Primavera Coreana

AQUELE OLHAR...

Após horas de voo, Anne finalmente estava em solo coreano. Havia chegado em seu novo local de trabalho. Seria temporário, mas seria sua nova moradia. Durante as quase 24 horas de viagem, tentou de tudo para descansar. Ler, escutar músicas, assistir filmes. Até uma volta pelo bar do avião. Esse era um dos benefícios de se viajar à trabalho. Sua empresa não economizava. Anne viajou de classe executiva. E ela aproveitava todos os mimos que poderia usufruir.

Após pousar no Aeroporto Internacional de Incheon, sentiu que sua ansiedade batia na porta, e estava louca para entrar. Enquanto se encaminhava para a imigração, lembrava dos exercícios de respiração que aprendeu com a Dr. Selma, em uma de suas muitas consultas. Assim poderia se acalmar e o monstro "ansiedade" iria se dissipando. Ao apresentar toda a documentação e receber um "ok" do rapaz que conferia tudo, Anne seguiu para o local de retirada de suas bagagens.

Enquanto esperava pela mala, seu pensamento mais que acelerado imaginava mil coisas ao mesmo tempo. Como seria sua estadia em Seul? Como seria seus colegas de trabalho? Será que teria problemas em comunicar-se? Seria bem tratada? Eram tantas dúvidas que não percebeu que aos poucos, os passageiros de seu voo iam pegando as malas um a um. Muito menos percebeu também que um pequeno grupo se aproximava da esteira ao lado, em busca de suas malas também. Quando Anne se deu conta estava ela, e cerca de 5 pessoas de seu voo.

A jovem percebeu que estava parada há minutos no mesmo lugar. As vezes seus pensamentos a levava para um local desconhecido, e quando se dava conta, havia perdido tudo que estava fazendo, tendo que começar do zero, ou pior pedi para a pessoa com quem conversava, repetir o que acabou de ser dito, já que Anne tinha literalmente "viajado". Enquanto corria para alcançar suas malas na esteira, o grupo que havia chegado esperava pelas malas do voo que havia acabado de pousar do Japão.

Anne finalmente alcançou as malas e enquanto colocava-as no carrinho correu os olhos em volta. Ficou paralisada. Olhava em direção ao grupo que aguardava na esteira ao lado e percebeu na hora. Eram Idols. Mas quem? Ainda não conseguia identificar. Ela se virou e abaixou perto da mala. Com desculpa que estava arrumando a mala. Observou melhor o grupo à sua frente. Quase precisou recorrer aos exercícios de respiração novamente quando reconheceu um deles. Suho. O líder do grupo EXO. Mas o que eles estavam fazendo ali? Eram Idols, staffs poderiam muito bem ter retirado as bagagens e eles a essa altura, estariam em um carro a caminho de casa, sem alvoroço. Anne era fã de Kpop e sabia que lá na Coreia as coisas poderiam ser bem intensas na relação fã - Idol. Um a um foi reconhecendo: Além de Suho, reconheceu Kai, Chanyeol, Chen, Baekhyun. Contou novamente, cinco. Sabia que dois deles estavam em serviço militar, e um na China, então estava faltando alguém. Era ele. O rapaz de olhar triste de seu card: Sehun. Anne apertou seu celular e olhou para o card, como se quisesse ter certeza que ele estava ali. Procurou em volta e nada. Ele não estava com o grupo.

Anne não tinha mais desculpas para ficar abaixada, precisava sair dali, ou eles poderiam pensar que ela era uma fã. Mas calma, ela era!!! Mas uma fã que não poderia dar xilique na frente de seus ídolos. Então calmamente, ela saiu empurrando seu carrinho em direção a saída. Acabou parando para que um casal de idosos fosse na frente, e se virou para olhar novamente os meninos do EXO. Mas seus olhos foram ao encontro com Suho. O líder a olhava também. Anne sustentou o olhar. Nem ela, nem Suho desviaram. Ela ficou hipnotizada. Era possível aquilo está acontecendo? Sua mente começou a acelerar a 200 mil pensamentos por minutos. Suho estava usando máscara branca, mas para uma fã de Exo, era fácil reconhece-lo. Aos poucos o grupo ia saindo um a um, mas Suho continuava parado, olhando fixamente para Anne.

Como se um estalo a acordasse do transe, Anne desviou o olhar e seguiu seu caminho. Suas pernas estavam bambas. Empurrava o carinho com muita dificuldade. O que havia acabado de acontecer? Nem pisou na Coreia, e trocou olhares com um Idol? Muito Fanfic!!! Anne, foi em direção a saída, pensando em como aquilo havia acontecido. Mas não sem antes olhar novamente para trás. E lá estava ele. Agora sem a máscara. Ainda olhava Anne. Mas seu olhar parecia triste. Como o olhar do rapaz do card. Anne não pensou duas vezes. Sorriu. E o olhar triste, se iluminou. Ele sorriu de volta. Anne teve a porta automática fechada em suas costas, enquanto caminhava em direção a saída.

Sua estadia começava muito bem em Seul. Muito bem...

***

Após o susto em Osaka, finalmente voltavam para a Coreia. Todos pareciam abatidos. Não pelo cansaço dos shows, mas sim pelo que havia acontecido com Sehun. A assessoria da empresa conseguiu convencer todos de que Sehun estava com uma gripe muito forte, devido a sua baixa imunidade, por isso havia dado entrada no hospital e por essa razão não voltaria para Coreia com o grupo.

Junmyeon era o mais preocupado. O líder se aconselhou com Xiumin e chorou com o amigo ao telefone, contando o que havia acontecido com o maknae. Suho se culpava por não ter notado os sinais. Sehun não estava bem, e ele como líder deveria ter percebido.

O voo até a Coreia foi silencioso. Nenhum deles conversou muito. Todos estavam preocupados. Ao pisarem em Incheon, estavam tão absortos em pensamentos, que nem se deram conta que os mesmos foram retirar as malas nas esteiras. Sorte que havia pousado apenas um voo. Eles precisariam ser rápidos, antes que o local ficasse cheio novamente. Foi quando Suho a notou. Ela parecia estar um pouco atrapalhada com as malas. Era estrangeira. Olhou em direção ao painel, para ver de onde o voo havia chegado: Dubai. Os cabelos negros dela, ele não conseguia tirar os olhos. Foi quando ela o olhou. Ele sabia, ela o reconheceu. Ficou sustentando o olhar dela. Até que ela se virou e foi em direção à saída. Suho continuou olhando para aquela moça de cabelos negros. De onde seria ela? Foi quando ela se virou e Junmyeon viu o sorriso mais bonito. Ele sorriu de volta. Quando a portas por onde ela saiu se fechou, o idol teve a certeza que ela havia aparecido para iluminar a escuridão que insistia em pairar sobre ele.