Capítulo 17
Selene, Susana e Lúcia ainda estavam deitadas sobre o corpo de Aslam. Susana levantou-se, olhando ao redor e vendo o sol já nascido.
- Temos que ir. – disse às garotas, quando as viram se levantar também.
- Está frio. – disse Lúcia tristemente, descendo da Mesa de Pedra depois da irmã. Elas andaram alguns passos e se viraram para Selene, que ainda olhava inconsolavelmente para o corpo do leão.
- Vamos, Selene. Precisamos ir. - disse Susana.
- Mas... Aslam...
- Se foi. Precisamos ajudar os outros.
- Não, você não entende. - disse Selene. - Eu preciso esperar aqui.
- O quê? - perguntou Lúcia, confusa.
- Vão indo vocês. - disse Selene, sem querer dar muitas explicações. - Eu vou logo depois.
Susana e Lúcia se entreolharam e deram de ombros. Assim que ambas deram as costas, Selene passou para o outro lado da Mesa de Pedra e sussurrou palavras na mesma língua desconhecido, invocando a Magia Profunda. Susana e Lúcia começaram a descer as escadarias, mas um vento forte passou por elas e um barulho de terremoto atrás delas as fez cair nos degraus, quase correndo o risco de rolarem.
Lúcia olhou para trás. - Susana!
Elas se viraram e viram. A Mesa de Pedra estava rachada e Selene e o corpo do leão sumiram. Levantaram-se e voltaram.
- Cadê o Aslam? – perguntou Lúcia, confusa. - E Selene?
- O que fizeram? – questionou Susana igualmente confusa.
Observaram o portal atrás da Mesa de Pedra, onde o sol brilhava mais forte. Mas logo o sol foi tampado por uma silhueta. De leão. Aslam apareceu inteiro ali, com a juba crescida novamente e claramente vivo. E logo atrás dele, surgiu Selene no mesmo resplendor.
- Aslam! – gritaram as meninas, contornando a Mesa e correndo até o leão para um abraço conjunto.
- Mas nós vimos o punhal. – disse Susana, ao se separarem.
- Se a Feiticeira entendesse o significado de sacrifício... – disse Aslam, contornando a extensão da Mesa de Pedra, acompanhando das meninas, que observavam os escritos antigos entalhados nas laterais. – Talvez tivesse entendido a Magia Profunda de outro jeito. Se uma vítima voluntaria, inocente de traição, é morta no lugar de traidor, a Mesa de Pedra se partirá e talvez a própria morte seja revogada.
- Mas, e Selene? - perguntou Lúcia, confusa. - Ela era traidora também?
- Não, querida. - respondeu Aslam. - Selene tem um dos corações mais puros que existem e traição refere a quebra de confiança e lealdade. Me ofereci no lugar dela, pois ela não precisava passar por isso.
- Mandamos avisar de sua morte. – disse Susana. – Pedro e Edmundo já foram para a guerra.
Lúcia empunhou seu punhal e Selene colocou a mão sobre o punho de sua espada.
- Precisamos ajudá-los. – disse Lúcia.
- E vamos, querida – disse Aslam, abaixando a mão de Lúcia –, mas não sozinhos. Subam em minhas costas. – disse Aslam a Selene, Susana e Lúcia, enquanto essas o faziam, ele continuou. – O caminho é longo e o tempo é curto. Talvez queiram cobrir as orelhas.
E Aslam deu um forte rugido.
~*~
Estátuas de pedra. Várias e várias delas espalhadas pelo jardim principal do palácio da Feiticeira Branca. E Selene passava rapidamente por entre elas, à procura da estátua de Tumnus, onde se lembrava tê-la visto pelo espelho de Edmundo. Ela guiou Susana, Lúcia e Aslam por aquele jardim assustador e finalmente pararam em frente à estátua do fauno. Lúcia, vendo a expressão assustada da pedra, fungou e virou-se para Susana.
Lágrimas saíram de seus olhos e Susana a abraçou de lado, dando um beijo no topo de sua cabeça. Aslam se aproximou da estátua e soprou sobre sua cabeça. Aos poucos, o gelo foi se derretendo, a pedra se desfazendo e o fauno vivo e inteiro foi libertado. Lúcia e Selene foram à frente, amparando o amigo.
- Susana. - disse Lúcia, virando-se para a irmã.
- Sr. Tumnus! - alegrou-se a mais velha, correndo e abraçando também o fauno.
- Vamos. - disse Aslam, retornando com mais soldados recém-libertos. - Vamos revistar o castelo. Precisamos de todos que encontrarmos por aqui.
Selene sorriu e correu para as estátuas sussurrando seu tão famoso feitiço de libertação.
~*~
- Edmundo! Eles são muitos! – Edmundo ouviu a voz de Pedro gritar a apenas alguns metros. – Saia já daqui! Pegue todas as meninas e leve-as para casa!
Pedro voltou a atacar e Edmundo ficou observando-o, pensando.
- Você ouviu, vamos embora! - Disse o Sr. Castor, puxando Edmundo para saírem dali.
Suspirou, irritado, mas resolveu ir junto do castor. Até que uma vez olhou colina abaixo e viu a Feiticeira, metros de distância de Pedro, petrificando inimigo por inimigo para chegar a Pedro.
- Pedro mandou sair daqui. – disse o Castor, quando viu que o moreno desembainhava a espada.
- Pedro ainda não é rei. - dito isso, ele correu pelo rochedo.
Sem parar a corrida, pulou e tentou acertar o cajado com a espada. Porém, ela foi mais rápida e desviou. Atacou-o com o cajado e Edmundo desviou, virando-se e quebrando o cajado, causando uma forte luz azul após a perda da magia. Depois de alguns golpes, sua espada foi pelos ares e a Feiticeira atingiu seu abdômen.
Longe dali, enquanto retornava com o exército fortificado, Selene sentiu o espelho de gelo se aquecendo numa temperatura elevadíssima. E ela sabia o que isso queria dizer.
YOU ARE READING
Beauty Queen
Genç Kurgu"Selene andava calmamente pelo palácio, arrastando seu vestido branco preferido e sentindo o frio típico que o gelo lhe dava. Ela uma sensação reconfortante, que a acalmava. Afinal, ela era o gelo e a neve. Mas, infelizmente, ela não era a única. Ja...