Capítulo 2

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HALSEY

Fico revirando na cama decidindo se respondo ou não o e-mail dele. Talvez seja o poder do álcool no meu sangue, mas sinto a coragem estufar meu peito e quer saber? Vou fazer isso.

De: Miller, Halsey
Assunto: Destino?

Caro, Sr. Carter.

Interessante saber que estava pensando em mim, quando eu nem sequer lembrava mais de você.

Não existe nada entre nós.

Uma pena não saber lidar com rejeição, fica para você esse aprendizado.

Terei uma excelente noite com certeza.

Minha mão paira sobre o botão de enviar, fico imaginando mil e uma coisas que podem dar errado nessa situação. Posso perder o emprego sem nem ao menos começar, posso ser realocada para o pior projeto ou, podemos agir como adultos e não deixar que o que quer seja isso, interfira na minha vida profissional. Risório. Isso nunca daria certo.

A porta do meu quarto quase quebra ao bater violentamente na parede, levo a mão ao coração para acalmar minhas batidas e vejo um Tomas sorridente encostado no batente.

- Fora, agora! - grita todo autoritário - Hoje vamos celebrar o novo emprego, então trate de por uma roupa sensual que vamos para a Point D.

- Fizemos isso no almoço que levou horas, lembra? - respondo sarcasticamente. Ele me ignora e cruza os braços.

Essa balada fica na área nobre da cidade, o lugar é sensacional. Sempre insisto para não ir e tento convencê-lo a desistir e procurar outra coisa, porque não tenho grana para frequentar lugares como aquele, mas como em todas as vezes, ele vence a batalha. O garoto é bom de argumentos.

- Sem dinheiro, amigo. - tento. Ele revira os olhos e seguro o riso. Eu o amo tanto.

- Toda vez isso. - suspira dramaticamente e declara - Não te fiz um convite, gata. Você tem quarenta minutos para ficar maravilhosa. - sai do quarto sem nem ouvir minha resposta novamente e como sei que nunca ganho uma discussão com ele, vou para o banheiro me arrumar.

Escolho um vestido preto colado e um scarpin preto também. Coloco um colar comprido e um brinco de argola pequeno, uma maquiagem leve, mas esfumaçada e um batom vermelho, aquele toque necessário.

Olho meu reflexo e fico satisfeita. Meu rosto está corado o dia todo, mais precisamente, depois do meu encontro dessa manhã. Preciso de uma bebida, juro que é a última, e de muita dança, só assim para limpar a imagem dele do meu organismo, daquele corpo caminhando preguiçosamente e me enlouquecendo.
Por mais que seja errado ter esses pensamentos sobre o meu futuro chefe, é difícil não imaginar coisas com aquele homem sendo tão delicioso.

A boate está lotada, como sempre. Estou tentando encontrar uma mesa há vinte minutos e nada, desisto e vou ao bar sozinha. Tomas foi pra pista caçar, como ele mesmo disse, nojento, eu sei.

- Um dry martini, por favor. - peço ao barman e entrego minha comanda.

Enquanto meu pedido entra na fila, aproveito para conferir o ambiente.
Vejo uma mulher gritando ao longe, mesmo com todo esse barulho, é possível perceber que se trata de uma confusão. A tensão entre ela e o homem é quase palpável. Não tenho muito o que fazer agora, então não me julgue. Ela levanta os braços e gesticula, parece estar muito chateada. Entediada, fico imaginando os motivos daquilo e começo a bolar minhas teorias enquanto espero minha bebida. Seu namorado veio escondido e ela pegou no flagra ou pode ter sido apalpada por ele estar tão bêbado, ou simplesmente foi queimada, sem querer, por um cigarro, sei lá. Com toda a certeza desse mundo pequeno, o que não fazia parte dessa brincadeira era quem seria o cara. Maldição. Sr. Carter. Mais um clichê. O encontro inesperado. Sorrio.

ANTONY  Uma noite * livro 1 DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora