Cresci numa cidade pequena,
E quando a chuva caía,
Eu assistia pela minha janela,
Sonhando com o que poderia ser,
E se eu teria um final feliz,
Eu rezava.- Kelly Clarkson, Breakaway
Ariana
POUCO ANTES DAS SEIS horas, eu já estava totalmente pronta. Pedi uma maquiagem simples e natural, mas mal me reconheci em meio a tanto vestido. Não esqueci, claro, de fazer um "stories" no Instagram com o resultado final.
Quando menos esperava, já eram seis e quinze; me atrasei com essa brincadeira de fuçar rede social. A minha, mesmo bloqueada, estava lotada de pedidos de amizade de gente que nunca conheci.
— O povo não tem noção não, acham que vou aceitá-los...
— Foi bem assim quando Elizabeth inventou de abrir uma conta, foi a maior confusão. A acessória de imagem precisou intervir pela repercussão de uma foto de biquíni. — contou Isabel.
— Espero que não façam isso comigo. Não quero ser privada de postar o que gosto.
— Sua conta é privada, a dela era pública. Não vai ter esse problema.
Nossa conversa é interrompida com a chegada da governanta velha.
— A família real solicita vossa presença.
— Vamos! — Isabel falou me puxando.
...
O salão estava mais lotado do que no dia do casamento. Inúmeras pessoas na multidão vestiam vestidos de gala ou terno e gravata e usavam mascara. No trono, a família real estava. Reconheci meu pai e Anastácia lado a lado e neste mesmo momento me perguntei se seria convidada a me sentar junto a eles e, para minha surpresa, a resposta foi sim.
— Aqui em Ephilia, o casamento representa não apenas a união de um casal, mas de duas famílias. Seu pai se tornou um duque, então agora você é vista como parte da nobreza. — Isabel explicou.
— Eu? Nobre? Só se for na Disney.
Naquele momento, lembrei de Anastácia alertando que eu fazia parte da família real e teria que aprender etiquetas e essas coisas chatas. Não levei isso realmente a sério. Fomos orientadas a sentar-nos junto do rei em cadeiras estufadas.
— Agora vem a melhor parte: a fila quilométrica para apresentar-se ao meu pai! — disse, sarcástica mente. — Vamos ficar pelo menos uma hora aqui, sem fazer nada.
— Que droga...
Suspirei fundo. Nem podia usar o celular! Passou apenas um quarenta minutos e, quando a ultima pessoa apresentou-se, finalmente fomos liberadas para curtir a festa. Estranhamente, algumas pessoas começaram a me olhar estranho e ouvi algumas palavras como "americana".
Tentando ignorar isso, me dirigi até uma sacada, respirando fundo. Quando olhei para o lado, uma das princesas ruivas se aproximou. Isabel.
— Até que você, vestindo-se assim, está adequada para a realeza. — disse.
Era para ser um elogio? Com certeza não é Isabel. É a princesa Elizabeth.
— Obrigada?... — soou mais como uma pergunta do que uma afirmação.
Me afastei e, enquanto procurava por meu pai, o príncipe apareceu na minha frente.
— Me concederia esta dança?
Ótimo. Agora parece que todos os filhos do rei estão me perseguindo.
— Claro, Alteza. — disse, sarcasticamente. Minha paciência já estava se esgotando.
Segurei sua mão e ele me conduziu até o centro do salão. Coloquei minha mão em seu ombro e ele apoiou a sua na minha cintura. Me lembrei automaticamente nos ensaios para minha festa de dezesseis anos. Um, dois, três, quatro. Movimentei meus pés nesse ritmo. Começamos a dançar pelo salão na roda aberta para todos os casais. Até que tínhamos ritmo. Era estranho sentir sua respiração tão próxima ao meu rosto. Ela era quente. Senti meu rosto arder.
Quando a música acabou, me afastei dele enquanto as pessoas batiam palmas. Por que estou corada? Andei rapidamente para longe dele, pensando em me esconder na mesa de doces, mas ele começou a me seguir, dizendo alguma coisa. De repente, eu cai sobre a mesa, quebrando tudo e me melando de comidas chiques. Senti todos aqueles olhares sobre mim.
"Tinha que ser a americana."
Quando minha mãe morreu, todos os olhares caíram sobre mim. Mas as pessoas não se importavam de verdade como eu me sentia. Elas não sabiam o que eu sentia.
Naquele momento, desejei que as mascaras disfarçassem quem eu era. Corri o mais rápido que podia para fora do salão; corri para o jardim. De repente, a casa na árvore surgiu em minhas memorias. Enquanto seguia em direção a ela, pingos de chuva molhavam meu vestido e limpavam minhas lágrimas.
Subi na grande estrutura de madeira e fiquei lá, chorando e com frio.
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Quase Princesa || Livro 1 [COMPLETO]
RomanceTudo que Ariana menos esperava era ver seu pai se casar de novo. Para completar, com uma princesa de uma ilha europeia. Aos dezessete anos, da noite para o dia, Ariana Morris descobre que seu pai, Thiago, se casaria novamente em poucos meses. Agora...