de Luke transparecia levemente, não que Devon não soubesse que sua proximidade com o jovem duque irritava os outros funcionários, mas raramente eles permitiam que sua irritação transparecesse - Por quê você é o único a dar a ele um apelido?

- Por quê eu sou o bichinho de estimação do jovem duque, então ele me permite essa honra - Devon explicou calmamente, sorrindo leve - Bocchan é apenas a palavra japonesa para jovem mestre, então não há nada demais sobre tal apelido também, é apenas o jeito que ele me permite usar para me diferenciar dos outros serviçais.

As batidas na porta formam ouvidas antes que Luke fosse capaz de responder e Devon se apressou para receber o convidado, não fazia sentido perder tempo com bobagens como aquela, seu convidado precisava de uma noite incrível, é parte de ser o servo de alguém tão importante quanto um duque há final. Devon abriu a porta com uma pequena reverência e prontamente convidou o visitante a entrar.

- Desculpe pela recepção inapropriada, o jovem mestre realmente não consegue parar de trabalhar nem por cinco minutos nos últimos dias… Ele lhe espera no escritório, por favor, siga-me.

- Vejo que o Duque é bem sério, não é mesmo?

- É a primeira vez que o encontra pessoalmente, eu suponho - O homem concorda, seguindo enquanto Devon caminha pela casa em direção ao escritório - bocchan não é o tipo de criança que se pode usar meias palavras com, ele pode ser jovem, mas é mais esperto que muitos adultos.

- Bocchan?

- Quer dizer jovem mestre em japonês, exigência dele.

- Ah… Bem, é uma criança há final, acho que é mais que comum que ele tenha apelidos.

- Está mais para o nome que somente o "cão mais leal" dele pode usar, ele insiste que é um jeito para me idêntificar. - Devon hesitou um pouco antes de bater na porta levemente - Bocchan? Seu convidado está aqui, podemos entrar?

- Um minuto - O homem ao lado de Devon soltou um suspiro um tanto aliviado ao ouvir a voz infantil do jovem duque, da forma que aquele servo falava, até parecia que aquele garotinho era realmente o demônio… Nah, impossível que fosse tão ruim assim. - Prontinho, podem entrar, mas cuidado aonde pisam. - Novamente Devon hesitou um pouco antes de abrir a porta, o escritório estava um caos com enchimento de pelúcia por todo o chão, mas a cobertura estava tão exata que parecia de propósito e até mesmo haviam pequenos caminhos que levavam até os pontos-chave da sala - Entrem logo, ainda tenho muito o que resolver. Há propósito, Devon, me traga papel de carta e uma caneta depois do almoço, tenho que mandar de volta a fábrica esse protótipo, sinceramente, que qualidade horrível, rasgou no primeiro puxão mais forte que dei, não é seguro para bebê nenhum.

- Bocchan, não seria melhor arrumar essa bagunça primeiro?

- Nah, agora tem neve no meu escritório, eu gosto.

- Certo, tudo bem, com sua licença bocchan, vou verificar o almoço.

- Vá lá, tenha certeza que aquele bando de incompetentes não fez nenhuma besteira.

- Yes, my lord!

Devon se curvou novamente e saiu deixando seu jovem mestre com o visitante. Sentado na cadeira central do escritório que mais lembrava um trono o jovem duque mais lhe parecia um príncipe criança como aqueles que eram coroados antigamente na Inglaterra, seu ar sério chegava a assustar um pouco, mas era só um garoto… Não é? O homem sentou na mesa do escritório, logo vendo um jogo de dados sobre a mesa e um tabuleiro quadriculado, um dos jogos da empresa para crianças maiorezinhas, servia para contar histórias e ajudar na fala.

- Joga comigo, senhor Hogh? Mudamos o modelo recentemente, ainda não testei.

- E-Eh, jovem duque, isso é mesmo uma boa idéia? Não entendo esse jogo…

- É um jogo para bebês, como não entende? Gosto do rei das peças, vou jogar com ele.

- Mm, que tal se… Falarmos de negócios primeiro? Podemos jogar depois do almoço não é?

- "O rei das peças está preso em uma torre" - Sapphire joga os dados, então puxa a carta com o número correspondente no personagem - "Ele pede por ajuda, e um grande lobo negro vem ao seu resgate." Sua vez.

- C-certo - O homem pega a primeira peça, o rato - "O rato corre por dentro da parede escura e fria" - O homem gira os dados, e então puxa sua carta - "Ele encontra uma cama de tecido e macia."

- "O lobo negro marca o rei para nunca perdê-lo e jura sempre protegê-lo."

- "A cama se move sob o rato e ele a morde para mantê-la parada"

- "No meio da noite, o rei puxa sua capa para proteger-se do frio, mas havia um buraco"

- "Quanto mais força o rato faz, mais ela se rasga, formando um grande buraco."

- "Havia um rato na capa do rei, mordendo-a."

- Bocchan? - Devon bateu à porta e entrou no escritório, isso fez o homem engolir o nó em sua garganta, não, seria impossível aquele garoto lhe ameaçar, ainda mais com aquele jogo besta, não é? - Desculpe a minha intromissão, mas o almoço está pronto, como deseja prosseguir?

- Devon, qual é a punição de um rato que prejudica o rei mesmo?

- Ele é devorado, por quê, bocchan?

- Nada, nada, só tentando me lembrar o motivo para revizarmos as histórias nesse jogo. Vamos, senhor Hogh? O jantar nos espera.

- C-Claro...

Os dois sairam do escritório, calmamente conversando sobre vendas e taxas que o menor sabia não existir, para o azar daquele homem, seu maravilhoso "cão de caça" estava mais para um "lobo", incapaz de perder uma presa por mero acidente. Foram para a mesa do lado de fora no jardim, o que significava para o pequeno duque uma grande tenda que cobrisse a mesa e seu "cão de caça" o levando até lá de guarda-sol, não queria uma queimadura há final e sua pele sensível não o permitia andar no sol forte de meio-dia. O jantar foi servido e mesmo assim continuaram conversando sobre banalidades inexistentes, agindo como inocente, o jovem duque brincava de aceitar todas as mentiras que aquele homem lhe dizia.

- Bem, jovem duque Everfree, como disse antes, estamos tendo problemas para importar produtos da qualidade necessária… - Outra mentira - … Talvez o senhor--

- Você já caçou com um lobo, senhor Hogh?

- O quê? Não, mas o quê isso tem--

  - Um lobo, senhor Hogh, jamais perde sua presa de vista, não, um lobo não pode se dar a esse luxo… Não um lobo selvagem.

- A-Ahh, claro, isso é--

- Você deveria conhecer meu animal de estimação predileto, senhor Hogh, sabe, a maioria o confunde por um cão… - Com um pequeno jesto, o jovem duque retirou o tapa-olho deixando a marca brilhante do contrato totalmente exposta, e antes que aquele homem pudesse reagir, havia um enorme cão negro com olhos azuis brilhantes com a mesma marca que havia no olho direito do garoto sobre si… Cão? Não, era um… - … Conheça meu lobo infernal, senhor Hogh, incapaz de perder uma presa por acidente. Ele é seu, Devon.

"Build it up with wood and clay,
Wood and clay, wood and clay,
Build it up with wood and clay,
My fair lady."

O pecado dos anjos - Uma nova história de KuroshitsujiOnde histórias criam vida. Descubra agora