Desigrejado

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Carlos Iglesias frequentou igrejas durante anos. Amava as reuniões e toda a "coisa espiritual" que acontecia por lá. Queria seguir a Deus. Mas o sr. Iglesias se cansou de ver tanto pecador na igreja, tanto hipócrita, tentando disfarçar seus pecados com uma vida aparentemente espiritual.

Um belo dia, sr. Iglesias resolveu que não iria mais frequentar igrejas. Estava cansado daquilo tudo. Não que ele tivesse brigado com Deus, ele continuava crente. Apenas não queria ter sua vida vigiada e vasculhada pelos "irmãos".

Por um ano, sr. Iglesias viveu uma vida espiritual caseira. Lia a bíblia, louvava e orava, sem sair de cada. Era um desigrejado. Logo, em uma rede social qualquer, ele encontrou pessoas que compartilhavam da mesma opinião. Participava de um fórum de desigrejados na internet.

Após muitas conversas online, decidiram fazer uma reunião juntos. Foi na garagem do sr. Iglesias. Lá, eles cantavam, oravam, pregavam. No início, compareceram apenas cinco gatos pingados. Mas a fama da "reunião dos desigrejados" se espalhou. E o número de frequentadores só aumentava a cada reunião, a ponto de ser definido que as reuniões aconteceriam semanalmente, aos domingos, porque era o dia de folga da maioria dos membros. Logo, foi necessário alugar um local maior para as reuniões reuniões, que ja congregavam centenas de pessoas.

Com o crescimento, logo a prefeitura teve que inspecionar o local, para saber se todas as regras de segurança estavam sendo cumpridas. Ao perguntar ao sr. Iglesias do que se tratava o estabelecimento, o sr. Iglesias, com toda a preocupação em deixar claro seu pioneirismo, relatou que "aquele era um local onde pessoas se reuniam para cantar para Deus, orar e ouvir as palavras da Bíblia".

Hoje, nos registros da prefeitura, e no laudo do corpo de bombeiros, o estabelecimento do sr. Iglesias está descrito como "igreja".

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