Às vezes, no ápice dos meus tempos vagos, eu me esvazio por completo, sento na beirada de minha cama, e pergunto-me: Quem sou eu?
Quem sou eu? Quem sou eu? Parece que a cada segundo a pergunta fica menos complexa, mas não como se realmente lhe houvesse um sentido.
Passo horas e horas perguntando-me, questionando-me... E a resposta? Diga-me você, pois nunca consigo encontrá-la.
Isso me atordoa tanto, pois todos os dias viraram a mesma rotina embasada no quanto eu me sinto só.
O teto do meu quarto, por exemplo, é o único que sabe da minha solidão. Mas mesmo assim, ele não pode apenas me dar uma resposta, pois agora também se debate com a pergunta que ecoa de minha mente, mas sai em forma de lágrimas.
A cama também parece entender-me. Os travesseiros ensopados, o edredom manchado. Até mesmo a velha almofada que de nada me serve. Todos parecem entender-me, e pra quê?
Já me sinto tão perdida nessa vida envolta de nuvens cinzas fazendo perder-me ainda mais e mais de quem, algum dia, eu já fui.
Não creio que os raios de sol poderão voltar a me acertar... Ou a brisa quente do verão. Tampouco as flores da primavera, o colorido das folhas do outono... Muito menos alguém.
Meu entorno é apenas essa solidão incessante onde me lamentar é a única coisa que me mantém viva, perdendo cada vez mais o foco no meu próprio ser.
E sempre que parece que encontrei uma responda para essa maldita pergunta, ela se perde assim como cada pingo de esperança que já residiu em meu corpo inútil.
Me debato tanto, me questiono tanto. Tudo o que eu tinha agora se foi, inclusive, eu própria. Quem sou eu? Quem não sou eu? Sou alguém, para início de conversa? No fim das contas, o que me resta é aceitar a perdição que a minha vida destinou-se a ser.
Meu nome não significa mais nada. Minha aparência tornou-se invisível. Tudo ficou tão frio e sombrio que o que me resta é chorar e chorar.
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Euphoria (Disphoria)
PoetryPalavras podem ser incrivelmente proféticas, como mensagens, avisos ou uma simples conversa que precisávamos ter conosco mesmos. Um sentimento preso que é finalmente posto para fora. Muitas vezes não sei o que quero dizer... nem se eu quero dizer a...