Capítulo 5
- Ele está fora há algum tempo... – disse a Sra. Castor.
- Mas ele voltou! – exclamou o castor. – E está esperando vocês na Mesa de Pedra.
- Ele nos aguarda? – perguntou Lúcia.
- Só pode ser brincadeira! – zombou o castor. Virou-se para a esposa. – Eles nem conhecem a profecia!
- Bem, então... – incentivou-o.
- Escutem... – disse o castor. – O retorno de Aslam, a prisão de Tumnus, a polícia secreta, – enumerou – está acontecendo por causa de vocês!
- Está nos culpando? – perguntou Susana, assustada.
- Não, culpando não. – disse a Sra. Castor. – Agradecendo.
- Existe uma profecia. – disse o castor. – "Quando a carne de Adão, Quando o osso de Adão..." – recitou. – "Em Cair Paravel, No trono sentar, Então há de chegar, Ao fim a aflição".
- Essa rima não é muito boa. – disse Susana.
- Eu sei que não é boa, mas... – respondeu o castor. – Será que não percebem?!
- Há muito tempo foi previsto – disse a Sra. Castor – que dois Filhos de Adão e duas Filhas de Eva derrotariam a Feiticeira Branca e trariam paz a Nárnia.
- E você acha que somos nós? – perguntou Pedro.
- É melhor que sejam! – disse o castor. – Aslam já preparou o exército de vocês.
- Nosso exército?! – perguntou Lúcia. Ela e Susana olharam pasmas para Pedro, esperando uma reação do mais velho.
- E Selene? - perguntou Susana, sentindo uma raiva crescendo em si. Ela, definitivamente, não gostara da menina.
- A Princesa Selene? - perguntou a castor, perguntando-se como ainda não sabiam dela já que chegaram juntos.
- Princesa! Eu já ouvi chamando-a de princesa duas vezes e ninguém ainda nos explicou! - Susana estava prestes a explodir.
Selene então se levantou e se aproximou, e os três puderam perceber o quanto sua postura indicava realeza.
- Sou Selene, Princesa de Nárnia, a Feiticeira da Neve, irmã mais nova da Feiticeira Branca e a mais fiel aliada de Aslam.
- Irmã? - Lúcia perguntou, surpresa, mas não irritada. - Como pode ser tão amigável com uma irmã que trouxe caos a Nárnia?! - ela perguntou, mas então enrubesceu assim que percebeu o que dissera.
Mas Selene riu, contrariando o que Lúcia esperava para uma reação.
- Ah, me faço essa pergunta há décadas! - ela disse, ainda rindo. Os três perceberam o emprego da palavra década, mas preferiram não comentar.
- Como podemos confiar em você? - perguntou Susana, ainda desconfiada.
Selene manteve sua expressão séria. - Sou uma das melhores opções suas para vencerem essa guerra.
- Mamãe nos deixou para não nos envolvermos numa guerra. – disse Susana.
- Acho que vocês se enganaram. – disse Pedro. - Não somos heróis.
- Somos de Finchley! – disse Susana, se levantando. – Escutem... Obrigada pela hospitalidade... Mas nós temos mesmo que ir.
- Mas não podem sair assim! – disse o castor.
- Ele tem razão. – disse Lúcia, ainda sentada. – Temos que ajudar o Sr. Tumnus.
- Não podemos fazer nada. – disse Pedro. - Lamento – disse Pedro aos castores –, mas está na hora de voltar pra casa. Ed? – ele virou-se e viu que o irmão não estava mais ali. - Ed! – chamou Pedro mais uma vez. Ele então virou-se para as irmãs. – Eu mato ele.
- Talvez não precise. – disse o castor, chamando sua atenção. – Edmundo já esteve em Nárnia antes?
- Sim, eu já o tinha encontrado antes. - disse Selene. - Ele foi atrás da minha irmã.
- E você sabia! - acusou Susana, apontando para seu rosto. Selene apenas arqueou uma sobrancelha. - Podia tê-lo impedido!
Selene bateu a mão de Susana para longe de seu rosto. - Estava escrito na profecia! Não é possível burlar uma profecia!
- Selene, ao menos você tem ideia se eles já se encontraram? - perguntou Pedro, preocupado com o irmão.
- Não. - ela respondeu e a esperança de Pedro murchou. - Mas tenho como saber.
Selene então pegou um pedaço de vidro congelado, idêntico ao que entregara a Edmundo. Aproximou o vidro dos lábios e sussurrou um feitiço. Ao afastar o vidro, uma imagem se formava sobre ele. Não a imagem vista do vidro de Edmundo, mas uma imagem tridimensional de outro foco, mostrando o moreno andando sobre a neve, com os braços cruzados. Eles se aglomeraram ao redor de Selene, para enxergar o paradeiro de Edmundo.
Edmundo caminhava por entre as árvores, em direção ao vale onde ficava o castelo da Feiticeira Branca. Sentia muito frio pela falta do casaco pesado e seus pés se enterravam cada vez mais na neve gelada. Mas ele não se importava. Pensava, no momento, no vidro que Selene lhe dera, mas não pretendia tirá-lo agora do bolso. Talvez mais tarde, quando finalmente tivesse sua promessa cumprida. Será que ele algum dia descobriria os segredos daquela garota misteriosa? Ele esperava que sim.
Em certa altura, ele fez uma breve pausa, pensando se o que Selene dissera era realmente verdade - que não valeria. Será que valeria mesmo? Ela estava há mais tempo alo naquelas terras, poderia saber mais que ele! Mas podia não ser totalmente de confiança. Ele não acreditava nisso realmente, era apenas uma desculpa para seu egoísmo. E então, ele voltou a caminhar em direção ao Palácio da Feiticeira Branca, que um dia fora compartilhado com a Feiticeira da Neve. Não que ele ainda soubesse disso.
- Precisamos ir, se ainda querem tentar impedi-lo. E rápido. - disse Selene, voltando a guardar o vidro entre os adornos do vestido.
E ela viu a decisão nos olhos de Pedro.
Ele iria tentar.
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Beauty Queen
Teen Fiction"Selene andava calmamente pelo palácio, arrastando seu vestido branco preferido e sentindo o frio típico que o gelo lhe dava. Ela uma sensação reconfortante, que a acalmava. Afinal, ela era o gelo e a neve. Mas, infelizmente, ela não era a única. Ja...