Capítulo 13

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Capítulo 13

Pedro saiu da tenda, esperançoso, lembrando-se de que alguns guerreiros haviam saído para salvar Edmundo. Tinha ido descansar um pouco, pois o dia havia sido muito exaustivo. Aliás, aquela viagem a Nárnia era exaustiva e difícil de conciliar. Viu Oreius, o centauro que foi até a floresta atrás de Edmundo, já havia retornado. Ele apontou para um dos grandes rochedos e Pedro seguiu com o olhar, vendo Edmundo ali, conversando com Aslam. Susana e Lúcia saíram de suas tendas e seguiram o olhar do irmão mais velho.

- Edmundo! – gritou Lúcia, preparando-se para correr até ele, mas foi impedida por Pedro. Percebeu que Edmundo tinha uma conversa particular com o leão.

Aslam e Edmundo desviaram seu olhar para os Pevensie e o leão rapidamente disse algo ao moreno, que desceu do rochedo para ir até os irmãos. Ele se aproximou, de cabeça baixa e mãos enterradas nos bolsos, com Aslam logo atrás.

- O que passou, passou. – disse o leão aos três garotos. – Não vale a pena falar com Edmundo sobre o ocorrido.

Quando o leão se foi, Edmundo olhou acanhado para os irmãos, ainda esperando que eles o apedrejassem.

- Olá... – disse timidamente.

Lúcia correu até e abraçou o irmão, que retribuiu. Quando ela o soltou, Susana logo o abraçou.

- Você está bem?

- Um pouco cansado.

- Descanse um pouco. – disse Pedro.

Edmundo, de cabeça baixa, passou por ele em direção à tenda dos meninos.

- Edmundo. – chamou Pedro, virando-se para ele. Quando o moreno parou e se virou para ele, continuou. – Tente não se perder.

Edmundo sorriu e se afastou. Procurou por Selene por todo lado, mas não havia sinal da menina. Passou o dia inteiro à sua procura, mas não a encontrou. Ela estava realmente se escondendo dele na orla da floresta, para pensar. Queria pensar e ponderar se ficar era realmente o certo, como Aslam havia lhe dito. Talvez valesse a pena. Ela não tinha a nada a perder e se precisar, sempre havia a opção da fuga. Não que ela fosse, jamais! Mas caso algo desse errado na decisão de ficar, ela simplesmente retomaria a de ir.

Foi pensando nisso que Selene esbarrara em Edmundo. Ela não havia nem mesmo percebido quando saíra da orla da floresta e se encaminhara de volta até a tenda que dividiria com Susana e Lúcia. E teria caído com tudo no chão se o moreno não a tivesse amparado pela cintura.

- D-desculpe, eu sou muito desastrada... - ela ia se desculpando e assustou quando viu os olhos castanhos de Edmundo a observando divertidamente.

- Acho que a gente tem que parar de se encontrar assim, um dia eu ainda não vou conseguir te segurar. - ele disse, enquanto ela se afastava, e sorriu ao vê-la enrubescer.

E Selene amaldiçoou-se por ter a pele tão clara. Era sempre um problema quando estava envergonhada. Ficaram ainda algum tempo em silêncio, ela com a cabeça baixa e ele a observando atentamente.

- Bem, acho que eu vou descansar. - ela disse, antes de se virar.

Mas Edmundo não a deixaria ir tão cedo.

Segurou o pulso dela e a puxou para mais perto.

- Olha, eu queria agradecer... - ele disse desajeitadamente.

- Agradecer? - ela perguntou, confusa.

- Por ter tentado me tirar daquelas masmorras. - disse ele.

- Pena que não deu tempo. - ela sussurrou baixinho.

- É, ela ficou uma fera quando viu aquele gelo nas grades. - ele disse rindo.

- Olha, sobre isso... - Selene sussurrou, meio envergonhada.

- Ei. - ele a interrompeu, aproximando ao máximo seu corpo do dela e colocando uma mão sobre seu rosto, enquanto a outra a segurava pela cintura. - Deixa disso, você é perfeita.

- Perfeita?! - ela disse sarcástica e amarguradamente. - Eu não sou perfeita.

- Bem... - disse Edmundo, colando suas testas e roçando seu nariz do dela. - É perfeita pra mim.

E então ele a beijou. Não um simples toque de lábios, ou selinho rápido. Foi um beijo de verdade, daqueles que a fez agradecer por ele estar segurando-a firmemente pela cintura. Ela segurou os ombros dele, enquanto arqueava a coluna levemente para trás, enquanto Edmundo atacava sua boca com a língua. Era uma sensação boa, e que a entorpecia por completo. Quando a falta de ar se fez presente, eles se afastaram e inconscientemente, Selene sorriu sobre seus lábios.

- Continuo achando que não sou perfeita nem pra você. - ela provocou, roçando seus lábios nos dele e sentiu quando ele apertou mais fortemente sua cintura.

- Você é perfeita para mim, não adianta discutir. - insistiu ele, antes de voltar a beijá-la.

- Não existe perfeição em qualquer sentido. - disse ela sorrindo, assim que se separaram em busca de ar.

- Se eu tiver que te beijar toda vez que você me contrariar, vamos ficar com os lábios dormentes. - Edmundo provocou de volta, e Selene abriu um sorriso ainda maior.

- Acho que posso conviver com isso. - ela disse, antes de voltar a beijá-lo.

Por mais que perfeita fosse uma palavra simples demais para descrevê-la.

~*~

- Nárnia não vai ficar sem torradas. – brincou Lúcia.

Estavam Edmundo, Lúcia e Susana ao redor de uma mesa. E Pedro um mais distante, observando-os. Selene saiu um pouco depois da tenda que dividira com as duas e se sentou ao lado de Edmundo. Ele deu um beijo na bochecha dela e a abraçou rapidamente pela cintura, que sorriu abobalhada. Susana, observando a cena, percebeu que ela realmente não era como a irmã e resolveu que era hora de pedir desculpas.

- Selene. - ela chamou a atenção dela. - Eu queria pedir desculpas.

Desculpas?, perguntou-se Edmundo, atônito, e sentiu Selene se enrijecer ao seu lado.

- Pelo modo como te tratei. - continuou Susana.

E todos ficaram paralisados, esperando por uma reação de Selene. Que foi a menos esperada.

Ela sorriu.

- Não tem problema. - disse. - Se fosse ao contrário, eu provavelmente faria o mesmo.

- Não faria. - contrariou Susana. - E é por isso que te devo desculpas.

- Eu te perdoo. - disse Selene, sorrindo. - Não é isso que amigas fazem?

Susana sorriu.

- Preparem alguma coisa para a viagem de volta. – disse Pedro, depois de algum tempo em silêncio.

- Vamos pra casa? – perguntou Susana.

- Vocês. – respondeu Pedro, sentando-se à mesa com os irmãos e a feiticeira. – Eu prometi à mamãe que ficariam seguros. Não quer dizer que não possa ficar pra dar apoio.

- Mas precisam de nós. – disse Lúcia. – De todos nós.

- Lúcia, é muito perigoso. – insistiu Pedro. – Você quase se afogou e Edmundo quase foi morto!

- É por isso que temos que ficar. – intrometeu-se Edmundo. – Vi o que a Feiticeira pode fazer. E ajudei a fazer. Não podemos permitir que esse povo sofra por isso.

- Então já está decidido. – disse Susana, levantando-se.

- Aonde você vai? – perguntou Pedro.

- Treinar um pouco. – disse ela, pegando o arco e flecha.

Beauty QueenWhere stories live. Discover now