Condrictes

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Ainda me encontro perplexa quando o menino atrás de mim me empurra para frente e faz com que as pessoas armadas abram caminho. Ele chama alguém e mais dois homens surgem ao meu lado, provavelmente tentando evitar que eu fuja por qualquer ângulo. Caminhamos em silêncio por um longo e escuro corredor, e eu jurava que eles conseguiam ouvir meu coração batendo freneticamente.

Droga. O que eu tinha feito?

Estamos quase entrando em uma sala que pode ser vista do lado de fora quando alguém surge correndo.

— Matt! O que você está fazendo? — o mesmo menino moreno que havia conversado comigo está diante de nós, ofegante.

— Espera, cara — Matt responde, abrindo a porta. Ele então me solta dentro da sala, olhando seriamente. — Você pode ficar aqui por um instante, Rachel? Por favor. Eu ainda confio em você.

E bate a porta.

Vou até o fundo da sala e me encosto na parede, de braços cruzados. Alguns minutos se passam, parecendo décadas. Observo o lugar cuidadosamente, achando mais câmeras no teto. Tinham de enfiar essas coisas em tudo? A essa altura eu já havia me acostumado, mas o sentimento de ser observada estava começando a me sufocar. Não aguentava mais a sensação de saber que tinha alguém de olhos em mim – e que nem eu, na verdade, sabia quem era esse alguém.

Suspiro fundo, andando de um lado para o outro. Começo a ficar extremamente agoniada; nervosa. Tentei ouvir o que Matt e o menino moreno falavam do outro lado da sala já que o vidro escuro não permitia ver nada do lado de dentro, mas meus pensamentos gritavam mais alto. Como ele sabia meu nome? E como que ainda podia confiar em mim? Chega a ser engraçado o fato de possuir um coração tão mole mas estar envolvido com tudo isso.

Entretanto, me sinto conectada. Como se, realmente, pudesse confiar nele. Talvez seja extremamente tolo da minha parte sentir isso. Não o conheço faz menos de um dia. Como poderia confiar nele?

Desvio os pensamentos e tento manter o foco.

— As princesas vão demorar muito? Vou começar a jogar pedras nas câmeras de novo! — grito olhando para o vidro.

Depois de algum tempo a porta se abre.

— Sabia que dominar um chipanzé é mais fácil do que manter você quieta? — diz Matt com um leve sorriso de canto. Logo atrás dele seguia o menino moreno, que se senta na cadeira em frente a mesa.

— No dia em que um homem conseguir me "dominar" eu chuto as...

— Ok, ok. — exclama seu amigo, interrompendo minha resposta. — Foco, Matt.

O menino loiro diminui seu sorriso e passa as mãos no cabelo. Se aproxima e apoia as mãos na mesa. Então, seu olhar para em mim.

— Nós temos uma proposta para você.

O quê?

Minha expressão muda de séria para desentendida.

— Como assim?

O moreno suspira, dando um olhar sério a Matt.

— Isso já está levando muito do nosso tempo. Então, é o seguinte. Nós trabalhamos pesado aqui. Ainda não podemos te contar no que é que trabalhamos, mas saiba que não é nada bonitinho. Estamos falando de armas, sangue e muito suor. Estamos em uma missão, Rachel. A coisa é bem séria. Não é nada igual ao mundo cheio de unicórnios que você vive lá fora. Temos que sacrificar coisas; todos os dias. A nossa vida antiga muda completamente no momento que aceitamos essa nova. E a loirinha aqui — ele joga a cabeça em direção a Matt — ficou babando nas piruetas que você deu nela dentro daquela sala. Ele acha que você é uma boa recruta pra participar do nosso trabalho.

Lose ItWhere stories live. Discover now