P.O.V Rachel's
Por mais que meu olhar estivesse perdido no beco do outro lado da rua, meu pensamento voava longe. Não fazia ideia do que fazer, e daqui a um mês eu faria 19 anos. Precisava dar um jeito na minha vida. Grande parte das pessoas já estavam se formando ou com um emprego, e eu ainda não tinha nem noção do que queria.
– Você está fazendo aquilo de novo – diz Spencer suspirando, o que chama minha atenção.
– Aquilo o quê? – questiono distraída.
Ele desliza as mãos no cabelo, irritado.
– Olha, já te falei. Não me incomoda nem um pouco você morar lá em casa. Depois da saída do Theo, principalmente. Você me faz companhia e comida.
Reviro os olhos, rindo.
– O término de vocês não vai te fazer falta, Spence. Ele foi bem babaca com você naquela noite e você sabe disso. – Digo com simplicidade.
– Eu sei, eu sei. Mas não consigo resistir. Ele e aquele corpinho dele, ai ai. – suspira e logo volta a mexer no celular. Dou uma risada nasal, mas me incomodo com isso. Spencer nunca teve um namorado que o tratou bem, mesmo dando tudo de si pra cada um deles. Tomo em apenas um gole o resto do meu energético. Ficar acordada tem sido cada vez mais difícil, principalmente essa semana.
Eu sei que provavelmente para ele não era ruim eu morar lá, mas não me sinto bem. Quero dizer, quando era apenas nós três; ele, eu e a mãe dele, tudo bem, mas agora ele mora sozinho. Sinto como se estivesse tirando um pouco da sua privacidade. E além do mais, eu precisava arranjar um emprego novamente, tocar a vida pra frente. Só porque eu perdi meus pais não quer dizer que não tinha mais futuro.
Meu olhar volta para o mesmo beco de antes. Só que dessa vez um homem com uma arma sai da escuridão do local, permitindo que eu veja seu semblante atento.
Fui seguindo seu olhar até perceber que ele estava olhando para entrada da cafeteria em que estávamos. Um segundo cara acabara de entrar na cafeteria, sem que ninguém nem o note. Deu a impressão de ir ao banheiro, mas então vira e abre outra porta. Não parecia ter autorização para estar lá. Percebo que uma moça de cabeça abaixada se levanta e caminha em direção ao mesmo local que o homem fora.
– É ele Rachel, é ele! Eu já volto, vou atender – exclama Spence, olhando empolgado para a tela do celular.
– Spence?! Qual é ... – tento impedi-lo, mas ele sai pra fora. Respiro fundo, impaciente.
Assim que Spence sai, levanto o mais rápido que posso e vou até a porta. Não sabia explicar por que, mas tinha um pressentimento ruim.
Me escondo atrás de uma máquina de doces e olho pelo vão da porta.
O homem tinha um sorriso malicioso no rosto, assim como a menina. Começou a se aproximar e quando estava perto o bastante colocou um pano na boca da moça, que caiu no chão no mesmo instante. Um carro surge e o corpo da jovem é levado.
De repente, ele olha para mim. Arregalo os olhos e antes que possa fazer qualquer coisa, ele corre para trás e some.
Que merda acabou de acontecer? Um sequestro, é obvio! Mas eu precisava fazer algo, e rápido.
– O que você está fazendo aí, amiga? – ouço a voz de Spencer, que me traz de volta a realidade.
Quase não controlo as palavras que saem da minha boca.
– Tinha esse cara, e ele pegou uma moça e ...
– Com licença, vocês não têm permissão para ficar aqui. Peço, por favor, que se retirem. – Uma atendente diz gentilmente. Quase não respiro.
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Lose It
ActionEla perde tudo. É isso que a vida é, certo? Perdas. Pelo menos era o que ela achava, até conhecê-los. Até conhecer ele. Entre essas perdas, eles se acham. Entre essas perdas, eles acham algo muito maior: vidas em jogo. E precisam correr, se não quis...