Eu te disse

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O despertador ao lado da cama indicava que eram exatamente 3:46 da manhã. Eu estava soada e ofegante, devido ao pesadelo que acabara de ter. E já havia tentado de tudo. Dormir de bruços, de lado, de costas. Eles continuavam a acontecer, e eu me perguntava se algum dia passariam.

Sinceramente, eu não ligava de ter pesadelos com monstros. Não ligava até mesmo de ter pesadelos com a merda de uma assombração. Mas não aguentava mais ter pesadelos com eles. Com Spence, meus pais e suas mortes.

Mas de qualquer maneira, me viro e volto a dormir.

(...)

— Eu vendo coisas ou aqui na minha frente tem uma nova integrante do clube das cinco da manhã? — Jack Johnson estava parado em minha frente, animado como sempre. Não deixo de sorrir.

— Noite ruim. Não consegui dormir — tiro o livro da frente dos olhos e o fecho, logo depois cedendo espaço ao meu lado para Jack. Estávamos nos bancos do refeitório, encostados na parede. — E por que você tá acordado essa hora?

— Gênios acordam cedo. E é por isso que eu levantei e não Jack Gilin...

— Eu aqui, seu idiota — ouvimos a voz de Gilinsky surgir também.

— Jack! Meu grande amigo — Johnson sorri debochadamente.

Gilinsky revira os olhos, e eu dou uma pequena risada. Eles eram a coisa mais fofa e engraçada do mundo. Meu humor melhorava só de estar com eles.

— Então, Rach — começa ele, pigarreando — por que diabos Matt ficou na sua porta até tão tarde?

Enrugo a testa.

— Como assim?

Johnson cutuca Gilinsky, que lamenta baixinho. Eu não estava entendendo nada e me senti ainda mais incomodada por isso. Matthew havia ido até meu quarto, é claro que eu me lembrava disso. Mas pensei que ele tinha ido embora assim que pedi para o fazer.

— Como vocês sabem que ele foi lá ontem?

— Talvez nós tenhamos visto pelas câmeras vocês chegando ontem — Johnson olha para os dedos, sem graça. — E nós também sabemos que vocês foram na sua casa. Inclusive, Matt disse que você tem algumas informações novas. Mas enfim, ele ficou a noite inteira na frente da sua porta, sentado e encostado na parede. Lá por meia noite foi embora.

Olho para baixo por um segundo. Parece que ele não tinha realmente me deixado sozinha. E eu não queria pensar se gostava disso ou não.

— Rach, vocês estão se pegando? — solta Gilinsky.

— Meu Deus, Gilinsky! — Johnson o cutuca novamente. — Por isso que Shawn havia nos proibido de cuidar das câmeras centrais!

— Ai! Para, isso dói! Não falei no mau sentido, só achei que seria estranho. Ele nunca mais ficou com ninguém depois da...

A essa altura, Jack J só faltava estrangulá-lo de tanto olhar feio. Sinto uma leve curiosidade. Não era ciúmes; eu não era uma pessoa de sentir ciúmes. Nunca achei sentir isso era um bom sinal, ainda mais depois de namorar Roger, meu ex, que tinha grandes crises de surto por ciúme. Eram momentos que eu não queria lembrar, então acabei simplesmente deixando isso de lado.

O que, entanto, ainda me deixou com uma pulga atrás da orelha, foi o passado de Matt. Porque era engraçado, de verdade; ali, todos eram sérios, cheios de muita preocupação e responsabilidade, só que na verdade eles também tinha uma história. Uma vida, antes de todas as outras desaparecerem.

— Ok! Vamos esquecer tudo isso e subir para o andar sete. Cara, você não vai acreditar. Nós achamos...

— Nós achamos um paredão de escalada no andar sete! — exclama o moreno. Johnson gira a cabeça lentamente em sua direção, os olhos arregalados.

Lose ItWhere stories live. Discover now