Capítulo 6
Feiticeira, humanos e o castor corriam o mais rápido possível pelo caminho que Edmundo seguira. Selene sabia que não adiantaria, mas não queria ver as esperanças deles se esvaindo, então simplesmente continuava em frente, guiando-os até palácio de sua irmã.
- Rápido! – gritou Pedro.
Pedro parou e Susana trombou nele. Foi para o dele e segundos depois, todos já estavam aninhados lado a lado, no topo da colina. Um imenso e assustador castelo formado de gelo – literalmente – se estendia no vale abaixo.
- Edmundo! – Lúcia gritou, sua voz estendendo-se por todo o vale silencioso.
- Shh! – pediu o castor. – Vão ouvir você!
- Não seria bom que os lobos de Jadis nos ouvissem. - disse Selene. - Ela está me caçando como a um narniano.
Pedro então, preocupado e furioso com irmão, ao saber que a Feiticeira Branca era capaz de caçar até mesmo a própria irmã, correu, quase descendo a colina. Mas o castor o puxou de volta.
- NÃO! – gritou o castor.
- Me larga! – ordenou Pedro, puxando o casaco.
- Está fazendo o que ela quer!
- Não podemos deixá-lo entrar! – retrucou Susana.
- Ele é nosso irmão! – concordou Lúcia.
- Ele é a isca! – disse o castor. – A Feiticeira quer vocês quatro! E estarmos com Selene piora, porque ela quer vocês cinco!
- Pra quê? – perguntou Pedro.
- Para impedir que a profecia se realize. Matá-los!
- Isso é tudo culpa sua! – acusou Susana a Pedro, mesmo querendo culpa realmente a Selene. Se ela era caçada, por quê ainda não se desfizeram dela?
- Minha culpa?! – defendeu-se Pedro.
- Pra começar, nada disso teria acontecido se tivesse me escutado!
- Ah, então você sabia que ia acontecer?!
- Eu não sabia o que ia acontecer. Nós devíamos ter saído enquanto podíamos!
- Parem! – gritou Lúcia. – Isso não vai ajudar o Edmundo!
Selene pegou o vidro e chamou pelos outros. Sussurrou o mesmo feitiço de reflexo, e observaram, juntos, a chegada de Edmundo até o palácio.
Viam Edmundo caminhando ao longe, por entre estátuas em tamanho real. Ele não lhe parecia muito bem ao andar por ali. Eram várias as criaturas que Edmundo via. Minotauros, centauros, faunos, coelhos, raposas, pássaros. Todos petrificados em expressões de extrema agonia, defesa e coragem. Equipados como se estivessem em guerra, em posição de defesa ou ataque. Para Edmundo, as estátuas eram realistas até demais.
Edmundo pisou em um graveto e olhou pro lado, onde tinha um tigre que arregalava a boca, com as presas de fora. Edmundo pegou um graveto e se aproximou de tigre, passando a mão sobre o focinho e tirando a neve que caíra ali. Passou o graveto pelas dobras no pelo e sorriu ao ver a beleza da estátua.
Edmundo continuou andando e passou por cima de lobo. Mas não este não era estátua. Ladrou para Edmundo, que no susto, caiu no chão. O lobo foi pra cima dele, quase enfiando as garras na pele do peitoral do menino.
- Parado, estranho, ou não se moverá mais. – ganiu o lobo. – Quem é você?
- Sou Edmundo. – respondeu. – Conheci a Rainha no bosque! Ela me disse para voltar aqui. Eu sou um Filho de Adão!
- Peço desculpas – disse o lobo, saindo de cima do menino –, feliz favorito da Rainha. – Edmundo sentou-se e observou o lobo indo em direção a uma porta. – Ou melhor, nem tão feliz assim.
Eles subiram grandes escadas feitas com gelo, em direção a um grande salão, onde estava o trono da Feiticeira.
- Espere aqui. – disse o lobo.
Edmundo então olhou ao grande trono e se aproximou, olhando para os lados para verificar se não havia ninguém. Sentou-se no trono de gelo, onde havia um grande casaco de pele branco estendido sobre o assento.
- Gostou? – perguntou a Feiticeira, aparecendo ao seu lado.
Edmundo levantou-se rapidamente.
- Sim... Gostei, Majestade. – afastou-se um pouco enquanto a mulher se sentava no trono.
- Eu já imaginava. – respondeu ela. – Diga-me, Edmundo... Suas irmãs são surdas?
- Não.
- E seu irmão... Ele é um débil mental?
- Bom, eu acho, mas diz...
- Então – gritou, levantando-se. - , como você ousa vir sozinho?!
- Eu tentei! – disse Edmundo, se afastando.
- Edmundo, eu pedi tão pouco a você.
- Eles não me escutam!
- Não conseguiu nem isso?
- Trouxe eles até metade do caminho! Estão numa casinha no dique com os castores.
Silêncio.
- Ora... – disse ela. – Eu suponho que não seja um completo inútil, não é?!
- Droga! - xingou Selene, assim que ela desfez o feitiço de reflexo.
- Por quê parou?! - perguntou Pedro.
- Porque não temos muitos tempo. - ela respondeu, empurrando todos de volta pelo caminho de onde vieram.
- O quê? - perguntou Lúcia, confusa. - Por quê?
- Se ela sabe que estamos no dique dos castores, irá mandar a matilha de lobos atrás de nós. - respondeu Selene e, como para confirmar sua afirmação, um uivo foi ouvido no calar da noite.
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Beauty Queen
Teen Fiction"Selene andava calmamente pelo palácio, arrastando seu vestido branco preferido e sentindo o frio típico que o gelo lhe dava. Ela uma sensação reconfortante, que a acalmava. Afinal, ela era o gelo e a neve. Mas, infelizmente, ela não era a única. Ja...