Capítulo 19

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HALSEY

— Acorda, linda. — sussurra e me viro para o lado, colocando o travesseiro sobre a minha cabeça em seguida.

— Ainda não. — murmuro sonolenta, ele ri baixo e puxa minhas cobertas, e meu corpo todo se arrepia com a falta do calor — Por favor, não. – choramingo.

— Vamos, Miller. O caminho de volta é longo. — seus dedos deslizam pela minha perna em uma carícia silenciosa e me contorço com seu toque. — Alguém está acordando. — comenta rindo e sinto sua mão subindo até minha cintura.

— Merda, Antony. — dou um grito e tento me afastar quando começa a fazer cócegas em mim, tento empurrá-lo com meus pés, tirá-lo de cima, estou gargalhando de desespero, odeio essa coisa, é angustiante. Meus olhos começam a lacrimejar sem controle, ele é forte e estou me esforçando, mas seu peso é demais e cobre minhas pernas com as suas, me prendendo. Estou a um passo de socar a sua boca — Chega, por favor. — imploro.

— Tudo bem. — diz e caminha até o banheiro — Você tem dois minutos para vir até aqui, Miller. — estou ofegante e toda bagunçada, mas não penso duas vezes antes de ir atrás dele.

Não sei dizer a quantas horas estamos nessa estrada, está tão quente que o ar condiciona parece que não está funcionando e parece exatamente a mesma rodovia o tempo todo.

— Na próxima vez vamos vir de avião. — comento e ouço sua risada.

— Não existe aeroporto próximo, querida. — diz cinicamente.

— Você pode construir um. — retruco.

— Claro. — responde e olho para o lado, ele fica sério, mas posso ver que está segurando o riso.

— Combinado. — respondo achando graça e sua mão se estica até a minha perna, permanece assim e gosto desse contato, essa atenção dele em cada detalhe, sempre me tocando quando pode é uma sensação diferente, como se não pudesse se manter longe de mim.

Encosto a cabeça no vidro e meus pensamentos me levam a tudo que aconteceu nesses últimos dias, fico repassando cada coisa, revivendo as recém lembranças, guardando tudo em um espaço reservado para nós no meu coração.
Sinto que avançamos mais nesse final de semana, conheci um pouco mais dele, mais um pedaço de como tem sido sua luta pela superação e sua busca por redenção, ele está indo bem, só precisa aceitar que merece ser feliz, apesar de toda aquela tragédia.

— Ei. — aperta minha coxa e olho para ele — Vou parar no próximo posto, preciso fazer uma ligação, tudo bem por você? — balanço a cabeça em afirmação e ele sorri. Leva minha mão até seus lábios e deixa um beijo ali. Que graça. Pouco depois, sai da estrada devagar e estaciona, destravando as portas na sequência e descemos.

— Já volto. — avisa e levanta o aparelho até a orelha, caminhando apressado. Pego minha bolsa e vou até a lanchonete.

Estou voltando, gato. Acredito que chego até o anoitecer. Beijos, saudades!!

Envio a mensagem para tomas e coloco celular no bolso de trás da minha calça. Ouço um sino ao entrar e vou até uma mesa afastada. O local está vazio, bem vazio, aliás. Sento e espero para ser atendida.

— Um café, por favor. — peço ao ver uma senhora se aproximando.

— Mais alguma coisa?

— Só o café, obrigada. — ala anota e leva até o balcão o meu pedido, acompanho seu movimento entediada, até sentir meu celular vibrando.

Ótimo, estou de olho. Saudades também, boneca. Beijos.

Fique em paz, maluco. Daqui a pouco estou aí. — respondo e clico no ícone do Facebook, fico rolando entre as postagens enquanto aguardo o café.

ANTONY  Uma noite * livro 1 DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora