Artemísia

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Eu não quero.
Pois sou dona de mim.
Das coxas, do ventre,
Da boca, do corpo.
Da ponta dos dedos
Ao fundo dos céus.
Não vai viver pois
Sou eu quem vivo.
Sou o Deus vivo,
A razão divina do ser
Estar, fazer. Do que
É ou foi. E não será.
Pois eu não quero,
E o que basta é eu
Não querer.
E eu não quero.
E eu não sou uma
Praga. Sou uma planta.
Da Índia para um chá.
Sou o expurgo em
Abstinencia própria,
Mas livre da culpa
E desatinada da própria
Natureza. Defeituosa.
Mas ainda não quero.
E não há palavras de
Moralidade, lealdade,
Opiniões que me
Façam dizer sim.
Pois o querer não afeta
Aqueles que cometerão
O que eu deixar de
Cometer. Mas não!
Ainda digo que não quero!
Quero a abstenção da
Loucura a tomar minhas
Veias. Quero a paz,
Ser a paz. A minha própria
Carne. O meu único gosto.
Ainda humana. Sem
Dores, nós, ramos.
Ser minha própria árvore.
Minha própria linha.
Continuar sendo feliz.
É, não, eu não quero
Viver na base de um
Sonho, e lutar por ele.
Eu quero plantar, enraizar
E florescer no presente
Sem ser um pecado,
Mas uma escolha dentre
Naturalidades.
Eu não quero, e eu não quero
E não vou ser!

Euphoria (Disphoria)Where stories live. Discover now