O que voltou

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"Nesta quarta-feira, a dupla de heróis, Deku e Shoto, voltaram ao Japão depois de uma longa temporada em outro país. A chegada de ambos os heróis no aeroporto internacional de Tóquio causou tumulto entre jornalista e fãs em frente ao desembarque, demorando assim, a saída de pessoas e até mesmo dos próprios heróis, que foram acompanhados por seguranças que os levaram até um carro preto de vidros escuros. Fãs que estavam do lado de fora esperando a saída dos rapazes, disseram que All Might estava no carro junto a Inko Midoriya, mãe do herói número um. Até agora só temos estas notícias, já que os dois não deram entrevistas." A jornalista dizia.

Katsuo estava deitado no chão pintando algum tipo de girafa em seu caderno de desenhos, eu por outro lado estava estático no meio da sala, não acreditando nas imagens vistas na tevê. Era estranho se sentir nervoso com essa notícia?

- Pai? - Katsuo chamava minha atenção, me fazendo desprender os olhos da tevê e vê-lo ainda desenhando as girafas azuis. - Por que o Deku é o herói número um? - pergunta ainda desenhando. Katsuo sempre foi uma criança muito calma, tanto quando ainda era um bebê, como hoje em dia com quase sete anos de idade. Porém, as vezes ele ficava irritado com coisas que não conseguia resolver, por exemplo: exercícios de matemática. Ele os odiava, porém não aceitava ajuda para resolver eles, dizia que não era másculo desistir assim tão fácil. Confesso que tenho um pouco de culpa nisso.

- Hmmm... bem, ele trabalhou muito pra ele chegar onde ele está. - o que era uma verdade.

- Mas o papai também trabalhou muito para chegar no topo também, não é? - pergunta. Seus olhos finalmente se desgrudam do desenho e me encaram. Pequenos olhos verdes curiosos.

- Sim, querido.

- Então por quê ele continua sendo o número dois, se ele se esforça tanto? - pergunta novamente, porém, não sei como falar isso para ele sem parecer que esse ranking seja ruim - Deixa pra lá, isso é bem injusto de qualquer jeito. - diz voltando a pintar as girafas. Ele ajeita a presilha em seu cabelo, fazendo os fios soltos saírem dos seus olhos. Ele troca o lápis azul para um marrom e começa a colorir as manchinhas das girafas azuis. Eu por outro lado estava ainda chocado com a resposta do pequeno. - Para mim o papai sempre vai ser o número um - ele volta a falar e isso me faz piscar algumas vezes. -, não esse daí que voltou para o cá agora. - diz por fim.

Meus olhos estão tão cheios de lágrimas, que nem percebi que começaram a cair pesadas por meu rosto. Suspiro forte e limpo meu rosto com as mãos, amarrando meus cabelos em um coque.

- Está com fome? - pergunto colocando um amplo sorriso no meu rosto, para poder esconder os olhos e nariz vermelho. Eu não sirvo para chorar, mal começou e meus olhos e nariz ficam vermelhos.

- Não. - dá de ombros despreocupado - Vou esperar o papai chegar. - diz ao colorir as árvores que as girafas azuis estavam comendo, a diferença era que o lápis que era para ser verde, na verdade era roxo.

- Por que está pintando as girafas de azul? - pergunto me sentando no chão ao seu lado.

- Elas são alienígenas. - explica balançando os pés descalços - Elas comem dessa árvore roxa radioativa para poder crescer, como eles são alienígenas, elas podem crescer do tamanho de um prédio. - diz trocando o lápis roxo para um preto e pintando o caule da árvore radioativa. Acabo rindo da história. Katsuo adorava desenhar, desde os quatro anos de idade tinha cadernos e mais cadernos de desenhos em sua estante no quarto, com todas as folhas desenhadas com qualquer coisa que ele invente. Girafas azuis que comem plantas tóxicas, não era nem uma novidade.

- Quer ajuda? - pergunto, mas ele balança uma das pequenas mãos em negação. - Okay.

- Mas o senhor pode colocar no programa de desenhos? - pergunta animado.

Não ouse voltar!Onde histórias criam vida. Descubra agora