A sensação de estar de volta era estranha.
Não por conta de voltar ao Japão, mas sim pela lembrança da partida a anos atrás. Anos esses que me causam sentimentos ruins por ocorridos que poderiam ser resolvidos com uma simples conversa, mas infelizmente o grito e o drama ganham para a calmaria.
Infelizmente não era fácil ter um peso nas costas lhe dizendo em altos sussurros que você deveria ser um cara responsável com seus atos, e por mais que eu tentasse acreditar por palavras ditas e repetidas a mim mesmo durante anos, que estava tudo bem, que eu fui responsável com tudo e afins, meu eu interior não acreditava nem um pingo nesses remorsos expostos e verbalizados a mentira.
A alguns anos eu sabia que tinha alguma coisa totalmente fora de contexto, só não imaginava que a imagem semelhança daquele pequeno ser poderia ser tão verdadeira ao ponto que a tal mentira contada por ambos era ridícula. E a única pergunta que consigo me fazer depois desse ocorrido é: Por que ele não me contou?
Talvez eu esteja sendo um babaca falando essas coisas? Talvez.
Esse garoto é a prova viva do que o tempo me fazia eu me perguntar durante anos, e talvez seja um dos motivos verdadeiros da minha volta. A interrogação sempre me lembrando da nossa última vez que nos encontramos e de como acabamos brigando feio naquele dia antes da viagem.
Porém, independente que de fato isso seja verdade, eu não posso falar com tanta certeza tal coisa.
O vendo ali, a minha frente, por alguma obra do destino que possivelmente estava querendo me dar alguma lição; a lembrança daquele dia tomava meus pensamentos enquanto a conversar amargar acontecia a minha frente.
~∆~
+ 6 anos atrás +
Dois dias antes da viagem, Bakugou me ligou dizendo que queria falar comigo, quando eu disse que ele poderia vim em minha casa para conversar de noite, ele disse que não, que estava ocupado e afins e que iria ir no outro dia na parte da noite.
Quando a noite do outro dia chegou e nossos horários no escritório havia terminado, Katsuki veio para o meu apartamento, chegando na hora em que eu estava encaixotando as últimas coisas e terminando de dobrar minhas roupas nas malas grandes.
Ele não falou nada quando chegou no apartamento, apenas sentou no sofá e esperou, o que não era muito comum de seu feitio.
— Você tá bem? — a pergunta o acorda de um transe o fazendo suspirar fundo, o que o faz me olhar sério, os olhos rubros me encarando até a alma.
— Não sei.
Foi o que ele disse, me fazendo soltar a caixa em meus braços de vez e sentar ao seu lado. Ele coçou seu o couro cabeludo com certa violência e sua perna esquerda teimava em balançar em um ritmo frenético.
— Vai mesmo embora? — perguntava ao mordiscar o lábio inferior voltando a me encarar. Ele tinha o péssimo hábito de mordiscar a carnes des suas bochechas. Acabo suspirando frustrado com tal frase.
— Kacchan, a gente já conversou sobre isso tantas vezes, já acertamos que vamos continuar com o relacionamento a distância, eu não posso negar o meu destino! Você mais do que todos sabe o quanto isso é importante para mim. — digo, e isso o faz rolar os olhos e soltar um riso amargo.
— É sempre a mesma coisa — diz virando-se para mim com o maxilar rígido pela raiva — É sempre você, você e você! E EU MIDORIYA? QUANDO VOCÊ VAI COLOCAR NA PORRA DA SUA CABEÇA QUE EU NÃO VOU AGUENTAR SOZINHO POR DEZ ANOS! — gritava ao se levantar. — Você já parou para pensar quantos casais terminam o namoro a distância por não dar certo? Destino? Quê destino é esse imposto por uma pessoa? Isso não é destino! É UMA PRISÃO! — andava de um lado para o outro da sala, passando a mão nos cabelos. — Só porque você ganhou a merda de um poder e se tornou o tal símbolo da paz e está sempre em primeiro lugar, não significa que VOCÊ tenha que realizar sonhos de terceiros! Porra você tem o que no cérebro? Merda?! — ele diz a última palavra entre dentes.
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Não ouse voltar!
FanfictionNão se sabe ao certo como ou onde as individualidades surgiram, elas apenas começaram a aparecer no final da década de 70. No entanto, não foi a única coisa que espantou a sociedade patriarcal, novos subgêneros também começaram a surgir, como por ex...