Encontrando o coração

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Sentei na cama e reuni toda a coragem que eu tinha. Meu coração estava tão pequeno no peito, eu sinceramente não queria ter que contar o que estava acontecendo para os meus pais. Mas era preciso.

Com as mãos trêmulas peguei o celular. Senti náuseas. Por um segundo senti até uma fisgada no estômago. Entretanto me manti forte. Procurei o contato do meu pai. Liguei.

Dois toques depois ele me atendeu:

"— Jujuba! Eu estava pensando em você agora, meu amor!" — Atendeu animado do outro lado e eu apertei meus lábios.

"— Pai! Eu... Eu preciso falar com o senhor..." — Falei com a voz embargada.

"— Eu preciso falar com você antes. Sua mãe está saindo da cirurgia agora. Graças à Deus ocorreu tudo bem e puderam reparar à válvula do coração dela."

"— Espera! O quê? Minha mãe fez a cirurgia? Por que não me contaram antes? Meu Deus do céu! Ela está bem? Como foi?"

"— Calma, está tudo bem. Ela já vai ser transferida para o quarto. O coração da mulher que eu amo está consertado agora. Eu não podia estar mais feliz." — Falou entusiasmado e as lágrimas que eu tentava segurar derramaram como uma cachoeira. "— Está chorando, Jujuba? Desculpa não termos de contado, sua mãe não quis te preocupar. Sabe como ela é. Eu até tentei argumentar, mas agora está tudo bem."

"— Graças a Deus, pai!" — Murmurei emocionada.

"— Sim, muitas graças à Ele. Agora me diz, o que tinha para me contar?"

"— Não... Não é nada."

"— Mas não ligou para..."

"— Eu apenas queria saber como estavam." — Menti o interrompendo. "— Cuida bem da nossa Matilde!"

"— Eu vou cuidar, não se preocupe."

"— Eu amo vocês!"

"— E nós te amamos, Jujuba!"

Desliguei a ligação e abracei a minha boneca Duda. As lágrimas caíam sem cerimônia. Finalmente o coração da minha mãe estava bem. Eu só queria poder abraçá-la. Só queria poder comemorar com ela essa linda vitória.

— Ju? Aconteceu alguma coisa? Está sentindo dor? — Leo entrou como um furacão no meu quarto.

— Ah meu Deus, vou ligar para o Bernardo! — Arthur disse logo atrás já tirando o celular do bolso.

— Eu estou bem, gente. Calma! — Pedi e os dois me encararam confusos.

— Contou para os seus pais? — Leo questionou preocupado.

— Tentei, mas não tive coragem. Acabei de descobrir que minha mãe está no pós operatório. Fez a cirurgia de reparação no coração e não me contou nada para não me preocupar.

— Mas que danadinha dona Matilde! — Arthur zombou me fazendo sorrir.

— Tal mãe tal filha. — Leo comentou e segurou a minha mão. — Agora não tem mais desculpa para você não contar para eles.

— Eu sei. Eu vou contar, mas vou esperar ela se recuperar primeiro. Além do mais, agora é um momento de alegria para eles. Eu não posso estragar isso. — Respondi com a voz vacilante e apertei Duda no meu peito.

Eu contaria sim. Mas depois.

***

Conversei com Luana à tarde toda por mensagens. Ela estava muito tristinha e eu me comprometi em passar a manhã toda seguinte ao seu lado.

As Últimas Flores De SetembroOnde histórias criam vida. Descubra agora