《1》

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   Após ficar em um carro por três dias enfim cheguei em Los Angeles e disse adeus para Dallas. Tudo bem que eu amo meu Austin-Healey 59, mas não vejo a hora de descansar em um lugar que não seja um banco de carro.

   Ainda me lembro o dia em que o ganhei. Ele era do avô do meu pai. Era praticamente da família. Desde menina eu o queria com todas as minhas forças. Porém meu pai disse que eu teria que merece-lo. Aceitei os termos dele e durante todo o verão, antes dos meus dezesseis, trabalhei pela vizinhança cuidando de crianças, cães, limpando casas e trabalhei em uma lanchonete no turno da noite e nos finais de semana. Consegui bastante dinheiro, mas meu pai viu o quanto me esforcei e além de me dar o carro, me deixou ficar com o dinheiro.

   Foi um dos momentos mais felizes que tive com meu pai. Depois daquele dia continuei trabalhando e estudando para conseguir realizar meu sonho de ir morar em LA. Apesar de não precisar, eu fiz faculdade. Durou três anos até que me formei. Naquela época o meu pai estava um pouco adoecido. Mas não se deixou ser contrariado e foi na minha formatura. Comemoramos bastante na lanchonete da cidade com nossos amigos. Mas quando chegamos em casa ele começou a passar muito mal. Rapidamente fomos para o hospital. Passei horas agoniada esperando por notícias dele. Naquele instante eu estava com um frio na barriga e chorando muito. Eu não sabia o que fazer.

   Depois de um mês meu pai faleceu. Foi o pior dia da minha vida. Fiquei triste obviamente, mas tranquila pois ele foi em paz e não sofreu na sua hora de dizer adeus. Antes de falecer, meu pai me fez um pedido. "Vá embora dessa cidade e viva sua vida intensamente. Corra riscos. Se divirta. E ame".
   Foi o que fiz. Com muito pesar, peguei todo meu dinheiro e a herança que meu pai deixou, vendi a casa e alguns móveis e fui embora para LA.

   As lembranças ainda me fazem chorar. Mas nunca esquecerei os momentos incríveis que tive com meu pai.
   E além do mais. Qual seria a melhor cidade para se viver intensamente se não a cidade mais badalada dos EUA?

   Como eu dizia, enfim cheguei em LA. A primeira coisa que eu teria que fazer seria arranjar um lugar pra ficar.
Eu não queria ir para um lugar muito caro. Queria algo simples. Então peguei o jornal e comecei a folheá-lo em busca de algum lugar.
   Separei os meu favoritos e liguei para cada um. Alguns acabaram ficando muito caro. Outros eram uns caras em busca de "lindas companheiras". E outros eram muito mal-educados. Não gosto de pessoas rudes.
   Depois de muitas furadas e alguns caros demais, achei um interessante.

"Procura-se colega de quarto para ajudar com o aluguel. Que seja uma pessoa baladeira e animado e não tenha medo de facas.
Mazikeen Smith  (***-***-***)
Endereço: xxxxxxx n°xxx"

   Espero que o negócio das facas seja brincadeira. Mas de qualquer forma vou lá conferir.
   Anotei o endereço. Eu estava com fome, então primeiro eu teria que ir atrás de alguma lanchonete comer um hambúrguer bem gorduroso e nada saudável.

   Fui em uma lanchonete em frente a uma praça. Peguei meu lanche e o comi. Teve um pessoal que achou que eu não iria pagar por causa que eu preciso de um banho e foram rudes. Por conta disso não deixei troco algum para aqueles mal-educados.
   Após pagar fui dar uma volta na praça e respirar um pouco.

   O lugar era bonito. Era possível ouvir alguns passarinhos se você prestar atenção e ignorar o barulho de carros e das pessoas.
   Fiquei andando e olhando a paisagem. Haviam algumas pessoas lá, crianças brincando e alguns adultos correndo.
   Mas quando dei mais um passo tropecei em alguma coisa e caí no chão como tomate podre.
   Irritada e envergonhada, me virei para ver no que eu tinha tropeçado.

Naquele momento eu fiquei em choque com o que estava em minha frente. Tampei a boca com a mão que serviu para abafar meu grito.

   Bem no chão ao lado de um arbusto. Tinha nada menos, nada mais. Que um corpo! Uma mulher. Suas roupas estava ensopada com seu sangue. Ela tinha sido esfaqueada, possivelmente.
   Eu não sabia o que fazer, então liguei para a polícia. Mal pude explicar por conta do nervosismo, Mas eles conseguiram me entender.
   Eles disseram que chegariam em poucos minutos, e me pediram para manter a calma. Oh! Tarefa fácil essa. É só um corpo de uma mulher que foi morta.

   Logo as viaturas foram chegando e policiais foram aparecendo.
   Uma mulher se aproximou de mim. Ele pegou um distintivo e me mostrou.

- Detetive Decker. Posso fazer algumas perguntas?

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