Anjo De Dia Diabo De Noite

《7》

Estávamos nos divertindo conversando. Eu até tinha pensado em perguntar o que aconteceu, mas agora o melhor pra ele é se distrair e conversar sobre outras coisas.

No momento falávamos sobre Robert Johnson, o rei do blues.

- Mas por que eu iria querer a alma dele?- perguntou.

- Não sei. Colecionar?- Lúcifer riu.

- Essa coisa de dizer que ele vendeu sua alma pro Diabo é uma tolice criada pelos invejosos daquela época que não conseguiam admitir que ele tinha talento.- Defendeu.

- Mas como voce pode saber?- perguntei desafiando-o.

- Ele era meu amigo naquela época.- Deu de ombros.- Eu só o ajudei a arranjar o instrumento, o resto ele fez sozinho.

- Voce é inacreditável- falei rindo.

Minha risada foi diminuindo até acabar, mas meu sorriso permaneceu em meu rosto. Abaixei a cabeça um pouco. Senti sua mão erguer meu rosto. Sua mão estava quente, e fazia um leve carinho. Estranhei o ato e o olhei nos olhos. Olhos que me fitavam intensamente. Senti um frio na barriga. Tudo que eu queria agora era beija-lo, sentir sua pele, senti sua respiração em meu pescoço. Eu o queria.
   Foi quando de alguma forma ele compreendeu e se aproximou. Seus lábios tocaram os meus. Apesar de ter sido apenas um toque, seus lábios fizeram o meu corpo esquentar. Ele pediu passagem com a língua, então começamos um beijo de verdade. Um bejo quente e sexy, com malícia e paixão.
   Ele me puxou para seu colo e começou a explorar casa canto da minha boca com a língua. Minha mão foi para sua nuca. Suas mãos estavam em meus quadris apertando-os. Um gemido saiu da minha boca quando ele me apertou mais contra seu peito. Estava sentindo seu membro já duro pressionando contra minha coxa. Lúcifer começou a levantar um pouco o meu vestido quando um barulho vindo do elevador nos assustou.
   Pulei de seu colo e me ajeitei. O que eu tinha feito?! Agora eu não conseguia encará-lo.
   Um homem alto, negro e bonito saí do elevador. Ele nota minha presença aqui e olha para Lúcifer sério.

- Não consegue se segurar nem por um momento?- fiquei vermelha pelo comentário.

   Eu estava com muita vergonha. O que diabos tinha acabado de acontecer naquele sofá?! Precisava ir embora o mais rápido possível.

- Bem. Eu vou indo. Qualquer coisa sabe onde me encontrar.- Isso pareceu muito sexual, acrecentei.- Na Mazi. Tchau.

- Espera, Kylie!- Lúcifer chamou, mas eu já estava no elevador.

   Assim que as portas fecharam coloquei a mão sobre o coração acelerado e soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo.
   Eu beijei o Lúcifer. O Lúcifer me beijo. A gente se beijou!
   Tirei a mão do peito e coloquei meus dedos em minha boca vendo se aquilo tinha sido real. Aquilo foi... bom... realmente muito bom.

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Lúficer on.

   Eu a chamei mas ela já tinha ido embora.
   O que acabou de acontecer? Tudo bem que uma hora ou outra rolaria alguma coisa que acabasse na cama. Mas o que foi aquilo? Aquela sensação no peito. Como se eu precisasse desesperadamente dela. Como se precisasse de seu corpo. Mas eu mal a conheço. Bem, isso nunca me impediu outras vezes.
   Acordo dos meus pensamentos com Amenadiel tagarelando sobre o quanto eu sou imprudente e incontrolável. Como se eu já não soubesse disso.

- ... simplesmente não consegue ver um rabo de saia...- interrompo.

- Perdoe-me atrapalhar seu grande e importante discurso sobre meus modos- fiz uma pausa-, mas o que você quer?

   Amenadiel relaxou o semblante e se sentou no sofá. Ele parecia nervoso e ancioso.

- Aconteceu alguma coisa?

- Eu vou ser p... pa-a-a... eu vou ser paa-ai...- Amenadiel nunca gaguejava ou se atrapalhava com as palavras. Ele forçou a garganta em uma tosse e respirou fundo.- Eu serei pai, Lúcifer. Linda está grávida.

   Agora entendia o nervosismo todo. Mas como era possível? Ele era um anjo e ela mortal. Só se foi na época em que ele tinha perdido sua graça e virado humano.

   Conversamos bastante sobre isso. Era óbvio que Amenadiel estava assustado, mas ele também estava feliz. Um filho é motivo de muita felicidade, é o que dizem. Eu não quero testar essa teoria de jeito nenhum. Tolice! As crianças só servem para babar, sujar, feder, gritar, chorar e se debater no chão quando algo lhe é negado.

   Logo Amenadiel vai embora e fico sozinho. O acontecimento de mais cedo estava tomando conta da minha mente. Kylie...
   Kylie é nova na cidade e ninguém a conhece, mas ela tem se mostrado confiavel de acordo com Mazi. Elas se tornaram bem amigas nessas duas semanas. E de acordo com ela, elas vão sair com a Linda amanhã para algum bar. Elas iriam convidar mais uma pessoa que elas não disseram o nome mas já sei quem é.
   Minha relação com Chloe foi de mal a pior desde que ela descobriu que eu sou o diabo de verdade. Não que eu já não tenha dito isso várias vezes em muitas ocasiões. Eu a amava. Mas com ela se afastando e deixando claro que não me aceita do jeito que eu sou e sente repulsa por mim fica cada dia mais difícil sentir algo por ela sem ser um pouco de raiva e magoa.
   Quando ela veio aqui mais cedo para falar sobre o caso, Chloe pediu para ver meu rosto de novo. Com relutância eu mostrei para ela, que ficou aterrorizada. Ela disse coisas que nunca imaginei que diria. Coisas do tipo "Não posso suportar isso. Não posso suportar você. Não consigo olhar pra você e não ficar com medo. Eu não durmo faz dias! Sempre que fecho os olhos vejo o seu rosto. Eu imagino a Trixie perto da Mazi, pensando em como ela ficaria se soubesse. E eu nem posso afastar elas duas.". Entre outras coisas que decidi não ficar relembrando. Chloe me machucou profundamente. Cada palavra que ela disse foi uma dor no peito.
   Mas quando ela foi embora e Kylie apareceu, me senti melhor. Era reconfortante ficar perto de Kylie. E aquele beijo! Quando a conheci na cena do crime só pensava em como seria bom ficar com ela. Corpo com corpo. Ela dizendo meu nome e eu o seu. Suor escorrendo pelos nossos corpos nús. Eu estava louco de desejo por ela, e precisava disso pra esquecer a Chloe.
   Amanhã eu iria na casa da Mazi com o pretesto de vê-la. Eu queria conversar com ela. Precisava ficar com ela.

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Lúficer off.