Os Trigémeos Styles (tradução)

Capítulo 35 (Parte 1)

O Marcel continuou atrás de mim e entrámos no ginásio em silêncio. Não tinha mais nada para lhe dizer.

-Boa tarde. - dissemos os dois em uníssono ao homem que se encontrava na recepção. Ele olhou para nós sem expressão e mais tarde elevou uma sobrancelha à espera de que falássemos.

-Olá. Somos o Marcel e o Harry Styles. - disse o meu irmão. - Queríamos inscrever-nos  nas aulas de boxe do senhor Edward Styles. - disse ele todo convencido.

Olhei para ele perguntando-me como era possível que fosse tão educado e parvo ao mesmo tempo. O homem esboçou um sorriso de satisfação mas não mencionou nada sobre as grandes semelhanças que tínhamos os dois com o dito treinador de boxe.

-Está bem, preencham estes formulários. - disse estendendo-nos os papéis. - Têm que depositar um mínimo de setenta libras neste número de conta bancária. - disse ele fazendo um círculo à volta do número da conta. Nós os dois assentimos. - Depois trazem-me tudo. Sexta-feira às sete é a primeira aula, podem trazer-me as inscrições nesse mesmo dia.

Os dois assentimos e agradecemos antes de sair para ir para casa. Voltámos a subir para o carro e o Marcel bufou.

-Acho incrível termos que pagar ao nosso próprio irmão. - disse ele.

-Também eu. - confessei.

 Bella

Saí do meu quarto e fui à casa de banho para tomar banho. Depois de sair de lá, desci as escadas para fazer o jantar, porque eu era a que estava encarregada de fazer o comer enquanto os outros tinham diversas tarefas cada um.

-Olá. - virei-me e vi o Marcel na porta da cozinha. - Já voltámos .

O Harry apareceu atrás dele e cumprimentou-me. Voltei a virar-me, ignorando-os aos dois. Não lhes pensava dar a satisfação de agir como se nada se tivesse passado depois de tudo o que tinham feito.

-Vais estar assim para sempre? - disse Harry abraçando-me por trás, fazendo com que me sobressaltasse.

Maldito trigémeo, ele sabia que o meu ponto fraco eram os abraços. Beijou a minha bochecha docemente.

-Vá lá, desculpa. Fiquei demasiado competitivo com o Marcel. - sussurrou e voltou a beijar-me a bochecha, sabendo muito bem que com este tipo de tratamentos podia conseguir qualquer coisa de mim. - Perdoa-me.

Bufei e ouvi como alguém fechava a porta da cozinha. Virei-me precipitada para ver que o Marcel já não estava e me encontrava sozinha com o Harry. Este Marcel é sempre igual, deixava-me sozinha com o seu irmão e depois vinha e beijava-me como se não houvesse amanhã. Não conseguia entender o seu comportamento mesmo que tentasse inúmeras vezes.

-Harry, vocês abusaram. - disse eu com a cabeça virada para olhar para ele. Ele semicerrou os olhos.

-Eu sei e, desculpa, a sério. - disse ele.

-Vocês usaram-me como se fosse uma boneca para ver quem beija melhor.

-Desculpa. - repetiu. - Mas não suporto que ele se ponha assim, não posso simplesmente ignorar.

Suspirei e voltei a afastar o olhar. Sem me soltar, procurou a minha mão e entrelaçou-a com a sua. Uma descarga elétrica provocada pelo seu tato atravessou-me depois desse gesto.

-Porque é que fazes isto? - disse apagando o fogão para que nada se queimasse enquanto o Harry me distraía. Ele sabia exatamente a quê me referia . Estava-me a referir ao seu comportamento para comigo.

-Fazer o que? - perguntou ele fingindo confusão.

-Preocupar-te por mim, estar sempre comigo, dar-me mimos por saber que eu gosto. Porque é que fazes isso?

-Não sei. - fez uma pausa. - Acho que é porque gosto de ti.

Virei-me e ele agarrou-me pelas ancas enquanto o meu coração parava pela emoção. Mesmo assim, essas não eram as palavras que eu queria ouvir neste momento. Inconscientemente, queria ouvir sair dos seus lábios algo mais forte, porque às vezes  é impossível não o fazer. Mesmo que lutes com todas as tuas forças, não é suficiente, porque acabava por te arrastar com ele mesmo que se tente evitar.

Baixei o olhar.

-Só gostar? - disse, tentando tirar a ideia de que com "Gostar" ele se estava a referir a "Quero que vás para a cama comigo e depois podes ir embora". Se calhar estava a exagerar. Se calhar ele não era tão perverso como eu pensava, ou como eu queria acreditar.

-Isso depende da maneira como vês as coisas. - respondeu colocando uma madeixa do meu cabelo atrás da minha orelha.

-Como é que é suposto eu ver isso? - respondi.

Mordeu o lábio duma maneira brincalhona e revirou os olhos, fazendo com que toda a seriedade da conversa desaparecesse, incitando-me a soltar um pequeno riso.

-Da maneira boa. - respondeu. - Gosto muito de ti e, mesmo que não acredites, o meu maior interesse não é ir para a cama contigo.

Olhei-lhe fixamente nos olhos, tentando ver se aquilo era mesmo a sério. Não sabia. Com ele nunca tinha nada claro. Um sorriso desenhou-se nos seus lábios, fazendo com que os meus olhos se pousassem neles. Cativantes. Sedutores. Perfeitos. Essa era uma maneira muito explícita de descrever os seus lábios, e senti a incómoda tentação de os beijar. Algo me gritava que me colasse a eles como um íman. Que me colasse a ele. Mais uma vez, senti a sensação de que o meu lugar era aqui, com ele. Mas não conseguia parar de pensar que isto era apenas o meu cérebro a enganar-me. Ele provavelmente estava só a jogar comigo, com os meus sentimentos, e apesar de me sentir imensamente atraída por ele, o meu orgulho impedia-me de tudo. 

O Harry pareceu aperceber-se da discussão interna que estava a ter comigo mesma.

-Porque é que não deixas de te opor e me beijas duma vez? - sussurrou divertido, porém, sério. Tinha razão, porque é que me opunha? Se calhar, era porque não estava preparada para me apaixonar por alguém e depois ficar destroçada outra vez quando tudo acabasse. Mas um beijo não fazia mal a ninguém, certo?