Capítulo 35 (Parte 2)

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Mordi o lábio e ele sentou-se na mesa que estava mesmo atrás dele, ficando da minha altura. Rodeou-me a cintura de novo e coloquei-me entre as suas pernas enquanto olhávamos um para o outro. Levei a minha mão até a sua nuca e, pouco a pouco, fomo-nos aproximando até unir os nossos lábios, mesmo depois de fechar os olhos.

Não podia descrever com exactidão como se sentiam essas borboletas no meu estômago, mas estavam lá devido ao que o Harry me estava a fazer. Movimentava os seus lábios com lentidão e paixão. Este beijo não tinha nada a ver com os outros que me tinha dado, nem com nenhum que alguém alguma vez me tinha dado em toda a minha vida. Ele estava a tentar demonstrar-me algo, dizer-me algo entre aquilo tudo. Esta era a sua maneira de se expressar, e a mim custava-me decifrá-la às vezes.

Uma pontada no coração fez-me parar de repente e olhar para ele, lembrando-me das palavras que me tinha dito no dia em que se embebedou.

"Fica comigo."

"Não me deixes tu também."

E, atuando como a grande cobarde que sou, fiz com que ele me largasse.

-Eu, hm... - gaguejei nervosa. - Desculpa.

Abri a porta da cozinha encontrando o Edward na sala de jantar, olhei para ele e não pude evitar lembrar-me do Harry e subir as escadas a correr, tropeçando com o Marcel. Ignorando  as suas desculpas, entrei rapidamente no quarto, atirando-me para a cama.

Isto ultrapassava-me, não podia controlar o que sentia. Todos os meus sentidos viravam-se para o Harry dizendo-me que não o deixasse, mas depois a minha mente lembrava-se do Marcel e da Paola, matando-me por dentro. Enquanto não conseguisse aclarar as coisas com o Harry, que podia fazer? Não sabia, mas estava assustada, porque se de algo tinha eu a certeza, era de que não ia correr bem.

Edward

Cheguei a casa depois do treino com as crianças inúteis. Sim, era assim que os chamava. As nojentas crianças inúteis. Estava a morrer de sede, por isso fui até à cozinha buscar água . Deixei a mochila com as luvas e as coisas no chão e abri a porta da cozinha, encontrando-me com algo que não me devia ter incomodado, mas incomodou. Fechei a porta de repente, mas sem fazer nenhum barulho.

-Merda. - disse em voz baixa e sentei-me no sofá tentando perceber-me.

Vamos lá ver, Edward, deixa de pensar nessa puta. Porque é que senti como se o ar me faltasse quando a vi praticamente a comer o meu irmão? Não, vamos lá ver, caralho. Isto não te pode acontecer, Edward. Ela é uma puta, vai com o Marcel e depois com o Harry. Puta, é uma puta. E, para além do mais, disseste ao teu irmão para a conquistar.

Uma puta de que gostas e não queres admitir, disse uma voz na minha mente.

Não gostava dela.

Levantei-me preparando-me para subir as escadas e vi como a Bella saía da cozinha e o Harry olhava para ela com muito má cara.

Agora era o meu espírito de querer saber tudo que me fez ir até à cozinha e ficar a olhar fixamente para o Harry enquanto bebia água.

-Que se passa, mariquinhas? - disse eu.

-Não me chames mariquinhas, não estou de bom humor. - respondeu pegando numa banana. Que obsessão que esta família tem com bananas. Sem levarmos para o lado perverso, claro.

-Mandou-te à merda outra vez? - perguntei e, para ser sincero, queria ouvir um sim.

-Não. - disse ele e olhou para mim.- Finalmente parecia que a tinha, e de repente escapou por entre as minhas mãos. É sempre igual, já não sei o que fazer.

-Não faças nada. - disse eu. Deixa que eu faço. E saí dali a sorrir sem sequer saber porquê.

Harry

Saí da cozinha e chamei o Niall, precisava de falar com ele. Mesmo que fôssemos amigos há pouco tempo, podia dizer que ele era o melhor amigo que nunca tive. Saí de casa e entrei no carro em direção à residência onde ele morava.

A minha cabeça estava feita um oito e os meus lábios inchados de tanto mordê-los para reprimir a raiva. Tudo me corria mal. Já não sabia o que fazer para mostrar à Bella que não era má pessoa como ela pensava, e também não sabia como lhe explicar a necessidade que sentia de estar ao pé dela a toda a hora. De, por primeira vez, querer algo sério e íntimo com alguém. Já não ia para a cama com alguém há semanas e não o queria fazer porque, mesmo que não o quisesse admitir, a companhia que procurava ao ter sexo com alguém não era nada comparada à que eu tinha quando a Bella estava nos meus braços. Por uns momentos, com isso tinha o suficiente, mas depois olhava para ela de cima a baixo e a vontade de despi-la e fazer-lhe de tudo invadia-me. O facto de sentir que num momento a tinha e que minutos mais tarde já me era inalcançável chateava-me. Chateava-me muito.

Cheguei à residência do Niall e subi até o seu quarto. Ele abriu a porta depois de eu ficar impressionado pela confusão que podia chegar a haver numa residência de estudantes.

-Que se passa, Harry? - perguntou fechando a porta enquanto eu me atirava para a sua cama. Encolhi os ombros e expliquei-lhe o que se tinha passado com a Bella. - Vai ser complicado, Harry.

-É essa merda de reputação que tenho. - disse eu. - Não sou mulherengo nem vou de cama em cama, apenas sou um pouco perverso, há alguma coisa de mal nisso?

Ele encolheu os ombros.

-Não sei. - disse ele. - Ninguém entende as mulheres. A Lottie está empenhada em que me deixe de vestir como o seu avô.

Soltei uma gargalhada, lembrando-me de que era exatamente isso que dizíamos ao Marcel.

-Disse-lhe que não. - continuou. - E castigou-me sem sexo. - disse ele incrédulo.- É inacreditável.

-Mas ela faz isso porque te adora. - disse eu.

-Sim, isso é verdade. - disse ele sorrindo como um parvo. Eu ri-me. - Não te rias de mim, petardo!

Voltei a rir.

-Petardo? A sério?

-Sim. - respondeu satisfeito. - A sério, vamos dar em doidos.

-Já estamos. - confessei.

 -É verdade.

O Niall deitou-se no chão e eu na sua cama enquanto falávamos de qualquer coisa. Era sempre bom passar um bocado a falar do que quer que fosse. Porém, não me conseguia esquecer da Bella.

Marcel

"Não te vás embora, não te vás embora", disse-me a mim mesmo outra vez. Mas algo me dizia que não a podia afastar do Harry, mesmo que ao mesmo tempo a quisesse só para mim. O Harry tinha razão, não podia ficar com as duas. Por isso, tinha que conseguir decidir rápido, apesar de não saber como.

Fui até ao quarto da Bella e vi-a deitada na cama.

-O que é que se passa? - perguntei-lhe e ela negou com a cabeça. - Anda lá, Bella, podes contar-me.

-O Harry. - disse ela. - O que se passa é o Harry.

-Fez-te alguma coisa? - perguntei e ela negou com a cabeça. - Então?

-Não sei Marcel, não sei. - respondeu.

Os Trigémeos Styles (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora