II.

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TAEIL P.O.V (point of view)

- Olha só, eu não vou aceitar não como resposta! Você vai levantar essa bunda do sofá, tomar um banho, se vestir como gente e ir comigo na festa do Doyoung. - Taeyong praticamente gritava para Taeil, que se escondia debaixo dos cobertores.

- Mas eu tenho séries pra botar em dia! Você não entende isso? Fala sérioooo... - Taeil tentava resistir enquanto seu amigo puxava o que lhe cobria. Ele sabia que não iria conseguir se safar dessa.

- Já pro chuveiro, você tem 15 minutos ou eu vou te infernizar pro resto da sua vida! - Viu que o amigo ainda resistia e acabou por fazer um biquinho- Só dessa vez? - ao ver o amigo assentir brevemente, Taeyong jogou uma toalha na cama e se retirou do quarto.

Taeil estava com exatamente 0 vontade de sair de casa, falar com pessoas, desperdiçar um sábado em uma festa de quem mal conhecia. Passou dois minutos apenas sentado na cama, ainda com os cabelos em pé. Pensou se valia a pena Taeyong infernizá-lo (e ele sabia que o amigo tinha esse dom) apenas para que assistisse a mesma série pela 3ª vez. Acabou saindo da cama e indo direto ao banheiro do seu quarto, com a toalha jogada ao seu ombro.

Não demorou muito no banho, já havia lavado o cabelo mais cedo, mas queria tirar a "inhaca" de passei-dez-horas-na-cama. Ao terminar, não soube o que vestir. Afinal, o que se veste pra ir beber, ver os outros conversando alto e provavelmente assistir alguma briguinha?

Bom, Taeil podia não sair muito de casa ou ter muitos amigos, mas ninguém podia falar que ele se vestia mal. Não tinha no que investir o seu salário se não em roupas e eletrônicos, por isso tinha ambas as coisas da melhor qualidade e de marcas caras. Na realidade, muitos achavam que Taeil era rico, e de fato ele tinha dinheiro (da herança de sua mãe, que raramente usava), mas nunca foi do tipo que esbanjava.

Abriu a porta do seu closet e percebeu que tinha exatamente 7 minutos antes que Taeyong esmurrasse sua porta, logo se apressou. Optou apenas por uma calça preta, uma camisa de botões listrada e o tênis branco que havia comprado na última semana. Não fez muito no cabelo, pois gostava quando ele ficava de um jeito rebelde. Olhou no espelho pela última vez antes de descer. Por mais que não se agradasse consigo mesmo, não estava nada mal.

- Finalmente! Estava quase indo te resgatar. - Taeyong falou quando Taeil chegou na sala já pegando suas chaves e se direcionando à porta.

Durante o caminho, os amigos conversaram bastante enquanto o mais velho dirigia. Com Tae, nunca faltava assunto, então Taeil só foi perceber as borboletas no estômago de nervosismo quando já estacionavam o carro na frente da casa, que estava bastante iluminada.

- Fica com a chave do carro que eu vou perder, no meu bolso só cabe meu celular - Taeil falou à Taeyong, que revirou os olhos e pegou a chave.

Ao entrar na casa, Taeyong já cumprimentava muita gente, levando o amigo no encalço. Algumas dessas pessoas também davam oi a Taeil, que respondia simpático. Era legal ser notado, ele não podia negar. Chegando à cozinha, Tae já preparou dois copos com alguma bebida colorida, que provavelmente não faria bem a eles, e entregou um deles a Tete.

- Bom, eu vou dar uma olhada no lugar e já volto, a gente se encontra bem aqui, ok? - Taeyong falou, dando as costas quando o amigo assentiu.

Taeil esperou uns 10 minutos ali mesmo, mas como o outro não voltava, foi andar por aí. Logo ele descobriu o porquê da demora, visto que Taeyong estava aos beijos com um menino num canto. Apenas sorriu e continuou seu caminho até os fundos da casa, onde a movimentação e as risadas eram grandes. Ali estava rolando o famoso beerpong, que Taeil parou para acompanhar.

De um lado da mesa estava Jungwoo, que também estudava literatura, já havia trocado algumas palavras com Taeil. Do outro, um rapaz que Taeil não conhecia, mas lhe chamou atenção. Acabou por ficar assistindo, mas na verdade apenas olhava àquele cara. Suas feições orientais se misturavam às ocidentais, dando a entender que provavelmente não era dali.

- Boa, Johnny! - gritou Mark, assim que o garoto acertou o último copo do outro lado da mesa. Então o nome dele era Johnny... Interessante.

Taeil estava de fato hipnotizado pelo tal Johnny. Só saiu de seu transe quando percebeu que o mesmo agora devolvia o olhar, e pior, se aproximava. Sua respiração, que até então estava normal, começou a acelerar.

- Gostou do jogo? Percebi que você ficou olhando. - Johnny falou assim que chegou perto suficiente, e sorrindo colocou as mãos no bolso da jaqueta Bomber que estava usando. - Você não deve vir muito às festas do Doyoung, não é? Nunca te vi e duvido que esqueceria seu rosto.

Taeil estava sonhando ou isso foi um flerte? Sentiu suas bochechas esquentarem - provavelmente estavam vermelhas, pois Johnny as olhou e aumentou o sorriso.

- Ahn... Gostei do jogo sim. E não, nunca vim aqui. - Sorriu amarelo, sem saber lidar com aquela situação.

- Como você se chama? - Johnny perguntou, percebendo que logo ficariam sem assunto.

- Moon Taeil. - E o mais baixo ficou com um misto de emoções quando o outro sorriu também ao ouvir seu nome. Que sorriso lindo. - E o seu? - Como se não soubesse.

- É Youngho, mas pode me chamar de Johnny. Nasci em Chicago, por isso os dois nomes. - Ah, isso explicava muita coisa. Taeil assentiu com as sobrancelhas erguidas. - Olha... Eu sei que a gente não se conhece direito mas... Você quer sair daqui? Tô doido por um milkshake.

E surpreendentemente, Taeil não se sentia mal ou desconfortável, pelo contrário. Sentiu uma conexão se instalando. E percebeu que não havia respirado tão bem desde que sua mãe era viva.

Taeil não soube por quê, mas apenas sorriu e assentiu. Logo Johnny o guiava para fora da casa segurando-o pela mão que, em contraste à sua usual pele fria, esquentava todo o seu corpo.

breathin • johnil Onde histórias criam vida. Descubra agora