V.

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JOHNNY P.O.V (point of view)

- Valeu mesmo por vir, você sempre anima a festa! - Doyoung cumprimentava Johnny e era sincero nas palavras. Se conheciam há anos e se adoravam, porém os compromissos dificultaram para eles se verem. - Vai ficar até que horas? Quer dormir aqui?

- Na real acho que daqui a pouco já vou, conheci uma pessoa muito foda aqui... - Olhou pra baixo e sorriu lembrando de Taeil e os momentos anteriores. - Mas a gente têm que marcar alguma coisa logo, tá bom?

Depois de se despedir de Doyoung, Johnny aproveitou para achar Jaehyun e avisar que provavelmente iria sair da festa. Encontrou-o conversando com Taeyong na beira da piscina e preferiu ser rápido para não atrapalhá-los. Logo se pôs atrás de Taeil. Ele havia mencionado sobre ir ao banheiro e, conhecendo a casa do amigo como a palma de sua mão, foi direto para o segundo andar.

O caminho até o banheiro foi repleto de música, adolescentes bêbados, alguns se beijando e outros provavelmente entediados. Johnny tentou passar o mais rápido para achar logo Taeil. Bateu na porta do banheiro duas vezes antes de abrir sozinho e encontrá-lo vazio.

Saiu confuso e deu mais uma volta no corredor. "Pra quê tantos quartos se é apenas Doyoung e seus pais?" Johnny se questionava quando ouviu uns barulhos de madeira rangendo e um grito. Seu coração disparou quando reconheceu a voz.

- Mas o que...? - Correu até a última porta do corredor, de onde os barulhos haviam vindo. - Taeil? - Johnny sussurrou quando ouviu um choro. Correu um pouco para trás e, usando o peso de seu corpo, voltou com tudo contra a porta

A cena ali era deplorável. Um homem, que parecia mais velho, sem camisa prendia Taeil na cama pelas mãos enquanto beijava seu pescoço. O outro, que parecia tão indefeso embaixo dele, chorava com os olhos fechados apertados.

Johnny não pensou muito - não havia tempo para isso - então, antes que o homem pudesse reagir, pegou uma cadeira simples de madeira que estava ao lado da cama e atingiu com força as costas dele.

O mais velho caiu desacordado por cima de Taeil. Este ficou imóvel, sem saber o que fazer e, ao perceber, Johnny jogou o homem para o lado e ajudou Tae a levantar.

Taeil tremia muito, estava com a camisa desabotoada e com frio. Ao perceber o casaco de Johnny sendo posto em seus ombros, apenas aproveitou que estava em seus braços e o apertou.

Johnny aproveitou um pouco o abraço, mas percebeu uma movimentação na cama.

- O Siwon, ele tá... - Taeil começou, mas Johnny o tirou dali correndo, vendo que o cara havia acordado. - Johnny. - O mais velho tentava acompanhar os passos largos do outro mas estava exausto de lutar contra seu ex. Seus braços estavam cansados e ele não se aguentava em pé.

Porém, Johnny não pôde parar enquanto não estivessem dentro do seu carro, seguros. Taeil, que foi para o colo de Johnny por não conseguir correr, foi posto no banco de carona.

Johnny deu a volta no carro e sentou-se no banco de motorista. Não deu partida no carro por, além de não fazer ideia de onde levar o outro, queria se assegurar que ele estava bem.

Porém Taeil não tinha coragem nem de encarar Johnny. Estava com tanta vergonha por ser encontrado naquela situação, por mais que ele o tenha salvo das mãos de Siwon.

- Minhas chaves... Elas estão com o... Taeyong. Me leva pra longe... Por favor. - Taeil não conseguia ter firmeza em suas palavras, gaguejava e não tinha fôlego para pronunciá-las corretamente. De repente, respirar não era mais automático, na verdade era muito difícil. Estava se esforçando tanto para não chorar de novo, mas a quem estava tentando enganar?

O coração de Johnny estava partido com as palavras do outro e ele podia ver que dizer cada uma delas doía muito para ele. Decidiu então apenas fazer o que ele queria e conversar apenas quando ele quisesse.

Quando o carro saía do estacionamento, Taeil encostou a cabeça no banco e deixou as lágrimas correrem silenciosamente, com os olhos fechados. Não era um choro de soluços ou exagerado, mas já ajudava a aliviar a tristeza que estava instalada nele.

O caminho silencioso deu espaço aos pensamentos dos dois ali. A noite havia começado tão bem - afinal, haviam se encontrado - mas acabava com as roupas de Taeil amarrotadas. E olhar pra elas faziam as lágrimas dele rolarem mais rápidas. Estavam descontroláveis.

Taeil percebeu que o percurso estava longo. Não entendeu, afinal achava que estavam indo para a casa de Johnny ou algo assim.

- Onde... Onde a gente tá indo? - Perguntou baixinho, audível apenas para o outro.

- Você já visitou o porto à noite? - Johnny sorriu ao ver o outro balançar a cabeça em negação. - É incrível. Pena que esteja com essa chuvinha chata, mas acredito que não vá atrapalhar tanto.

As mãos de ambos se encontraram acima da marcha do carro. Johnny envolveu seus dedos nos de Taeil, segurando-o mais intimamente. E para ambos o ar ficou mais fácil de se respirar.

breathin • johnil Onde histórias criam vida. Descubra agora