O amor é uma rua torta

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O amor é uma rua torta

Tropecei em uma pedra e caí.

Desregulada, com pedregulhos

Fui entrar e sair já não pude mais.

Batendo pés em labirintos

Que chovem atordoados lamentos.

Te digo a mim que

A sua ausência virá a ser uma tortura

Que me destrói e me machuca.

Que me queima, como queimam uma

bruxa na praça pública.

Que me devasta como destrói um tormento.


Sem caminhos, sem escolhas,

Um vazio olhar profundo

Perdido em meados da escuridão

E faminto, aceitando qualquer despreparado.

Qualquer pobre coitado

Em lágrimas de oliva

Ardentes, voluntárias,

Que no seu grito, correm e falam

Que nasci para você para mim.


Em meus dedos, seus dedos.

Em tua voz, a minha voz

Ecoando como uma gota d'água.

Não te quero para sempre,

Te quero ao fim do tempos!

Com nossas artérias eternizadas

Em nossa carne putrefata e já cortada.

Nosso sangue coagulado,

Compartilhado nos mais ternos braços

Dos nossos já falecidos pais.


O seu amor que é um vermelho

De dor, preenchendo páginas em branco.

Que queimas, assim como plantas meu amor

Na terra mais quebrada

Seca, dura, despreparada,

Dessa longa rua torta já esquecida.


E te sinto como um brando

Aconchegado em meus gélidos braços

E rindo da minha subsistência

Desperdiçando a minha vida na tua

Quando sei que detestas a minha.

Quando sei que não me darás nada.

E ainda assim, insistirei em nosso amor.

Insistirei em nosso amor.

Insistirei em nosso amor.

Insistirei em nosso amor.


Até o desabar dos céus

Dessa deserta rua torta

Que já não podemos mais escapar.


E nessa ausência que tanto sinto ao seu lado

Deixar-te-ei partir colhido, desabrochado

Sem saber quem foi o adubo a te fazer crescer.

Serei eu, aqui, vendo-te cruzar a esquina

E achando um caminho reto

Depois dessa madrugada na gélida rua torta

Em que só os desapaixonados podem sair.

Euphoria (Disphoria)Where stories live. Discover now