Nova integrante

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P.O.V Rachel's

Consigo ver seu sorriso iluminado pela luz da televisão. Parado no tempo, guardado naquele momento para sempre; como eu tanto queria. Ele ri histericamente diante do filme e das nossas piadas, jogando pipoca em meu cabelo.

Eu caio em gargalhadas e jogo a pipoca de volta nele. Meu coração se aquecia de estar presente naquele ambiente.

Sua mãe surge, perguntando o que era tão engraçado. Então, ela começa a ser uma vítima da guerra de pipoca também.

Agora, todos nós riamos. Só ele conseguia fazer isso. Só Spence conseguia fazer um filme de terror parecer um stand up, de tão engraçado. Ele conseguia fazer isso em qualquer situação, na verdade.

Saio para fora de meu corpo e observo de longe nós três sentados no sofá. Tão felizes. Entregues. Formando um lar.

Aquele era meu lar. Me sentia em casa naquele momento. Como? Como que pessoas, seres humanos andantes, poderiam significar um lar?

Abro meus olhos. O sonho que eu acabara de ter ainda estava fresco em minha memória.

Espero que ele permaneça deste modo para sempre.

Meu corpo doía, mas eu estava me sentindo incrivelmente renovada. Acredito não ter dormido muito, mas o suficiente para conseguir encarar as próximas horas.

Ainda confusa, me sento na cama. Por quanto tempo será que eu dormi?

Acho um bilhete dobrado na mesa ao lado do travesseiro. Abro.

"Tome um banho. Troque de roupa. Coma. Você tem uma longa conversa a fazer."

Na mesma mesa havia uma pilha de roupas, uma maçã e uma toalha de banho. Juro que a cada segundo eu me perguntava se estaria fazendo a coisa certa. Mas me levanto mesmo assim, agarrando as roupas.

O quarto parecia ser antigo e dada a minha situação eu nem ligava mais para nada. Tomei meu banho, me vesti e comi a maçã no caminho.

Assim que abri a porta, um homem parado ao lado do quarto me informa que ele me levaria até a sala principal. O acompanho em silêncio.

Acontece que meu quarto estava bem próximo da sala. Será que estavam com medo de que eu tentasse fugir novamente? Penso, ironicamente.

— Olha, se não é a menina que derrubou Matthew Espinosa! — diz empolgadamente um menino baixinho e loiro. Ele estava falando com Shawn, que também nos percebe entrar. — Eu já gosto de você, sabia?

Sorrio levemente com sua atitude. Ele era fofo e engraçado; totalmente oposto ao clima que se situava nas últimas horas.

— Meu Deus, que mau educado que eu sou! Prazer, meu nome é Jack Johnson, mas as pessoas costumam me chamar de Jack por aqui. E de cerebrota também. — ele revira os olhos com um meio sorriso. — Mas acho que você está aqui pra outra coisa, certo?

Afirmo com a cabeça.

— Você fala? — pergunta com as sobrancelhas arqueadas, num tom irônico.

Pais, Rach. Pais.

— Sim. Eu estou aqui pra outra coisa.

— Glória a Deus! — exclama jogando os braços pra cima. Não consigo deixar de rir um pouco. Ele também solta um sorrisinho e olha para mim, movimentando-se freneticamente. — Vamos começar, então. Rachel, seja bem vinda aos Condrictes.

"Há mais ou menos um ano a irmã de Shawn Mendes, Abbie Mendes, desapareceu. Ela era muito conhecida nas redes sociais; sempre postando o que estava fazendo e onde estava. Até que um dia ela saiu para uma reunião e não voltou mais. Shawn a procurou por todo lugar; com amigos, familiares e basicamente qualquer conhecido. Foi quando ele nos achou. Cada um de nós que está aqui também tem um conhecido desaparecido. Assim, nos juntamos e tentamos descobrir o máximo possível sobre o por que eles desapareceram, onde estão, etc.

Você deve estar se perguntando o que o desaparecimento da irmã dele tem haver com os outros. Bem, todos eles aconteceram exatamente no mesmo dia e na mesma cidade do de Abbie. Rezando para que não fosse apenas uma coincidência, Shawn juntou todas essas pessoas com os casos de desaparecimentos e formou isso aqui. Encontrou um edifício velho, usou um pouco do seu dinheiro para comprar computadores e materiais necessários para as investigações e aos poucos, foi construindo os Condrictes. Cada um de nós possui alguma habilidade que é útil para as investigações. Eu, meu amigo Jack Gilinsky e algumas outras pessoas cuidamos da parte computacional, por sermos tão bons com informática. Basicamente buscamos rastrear, descodificar, e desvendar o máximo possível de informações. Shawn, Matthew e outros são do grupo de busca, que protege os Condrictes e treina para atirar, lutar e arrancar umas cabeças se preciso."

Ele diz a última parte com um sorrisinho, mas logo Shawn se aproxima do menino e o olha feio.

— Jack está só brincando; nós não matamos aqui. Não somos como eles. Mas isso não quer dizer que não lutamos. Não quer dizer que não suamos. Não quer dizer que temos pena — Ele anda a medida que fala cada frase, sem tirar seu olhar de mim e parando no final. — Deles ou de qualquer um que se intrometa no nosso objetivo.

Jack apenas desvia seu olhar para Shawn e novamente para mim.

— Ele consegue ser meio sombrio demais ás vezes, né? — Dou um leve sorriso, mas ainda encaro Shawn.

— Uhm, posso perguntar uma coisa? — digo com cautela. Jack assente. — O que aquele outro grupo que nos sequestrou anteriormente tem haver com vocês? São eles que fizeram as pessoas desaparecerem?

— Nós temos que ficar com ela. Se você não quiser, que saia você, porque eu quero ela na equipe — diz Jack freneticamente para Shawn.

"Nós sempre descobrimos alguma gangue e achamos que encontramos a certa. Já enfrentamos os mais diversos grupos. Criamos cicatrizes, levamos tiros e já até perdemos alguns dos nossos.

O grupo que te sequestrou foi descoberto há mais ou menos um mês atrás. Anne, a menina que foi sequestrada com você, é namorada de uma das pessoas desaparecidas, Skyler Gordy. E Skyler tem uma irmã, Mahogany, que trabalha conosco. Depois de conseguir algumas pistas de suspeitos de sequestradores, descobrimos um cara em uma rede social. Foi o suficiente para bolarmos uma armadilha e tentar fisgar o peixe. Mahogany pediu a Anne que conversasse com ele, mas aparentemente eles descobriram."

Fico um pouco confusa.

— Mas eles conheciam vocês — digo, arqueando a sobrancelha.

Os dois se alarmam, enrugando a testa.

— Como assim nos conheciam?

— Um pouco antes de vocês avisarem que estavam a caminho, o homem que nos sequestrou, Noah, disse para Anne que era estupidez conhecer pessoas como Shawn Mendes e Matthew Espinosa.

Subitamente os dois se agitam.

— Jack, informe a todos que encontramos mais informações. Chame Cameron, Matt e o Grier. Espera, não vai ainda. — Shawn pede a Jack, que assente com a cabeça mas para, esperando. — E você. Como disse mesmo que era o nome do suspeito?

— Noah. O nome dele era Noah.

Meu coração estava acelerado. O menino loiro arruma os óculos no rosto e sai apressado da sala. Shawn ordena alguns seguranças que também se encontravam ali para preparar os materiais.

— Ok, Rachel. Acho que já teve algum tempo para pensar. Você está dentro ou não?

Eu não tinha nada a perder.

Já havia perdido tudo.

— Estou dentro.

Ele transmite um olhar duro.

— Espero que você esteja realmente consciente do que está se envolvendo.

— Eu estou — digo com uma resposta rápida e séria. Ergo um pouco mais a cabeça.

Shawn atravessa a sala e fala para um dos homens próximos.

— Arrume as coisas para ela. Rachel Hall agora faz parte dos Condrictes.

Lose ItWhere stories live. Discover now