VITÓRIA LINS
- Bom dia Dona Marta!
- Bom dia Srta. Lins - sou recepcionada com um sorriso largo pela gentil senhora.
- Pode me chamar de Vitória - o fato de ser chamada de Srta. Lins me deixava um tanto quanto incomodada.
- Apenas por questão de cordialidade, mas se prefere assim.
- Por favor! - digo fazendo uma leve careta que arranca um sorriso de Dona Marta.
Vou em direção à minha sala e assim que entro tiro meu salto que me incomodava - talvez seja um hábito que trouxe de casa, mas prefiro ficar descalça.
Dou de cara com uma pilha de documentos que deveriam ser organizados e prontamente começo a separá-los sob a mesa. Percebo que o espaço não seria suficiente e sento no carpete e organizo melhor no chão.
Sempre fui cheia de toques e gosto de organizar meus documentos de trabalho de uma maneira que consiga encontrá-lo com mais rapidez. De repente o telefone toca e preciso levantar - devia ter lembrado de não me sentar no chão, pois seria muito difícil levantar - o que me pede um esforço dobrado por conta das dores nas articulações.
- Oi - digo assim que consigo pegar o fone.
- Poderia passar pro seu chefe, por favor! - uma voz feminina e um tanto estridente ordena do outro lado da linha.
- Perdão senhora, mas deve ter ligado para o ramal errado. Gostaria de falar com quem?
- Eu sei que é da sala do Henri, não precisa mentir. Diga a ele que se não me atender vou pessoalmente e vai ser pior pra ele. - diz a mulher um tom mais alto e ameaçador.
- Creio que esteja havendo um engano, vou transferir sua ligação para a recep... - antes que possa terminar a frase ela desliga o telefone.
- Por nada querida! - bufo olhando para o telefone antes de colocar o fone no gancho.
Nem me dou o trabalho de passar o recado, pois não era da minha conta - apesar de ter ficado intrigada com a ligação.
Sento novamente no chão e continuo separando os documentos. Dessa vez deixo o telefone, minha bolsa e tudo que preciso ao meu alcance no meu lado. O alarme do meu celular toca avisando que está na hora de tomar meu medicamento - isso é algo constante que repito de 2 em 2 horas e tornou-se hábito.
Pego minha caixinha de comprimidos e minha garrafa de água quando ouço batidas na porta.
- Posso entrar? - aquela voz que me causa um arrepio inexplicável sempre que ouço.
- Hã?! Sim... eu acho... - fico sem reação ao perceber que estou no chão e não terei tempo de levantar.
- Bom dia Srta. Lins, vim verificar se sua cafet... Tá tudo bem? - ele interrompe a frase ao perceber que estou no chão, descalça e envolta de papéis.
- Sim, espero que não se incomode por estar no chão e não poder me levantar para cumprimentá-lo. - digo sem graça ao perceber a situação esdrúxula em que estou.
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Um Lobo em Minha Vida
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