Bônus

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Bernardo

Eu estava especialmente nervoso. Primeiro porque em anos trabalhando no instituto, era a primeira vez que eu iria usar a minha folga para realmente descansar. Segundo porque era a primeira vez que meu apartamento iria receber a visita de uma mulher que não fosse minha mãe e nem a minha empregada. Então sim, eu estava bem nervoso. Conferi todo o ambiente pela vigésima vez, abri pouco as janelas porque não seria bom Juliana receber friagem. Queria preparar um lanche para ela, mas a sonda não permitia isso. Então fiz brigadeiro, pois ela me confessou que era seu doce favorito no mundo, e iria deixá-la provar o sabor nos meus beijos.

Se eu pudesse tirar o maldito câncer dela com as minhas próprias mãos eu tiraria. Quando verifiquei tudo novamente constatando que nada estava fora do lugar, segui para o banheiro e tomei um banho rápido. Depois me senti um adolescente de novo, me arrumando ansioso para finalmente ir buscá-la.

Cheguei mais cedo que o combinado. Queria vê-la logo. E então ela apareceu. Usava uma blusa rosa claro combinando com o lenço na cabeça, e uma saia vermelha. Ela andava devagar e abriu um sorriso que por um segundo me desestabilizou. Parecia em câmera lenta. Eu me sentia um bobo a olhando.

— Chegou cedo! — Ela comentou e eu a abracei instintivamente.

— Estava louco para te ver. — Confessei e ela corou o rosto.

— Também estava ansiosa para te ver. — Respondeu timidamente e eu segurei seu rosto já não suportando mais a distância entre nossos lábios.

Beijei suavemente sua boca e seus braços enlaçaram meu pescoço. Me afastei um pouco e flagrei seu doce sorriso ao me olhar. Era tão linda!

— Vamos? — Chamei e ela assentiu.

Abri a porta do carro e ela entrou cautelosa. Fechei e dei a volta entrando também. Abri um pouco as janelas porque não era bom ela ficar em um lugar sem ventilação natural.

— Como Leo e Arthur estão?

— Ótimos. Ficaram jogando. Estão viciados em Minecraft. — Contou me fazendo rir.

— E você? Também joga?

— Não, prefiro escrever mesmo.

— E o que anda escrevendo?

— Histórias árabes. Ando apaixonada por outras culturas. — Respondeu entusiasmada.

— Não sabia dessa sua paixão. Conte-me mais sobre. — Pedi e ela riu visivelmente empolgada.

— Gosto de romances fortes. Grandes amores misturados com culturas e tradições enraizadas.

— Parece bem interessante. Quero ler essas suas histórias.

— Quando eu terminar eu te mostro. — Garantiu docemente.

Guardei o carro na garagem e subi com ela para o quarto andar. Abri a porta a deixando entrar primeiro.

— Quando você me disse que morava sozinho imaginei uma leve desorganização. Mas isso aqui é surpreendente impecável. — Elogiou me fazendo sorrir.

— Confesso que dona Katiane, a minha diarista, tem uma grande contribuição nisso.

Ela sorriu me olhando e observou a estante de livros. Se aproximou curiosa e observou livro por livro.

— Se quiser pegar algum sinta-se à vontade!

— Quero sua estante inteira. — Respondeu entretida.

Ri a deixando com os livros e fui buscar o brigadeiro na cozinha. Depois sentei no sofá e pesquisei no catálogo a série que iríamos ver.

— Qual temporada você quer assistir?

As Últimas Flores De SetembroOnde histórias criam vida. Descubra agora